• há 8 anos
Operação VIRIATO – Nanbuangongo
OPERAÇÃO VIRIATO
A conquista de Nambuangongo
Angola 1961
A vila de Nambuangongo, localizada num planalto a cerca de 200 quilómetros de
Luanda, está transformada no quartel-general da União dos Povos _de Angola (UPA) -
o movimento independentista de Holden Roberto que, em 15 de Março, levou ao
massacre de colonos e de trabalhadores bailundos por todo o Norte de Angola, A
resposta militar é lenta. Apenas em finais de Abril, o pequeno contingente da província,
calculado em 1.500 militares, começa a ser reforçado com tropas enviadas da
metrópole. A partir de Nambuangongo, a guerrilha domina as povoações mais próximas
e ameaça outras mais distantes como Ambriz, Carmona e até mesmo Luanda.
Os colonos que conseguem escapar aos massacres deixam o Norte. A maior parte das
fazendas fica ao abandono. A época das chuvas está a terminar. Os meses do cacimbo
costumavam anunciar os carregamentos de café para o porto de Luanda - um dos mais
prósperos negócios da colónia, para cima de dois milhões de contos por colheita. Este
ano, porém, será diferente. É a guerra. O governador da província, Silva Tavares, e o
comandante-chefe, general Libório Monteiro, respondem como podem - e, na verdade,
podem muito pouco: a reocupação do Norte não é possível com tão escasso contingente
militar disponível e ainda por cima mal distribuído. Os guerrilheiros dominam uma
vasta região desde as margens do Rio Zaire até ao Sul dos Dembos. Mas os
comunicados oficiais publicados pelos jornais de Luanda dizem o contrário: "A situação
encontra-se inteiramente sob o domínio das autoridades".
"Mas que estucha, Botelho!"
O ministro da Defesa, general Júlio Botelho Moniz, tem em marcha um golpe de
Estado. Pretende substituir Salazar por Marcelo Caetano para "modernizar" o regime e,
sobretudo, encontrar uma solução para as colónias. A conspiração é abafada ainda antes
de eclodir, mais por inépcia dos golpistas do que por mérito dos fiéis salazaristas.
Botelho Moniz entende que deve dar uma oportunidade ao Presidente da República,
almirante Américo Tomás, para demitir Salazar - e assim evitaria todos os incómodos
de um golpe. Pede para ser recebido.
Moniz e Tomás eram amigos. Em privado, tratavam-se por 'tu', desde que se
conheceram jovens cadetes na Escola de Guerra. O ministro da Defesa diz ao Presidente
que tem um dia para demitir Salazar - caso contrário, levaria por diante um golpe de
Estado de consequências imprevisíveis. Tomás, afundado no maple, escuta-o em
pânico. Bate com as mãos nos joelhos - e desabafa alarmado: "Mas que estucha,
Botelho!".
Mal o general abandona o Palácio de Belém, o Presidente da República corre para o
telefone e põe Salazar ao corrente. O chefe do Governo não perde tempo: demite
Botelho Moniz e assume a pasta da Defesa Nacional. Num discurso transmitido pela
rádio e televisão, em 13 de Abril de 1961, Salazar explica as mexidas no Governo. A
mudança, diz, justifica-se com uma única palavra - e essa palavra é Angola.

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