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Navegação do Rio Doce (Francisco Manuel da Cunha - 1811)
Francisco Manuel da Cunha.
Memória Sobre a Navegação do Rio Doce, apresentada por... ao Conde de
Linhares. In. Publicações do Arquivo Público Nacional, IV, Rio de Janeiro: 1903.

MEMORIA SOBRE A Navegação do rio Doce, apresentada por Francisco Manoel da Cunha ao Conde de Linhares-Orig.

Illustrissimo Excellentissimo Senhor.

Não marchar a grandeza senão pelo caminho do merecimento, disputada pelo seus serviços, e suas virtudes; olhar a grandeza com huma nobre, e pacifica indefferença; esperala sem a buscar; ser tão magnanimo, que a desprese quando ella custasse hum crime; amar, antes ser grande por si mesmo do que por seus titulos; ser honrado com a Confiança do Primeiro Principe do Universo, depois de haver brilhado nas Cortes Estrangeiras, não como Ministro e Plenipotenciario, mas sim com o Caracter da Magestade Mesma, que o tinha enviado; pesar as forças respectivas dos Estados, discutir os interesses dos Soberanos Estrangeiros, estudar suas pretenções, observar suas rivalidades, levantar o véo, que encobre a Politica dos Gabinetes, possuir a fundo os costumes, o caracter, o genio das Nações, os talentos' e a capacidade dos particulares distinguidos em cada estado; decidir sabia e prudentemente em hum golpe de vista infallivel, das Finanças, da Guerra, da Marinha, Justiça, Religião, Prerogativas dos Cargos, e Direitos do Soberano: Eis aqui Ilmo, Exmo. Senhor os Sinaes Caracteristicos, que distinguem a V. Ex.: eis aqui o justo elogio, que consagrão a V. Exa. todos aquelles, que amão o Estado, e a Nação. Tal como apparecem na ordem da Literatura esses genios superiores ao homem de espirito, bem como o homem de espirito hé superior ao povo; estes homens cujo imaginação viva, fecunda e elevada formão reflexões delicadas, rasgos brilhantes, o grande, o tocante, o sublime, que arebata, e transporta: assim na ordem das Intelligencias destinadas a manejarem as molas dos Estados, appareceo V. Exa.

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