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Em entrevista ao Jornal Times Brasil, o especialista Roberto Dumas, professor do Insper, analisou o impacto do tarifaço de Donald Trump no desempenho das bolsas globais durante a semana, além do comportamento do dólar no mercado brasileiro em meio à guerra comercial entre EUA e China.

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Transcrição
00:00Apesar de uma semana mais curta por causa do feriado de hoje, não faltaram notícias para mexer com os ânimos do mercado.
00:06Aqui no Brasil, apesar da grande volatilidade, o índice Ibovespa acumulou alta de 1,54% na semana.
00:13Já o dólar caiu 1,14% no mesmo período.
00:17No cenário externo, os índices americanos Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 tiveram quedas entre 1,5% e 2% nos últimos quatro dias.
00:25Já as bolsas europeias e asiáticas conseguiram encerrar a semana com indicadores no campo positivo.
00:32Sobre os principais destaques da semana e as perspectivas, para a próxima, eu converso agora com o economista e professor do INSP, Roberto Dumas.
00:40Professor, boa noite. Seja muito bem-vindo ao Jornal Times Brasil.
00:44Boa noite, Marcelo. Prazer estar com vocês aqui.
00:47Bom, pelo menos aqui no Brasil, a gente pode dizer que foi uma semana mais positiva para os mercados?
00:52Veja, positiva é porque foi muito negativa nos mercados nos períodos anteriores.
01:01Não significa que o Brasil está nadando em plena, como é que a gente pode dizer, em plena puberância.
01:12Não é isso.
01:13Acontece que, além da nossa idiosincrasia, dos nossos problemas fiscais, nós temos problemas externos.
01:21Um dos problemas externos, por exemplo, como você mencionou, qual foram um dos mencionados assuntos do mercado internacional?
01:33Foi a conversa do Jeremy Powell, presidente do Federal Reserve, presidente do Banco Central norte-americano,
01:40falando que pretende olhar muito mais a inflação do que o crescimento econômico.
01:49Eu, na minha humilde opinião, acho isso acertado. Por quê?
01:54Porque, veja, o problema do crescimento econômico dos Estados Unidos é uma coisa que a gente chama de incerteza.
02:01Risco, como economista e financista, a gente corre.
02:06O que a gente não corre é incerteza.
02:10Incerteza não se traduz, não se ajuda com menor taxa de juros.
02:15Então, o Jeremy Powell falou, com essas tarifas, é bem provável, como a gente já tem falado há muito tempo,
02:23que a inflação dos Estados Unidos vai ficar mais alta e mais resiliente.
02:28Mais alta e mais resiliente deve, eventualmente, colocar a taxa de juros dos Estados Unidos mais alta por mais tempo.
02:40Mais alta por mais tempo, se, por um lado, ajuda no controle inflacionário,
02:48por outro lado, o mercado financeiro entende que isso pode prejudicar o crescimento econômico.
02:55Porque, como nós dissemos, incerteza é um fator absolutamente inescrupuloso em relação ao crescimento econômico.
03:04Por exemplo, se eu sei que a taxa de tarifa vai ser de 25%, 40%, 45%, 50%, 125%,
03:14eu sei fazer o meu plano de negócio.
03:17Agora, eu não sei se vai ser 50% ou 145%.
03:20Então, meu plano de negócio para.
03:23Então, meu investimento para.
03:24Meu consumo para.
03:27Consequentemente, o PIB acaba sentindo o efeito.
03:32E não vai ser a taxa de juros que vai eliminar essa incerteza.
03:38Então, quando o Federal Reserve, o Jeremy Powell, presidente do Federal Reserve,
03:42fala que provavelmente vai dar mais preferência para a taxa de juros,
03:47isso prejudica a moeda dos principais países emergentes, principalmente o Brasil.
03:53Por quê?
03:54Porque o Banco Central Norte-Americano, ele tem um mandato duplo.
03:59Ele precisa cuidar da taxa de inflação e do crescimento econômico.
04:04É um paradoxo.
04:07Porque se você cresce demais por causa de demanda, você precisa reduzir a demanda via taxa de juros.
04:14Então, ele está falando o seguinte, nós vamos subir juros para controlar a inflação.
04:19Aí o mercado entendeu que se você subir juros ou manter os juros ou reduzir os juros menor do que a gente estava esperando,
04:30isso vai trazer um prejuízo para o crescimento econômico norte-americano.
04:36O que é verdade.
04:38Esse foi o primeiro fator do governo dos Estados Unidos dessa semana.
04:46O segundo fator que ele jogou foi que os Estados Unidos colocaram uma tarifa de 145%,
04:54falaram que era 245%, mas na realidade era 145%, porque o 100% já estava atrelado.
05:02Isso prejudica mais ainda a inflação dos Estados Unidos e o controle inflacionário.
05:08E se a taxa de juros for mais alta nos Estados Unidos, prejudica o meu câmbio.
05:14Então, eu não vejo o câmbio jogando já para onde me impacta e parando com o economês.
05:21Eu não vejo o meu câmbio voltando para 5,40, 5,50.
05:27Eu vejo o meu câmbio subindo para 5,90 e, quiçá, 6, 6,10.
05:32Dada a idiosincrasia brasileira, do problema fiscal, o déficit fiscal e também o problema externo.
05:45Então, você tem dois fatores aí.
05:48Um, vai cair a taxa de juros nos Estados Unidos?
05:51Provavelmente, não.
05:53Junto com a minha idiosincrasia brasileira de risco fiscal,
05:58tome câmbio a 5,90, que prejudica mais ainda a minha inflação
06:02e, provavelmente, a redução da taxa Selic, Marcelo.
06:07Vai demorar mais tempo do que a gente esperava.
06:11Agora, professor, o senhor estava falando aí de incerteza, né?
06:13A gente viu recentemente agora, ainda ontem, o presidente americano, Donald Trump,
06:18ameaçando demitir o presidente do Federal Reserve.
06:21Isso é algo que, até pouco tempo atrás, seria impensável nos Estados Unidos
06:25e já tem muita gente prevendo que, se isso, de fato, acontecer,
06:28vai ser mais uma onda de incerteza na economia americana, não?
06:31Veja, demitir ele não pode até 2026.
06:36Em 2026 ele pode.
06:38Quando vence o contrato do Jeremy Powell,
06:42porque é o Banco Central independente
06:46e o Congresso e o Senado têm que admitir.
06:50Aí, o risco é que você coloque um Banco Central mais dovish.
06:56O que é que a gente quer dizer mais dovish?
06:58Mais voltado para controle do crescimento econômico do que a inflação.
07:05Isso não ajuda os mercados financeiros,
07:09porque os Estados Unidos têm uma pegada
07:13que é justamente tirar o dólar como moeda supremacia.
07:20O dólar como moeda supremacia veio justamente com o acordo de Bretton Woods
07:25e o plano Marshall, lá em 1940, etc.
07:30Veja, se você quiser fazer isso,
07:33como conta corrente, conta capital tem que dar zero do balanço de pagamentos,
07:38os outros países, como manipulam suas moedas
07:43e usam políticas macroeconômicas para adotarem o superávit de conta corrente,
07:49eles usam o excedente desse recurso para investir no título norte-americano.
07:54Por isso que a conta capital do balanço de pagamentos dos Estados Unidos é positiva.
08:00Por isso que a taxa de juros fica sempre baixa.
08:03Hoje em dia, você vê que muitos países estão vendendo títulos norte-americanos.
08:10Por isso que a curva de juros começa a aumentar.
08:14Então, Donald Trump, é importante você entender o que você quer.
08:18tirar o dólar como supremacia,
08:23porque isso acaba fazendo com que você tenha mais dívida externa,
08:28porque os outros países, ao manipular as suas moedas,
08:32não tem outro lugar para investir,
08:34a não ser no mercado financeiro internacional dos Estados Unidos,
08:40faz com que os Estados Unidos tenham um déficit em conta corrente.
08:43E se você deixar um presidente do Banco Central mais prono,
08:51mais voltado para a inflação,
08:53a taxa de juros deve cair mais esperado do que a gente esperava.
08:57E isso gera mais inflação, mais incerteza.
09:03Isso não é bom para os Estados Unidos.
09:06E não é bom para o país como um todo.
09:09E não é bom para a economia mundial.
09:11Então, resumindo, o que nós estamos vendo,
09:15independente dos Estados Unidos ou do presidente Donald Trump
09:19querer fazer um Banco Central mais dovish,
09:25mais voltado para controle, menos controle inflacionário.
09:29Nós estamos vendo, provavelmente,
09:32um país ou um mundo com inflação mais alta
09:35e taxa de juros mais alta e um crescimento mundial menor
09:40nos próximos anos com a política de Donald Trump.
09:43Professor, a OMC está prevendo que, se essa guerra comercial não parar,
09:48pode haver uma queda de até 1,5% no comércio internacional.
09:52É um número bastante expressivo, não é?
09:55Veja, é aquilo que nós comentamos.
09:58Você não consegue controlar
10:00e trazer empresas internacionais ou norte-americanas
10:07de volta para o país dos Estados Unidos.
10:11Você tem uma intempéria aí, você tem uma incerteza.
10:14Você sabe que, para trazer uma empresa,
10:17ou para trazer uma empresa, ou para qualquer clorefílico valha,
10:20você demora de três, quatro, cinco anos
10:23até fazer o seu plano de negócio e determinar.
10:26Olha, essa empresa vai dar lucro.
10:30Então, os Estados Unidos acham que, ao colocar essas tarifas,
10:35ele vai trazer as empresas,
10:37que seja dos Estados Unidos ou internacionais,
10:42para investir nos Estados Unidos.
10:44Isso não acontece de três a cinco meses,
10:46de seis meses, um ano.
10:49Demora de dois a três anos.
10:51Então, você vai continuar dependendo
10:53desses insumos internacionais.
10:56Se você continua a depender desses insumos internacionais,
11:00o comércio internacional diminui.
11:03O comércio internacional diminui junto com mais inflação.
11:08Junto com mais inflação,
11:10mais taxa de juros ao redor do mundo.
11:13Então, é natural que a gente espera
11:15um crescimento menor do mundo
11:18e um crescimento menor do comércio internacional,
11:22dada a política de Trump.
11:24Não estou dizendo que a política de Trump está errada ou está certa.
11:29Eu estou dizendo os efeitos que ela vai trazer no curto prazo.
11:33Mas, no longo prazo, ela está correta.
11:36Veja, se você pensar, por um lado,
11:39de que existe um privilégio exorbitante do dólar,
11:44que Donald Trump já falou,
11:46isso é um burden,
11:49ou um peso que ele tem que aguentar,
11:52porque muita gente investe nos Estados Unidos
11:55e, consequentemente, por dicotomia,
11:59você tem déficit na balança comercial,
12:02a gente quer que você use outra moeda.
12:06Entendi.
12:07Mas como é que você chega no meio do caminho
12:10e fala que se tivermos uma moeda,
12:12que eu acho um absurdo,
12:14diga-se de passagem,
12:15uma moeda única para transações comerciais dos BRICS,
12:21junto com o Irã e com a Libra Egípcia e com o Birretilp,
12:28você vai tributar em 100%.
12:30Trump, decida-se.
12:32Você quer que o dólar continue sendo a moeda supremacia
12:35ou você não quer ter esse privilégio exorbitante?
12:40Esse privilégio exorbitante faz com que os países
12:44invistam nos Estados Unidos.
12:47Conta capital positiva,
12:50por dicotomia, conta corrente negativa.
12:54Você não quer mais ter déficits nas contas externas.
12:58Ora, então você vai permitir que os países
13:01não invistam mais no seu país,
13:05que é aquilo que ele quer.
13:06Mas parece que ele está meio confuso
13:08ou a política dele ou os assessores
13:12estão meio confusos
13:14em relação ao conhecimento
13:16de contabilidade macroeconômica básica, Marcelo.
13:20Está certo.
13:21Professor Roberto Dumas,
13:22muito obrigado pela sua participação
13:23hoje no Jornal Times Brasil.
13:25Boa noite e boa Páscoa.
13:27Boa noite, obrigado.
13:28Um abraço a todos.
13:29Um abraço.

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