B1 - MOÇAMBIQUE POR DETRÁS DAS GRADES, ANTES E DEPOIS DA INDEPENDÊNCIA. Entrevista com o Capitão dos GEP Luis Fernandes.
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"A verdade é inconvertível;
a malícia pode atacá-la,
a ignorância pode zombar dela,
mas no fim, lá está ela...".
Winston Churchill
No curso do processo de descolonização português o Movimento das Forças Armadas (MFA) constituído em sua grande maioria por capitães que planejaram e executaram o golpe que derrubaria o regime então liderado por Marcelo Caetano, em Abril de 1974 , instrumentalizado posteriormente à feição de verdadeira nomenklatura, promoveu nas terras ultramarinas de então ao desbaratamento do que se opusesse à entrega dos referidos territórios a grupos de guerrilha que gravitavam na órbita da antiga União Soviética.
Em Moçambique o MFA, para alcançar este desiderato, perseguiu, prendeu e entregou outros militares portugueses às forças da Frelimo, o movimento de guerrilha a quem se outorgaria a condução dos destinos daquele país. Estes prisioneiros portugueses foram depois recambiados para campos de concentração sob o controle da Frelimo, e ali submetidos a todo o tipo de maus tratos, nomeadamente a trabalhos forçados.
A entrevista que aqui se publica foi por mim conduzida e rememora as agruras de um oficial português, capitão GEP Luis Fernandes, que foi entregue por camaradas de farda, pertencentes ao MFA, nas mãos de carcereiros da Frelimo, tendo passado dois anos como prisioneiro em campos de concentração moçambicanos.
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Por Carlos Didier (Delegação Lisboa / Portugal, de "O Século de Joanesburgo", 19/04/1976).
Andava eu, algures, por terras do Algarve, cumprindo o meu roteiro profissional, quando por felicidade inesperada encontrei um velho Amigo e Camarada – o termo é militar – que supunha irremediavelmente perdido pelas latitudes tropicais de Moçambique, nos campos de concentração da Frelimo, malgrado as afirmações peremptórias do ministro Vitor Crespo , a 7 de Dezembro do ano de 1975, negando a existência de prisioneiros portugueses em Moçambique.
Recordo-me da última vez que nos abraçámos. Foi no Hospital Militar de Lourenço Marques, onde, em circunstâncias diferentes nos encontrávamos. Eu com baixa e ele de consulta, mas cercado por antigos companheiros de armas como se de um criminoso se tratasse.
Luís Fernandes, capitão miliciano dos GEP, era uma das muitas vítimas imoladas no holocausto da descolonização. Mas deixemos que seja o próprio Luís Fernandes a fazer-nos o relato.
DETIDO COM APARATO EM LOURENÇO MARQUES
Carlos Didier – Quando e onde se deu a detenção que se prolongou num cativeiro de 16 meses?
Cap. Luís Fernandes – Foi em Lourenço Marques e no Hotel Polana, em 18 de Outubro de 1974. A detenção foi efectuada por dois capitães do Exército Português, que se encontravam acompanhados por cerca de quinze miltares da Polícia Militar (P.M.).
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"A verdade é inconvertível;
a malícia pode atacá-la,
a ignorância pode zombar dela,
mas no fim, lá está ela...".
Winston Churchill
No curso do processo de descolonização português o Movimento das Forças Armadas (MFA) constituído em sua grande maioria por capitães que planejaram e executaram o golpe que derrubaria o regime então liderado por Marcelo Caetano, em Abril de 1974 , instrumentalizado posteriormente à feição de verdadeira nomenklatura, promoveu nas terras ultramarinas de então ao desbaratamento do que se opusesse à entrega dos referidos territórios a grupos de guerrilha que gravitavam na órbita da antiga União Soviética.
Em Moçambique o MFA, para alcançar este desiderato, perseguiu, prendeu e entregou outros militares portugueses às forças da Frelimo, o movimento de guerrilha a quem se outorgaria a condução dos destinos daquele país. Estes prisioneiros portugueses foram depois recambiados para campos de concentração sob o controle da Frelimo, e ali submetidos a todo o tipo de maus tratos, nomeadamente a trabalhos forçados.
A entrevista que aqui se publica foi por mim conduzida e rememora as agruras de um oficial português, capitão GEP Luis Fernandes, que foi entregue por camaradas de farda, pertencentes ao MFA, nas mãos de carcereiros da Frelimo, tendo passado dois anos como prisioneiro em campos de concentração moçambicanos.
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Por Carlos Didier (Delegação Lisboa / Portugal, de "O Século de Joanesburgo", 19/04/1976).
Andava eu, algures, por terras do Algarve, cumprindo o meu roteiro profissional, quando por felicidade inesperada encontrei um velho Amigo e Camarada – o termo é militar – que supunha irremediavelmente perdido pelas latitudes tropicais de Moçambique, nos campos de concentração da Frelimo, malgrado as afirmações peremptórias do ministro Vitor Crespo , a 7 de Dezembro do ano de 1975, negando a existência de prisioneiros portugueses em Moçambique.
Recordo-me da última vez que nos abraçámos. Foi no Hospital Militar de Lourenço Marques, onde, em circunstâncias diferentes nos encontrávamos. Eu com baixa e ele de consulta, mas cercado por antigos companheiros de armas como se de um criminoso se tratasse.
Luís Fernandes, capitão miliciano dos GEP, era uma das muitas vítimas imoladas no holocausto da descolonização. Mas deixemos que seja o próprio Luís Fernandes a fazer-nos o relato.
DETIDO COM APARATO EM LOURENÇO MARQUES
Carlos Didier – Quando e onde se deu a detenção que se prolongou num cativeiro de 16 meses?
Cap. Luís Fernandes – Foi em Lourenço Marques e no Hotel Polana, em 18 de Outubro de 1974. A detenção foi efectuada por dois capitães do Exército Português, que se encontravam acompanhados por cerca de quinze miltares da Polícia Militar (P.M.).
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