Um descalabro incrível na Administração Florentino Avidos(1928)

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Um descalabro incrível na Administração Florentino Avidos (1928).

Diario Carioca (RJ) - 1928 a 1929
QUARTA-FEIRA, 29 DE AGOSTO DE 1928.

Quasi duzentos mil contos desbaratou em quatro annos o Sr. Florentino Avidos, em liberalidades e "comidas" á sombra de obras mal feitas e não acabadas.

Já mostramos aqul os motivos pelos quaes está entravada a candidatura senatorial do sr. Florentino Avidos, ex-presidente do Espirito Santo. Referimo-nos à sua inhabilidade politica, com a qual desgostára profundamente a todos os politicos do Estado, no ponto de não poder ser candidato indicado pela commissão executiva do partido situacionista, se a questão for aberta pelo actual presidente, sr. Aristheu de Aguiar.
Mas outras razões bem mais graves, attinentes á sua administração, se allegam agora contra s.ex., tornando-o moralmente incompativel para representar aquella terra no Monroe, se e que para tanto lá se exigem os requisitos de honorabilidade.
Trata-se, com effeito, de coisas espantosas, que o sr. Aristheu está procurando concertar, a medida do possivel, com esforços inauditos e com verdadeiro assombro.

O caso das passagens graciosas, por exemplo, attingiu as proporções de um descalabro. Só no ultimo anno de gestão do sr. Avidos, foram dados passes de "meia cara" nos trens da Leopoldina, por conta do governo, no valor de mais de mil contos de réis.
Mandava concedel-os até uma senhora d. Mercedes, que, segundo nos informam, era a "Marqueza de Santos" capichaba e até se repimpava, ostensivamente, cheia de importancia, nos automoveis do palacio governamental.

Ha um officio da Leopoldina ao novo presidente, a respeito tão descompassada liberalidade, a cuja sombra se faziam negocios inconfesavels.
Para se ter uma idea disto, basta ver que o "Diario Official" do Estado annunciou ha pouco ter sido apprehendida, quando estava sendo negociada, uma das taes passagens gratuitas, fornecida no tempo do sr. Avidos.
Sobre este facto o sr. Aristheu ordenou que se instaurasse processo, afim de apurar as responsabilidades, resolvendo tambem suspender em absoluto o fornecimento de passes, que agora só são concedidos funccionarios publicos com o abatimento legal, e gratuitamente aos que viajarem a serviço do governo.

No tocante aos automovels officiaes, os abusos eram, por egual, innominaveis.
Não era só a "Marqueza de Santos" capichaba a passeante assidua nos carros de palacio. Quasi toda a gente do peito do sr. Avidos, tinha auto e gazolina por conta do Thesouro espiritosantense.
O sr. Aristheu tambem acabou com isso.
Agora, so ha um automovel para o presidente, que nelle sómente transita quando em serviço realmente official.
Em summa, com esses cortes, e com o corte de mais de setenta empregados inuteis com que o sr. Avidos empanturrou o funccionalismo, transbordando-o de filhotes e sinecuristas, o sr. Aristheu já conseguiu uma economia que orça por perto de trezentos contos mensaes.

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