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Revolta Indígena no Aldeamento de Iriritiba - Parte I (Benevente - 1742 / 1746)

A Revolta dos Índios da Aldeia de Iriritiba (Reritigba)
Por Alberto Lamego
Jornal do Comercio - 1950.

Muitos dos sucessos derramados no Brasil passaram despercebidos aos nossos historiadores que não tiveram oportunidade de investiga-los nos Arquivos de Marinha e Ultramar de Lisboa (Arquivo Colonial) que na época representava o papel de imprensa, onde em documentos oficiais se encontram todos os acontecimentos, nos tempos coloniais. Um deles, epigrafado acima, consta no mesmo Arquivo, onde pesquisamos por longos anos e que já descrevemos no 3.º Volume d' "A Terra Goitaca", obra esgotada e lida por um restrito numero de cultores do nosso passado historico, e entre estes Afonso Taunay que em carta assim se manifestou:

"... Chamou-me minha atenção o fato denunciado sobre a revolta dos Indios de Iriritiba. Que assunto para uma bela monografia • estudo da quéda da Companhia de Jesus, à vista dos novos documentos que o amigo divulga agora, inteiramente desconhecido".

Nos recentes trabalhos publicados sobre a "Historia do Estado do Espirito Santo" os seus autores guardam silencio sobre aquela revolta, que precisa ser divulgada para conhecimento da mocidade estudiosa.

No lugar onde hoje se ergue a cidade de Anchieta, outrora Benevente, existia a aludida aldeia estabelecida pelo veneravel P. Anchieta, maior evangelisador que pisou as nossas inhospitas floresetas, chamando ao gremio da civilisação, milhares de barbaros.

Depois de edificar a igreja sob a invocação de N. S. da Assunção e levantar uma ampla casa para habitação dos missionários e primeiros neofitos, se embrenhou pelas selvas à caça do gentio, que em copioso número, atraido pela sua palavra fascionadora e cativante doutrina que the ensinava, abandonou a vida errante e se foi estabelecendo ao redor do templo, dando assim origem à Aldeia de Irtritiba, uma das mais celebras e populosás do Brasil, à cargo da Companhia de Jesus como de costume, todos os anos, os missionários celebravam na Aldeia, com grande solenidade a festa de S. Miguel, que terminava sempre com deslumbrante procisão.

Em 29 de Setembro de 1742, tinham sido recolhidos os andores, quando houve entre os indios um grande alvoroto, que deu causa o seguinte fato: tenho o minorista Manuel Alves admoestado o indio Fernando Silva, por se ter portado de modo inconveniente na procissão, foi por éle agredido e em sua defesa, feriu-o "com um pau que apanhou na portaria.

O incidente causou grande indignação na aldeia e os animos não se acalmaram. muito embora fosse dali afastado aquele novico.

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