Guarapari tem areias que curam, belezas que prendem (O Mundo Ilustrado - 1960)
O Mundo Ilustrado (RJ) - 1930 a 1963.
NOSSOS amigos guaranis, que tinham a mania de designar as coisas coloridamente, tiveram para Guarapari uma triste inspiração: guara quer dizer pássaros de penas pretas, e pari quer dizer laço, armadilha...
Temos assim que «guarapari» ou «guaraparim» era mesmo pouso de urubu prêto caído em alçapão de índio. É um pouco triste essa explicação, mas é verdadeira.
Hoje, dêsses urubus não temos mais notícia porque de 1585 data de sua fundação até agora, as coisas se modificaram grandemente.
A princípio a localidade se chamava «Aldeia dos índios», mas logo depois a eufonia do termo «guarapari», embora de significação tão feia ganhou terreno e ninguém mais esqueceu seu nome.
Dizem que Anchieta foi um de seus primeiros habitantes; pelo menos é certo de que os padres da Companhia de Jesus por lá andaram desde as primeiras horas de nossa descoberta, e em 1677 o então donatário da Capitania do Espírito Santo, Dom Francisco Gil de Araujo fêz ampliar a antiga capela de- dicada por Anchieta à Santa Ana, dedicando-a então a Nossa Senhora da Conceição.
Em 1679, foi Guarapari elevada à categoria de vila e recebeu foros de cidade em setembro de 1891 (já três anos antes, contam as crônicas, possuia telégrafo local).
DESDE então a cidade vem crescendo, urbanizando-se e perdendo mesmo algumas de suas características principais em graça e pitoresco.
A desculpa de progresso tem sido invocada para al- gumas iniciativas que não correspondem, absolutamente, ao espírito da cidade: os arranhas-céus fazem sua estrada triunfal, barrando o vento do mar, concentrando as populações em redor de um núcleo equivocado, dificultando a circulação da cidade, enfeiando sua orla marítima.
Guarapari está situada sôbre um promontório, cortada pelo rio Guara- pari e ligada a Vitória por uma ponte. Estava a exigir pela sua curiosa geografia, uma urbanização inteligente que transformasse o antigo arruamento da Aldeia dos indios numa cidade balneária, moderna.
Entretanto, essa transformação, como acontece com quase todas as lindas cidades brasileiras do litoral, não soube encontrar sua saída natural, sua urbanização inteligente.
O Mundo Ilustrado (RJ) - 1930 a 1963.
NOSSOS amigos guaranis, que tinham a mania de designar as coisas coloridamente, tiveram para Guarapari uma triste inspiração: guara quer dizer pássaros de penas pretas, e pari quer dizer laço, armadilha...
Temos assim que «guarapari» ou «guaraparim» era mesmo pouso de urubu prêto caído em alçapão de índio. É um pouco triste essa explicação, mas é verdadeira.
Hoje, dêsses urubus não temos mais notícia porque de 1585 data de sua fundação até agora, as coisas se modificaram grandemente.
A princípio a localidade se chamava «Aldeia dos índios», mas logo depois a eufonia do termo «guarapari», embora de significação tão feia ganhou terreno e ninguém mais esqueceu seu nome.
Dizem que Anchieta foi um de seus primeiros habitantes; pelo menos é certo de que os padres da Companhia de Jesus por lá andaram desde as primeiras horas de nossa descoberta, e em 1677 o então donatário da Capitania do Espírito Santo, Dom Francisco Gil de Araujo fêz ampliar a antiga capela de- dicada por Anchieta à Santa Ana, dedicando-a então a Nossa Senhora da Conceição.
Em 1679, foi Guarapari elevada à categoria de vila e recebeu foros de cidade em setembro de 1891 (já três anos antes, contam as crônicas, possuia telégrafo local).
DESDE então a cidade vem crescendo, urbanizando-se e perdendo mesmo algumas de suas características principais em graça e pitoresco.
A desculpa de progresso tem sido invocada para al- gumas iniciativas que não correspondem, absolutamente, ao espírito da cidade: os arranhas-céus fazem sua estrada triunfal, barrando o vento do mar, concentrando as populações em redor de um núcleo equivocado, dificultando a circulação da cidade, enfeiando sua orla marítima.
Guarapari está situada sôbre um promontório, cortada pelo rio Guara- pari e ligada a Vitória por uma ponte. Estava a exigir pela sua curiosa geografia, uma urbanização inteligente que transformasse o antigo arruamento da Aldeia dos indios numa cidade balneária, moderna.
Entretanto, essa transformação, como acontece com quase todas as lindas cidades brasileiras do litoral, não soube encontrar sua saída natural, sua urbanização inteligente.
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