Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • hoje
A Jovem Pan vai deixar você ligado na tomada - com o podcast mais eletrizante do mercado - para um debate com os maiores craques da indústria automotiva, executivos e pilotos.

Podcast "Ligados na Tomada", todos os sábados, ao meio-dia, na TV Jovem Pan News, YouTube e Panflix.

Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/

Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews

Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp:
https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S

Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/

Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews

Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews

Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/

TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews

Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews

#JovemPan
#LigadosNaTomada

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Além de deixar você ligado na tomada, o programa dessa semana também vai colocar a mão na graxa com Gerson Borini, engenheiro, engenheiro mecânico que ficou na indústria automotiva por 30 anos e hoje é um autoentusiasta e também eletroentusiasta.
00:23É isso, né Gerson? Seja bem-vindo, meu amigo.
00:26Obrigado, Alex, novamente pelo convite. É um prazer estar com você aqui.
00:30Sim, nós somos, além de mão na graxa, somos elétricos também, né?
00:35Dentro do site autoentusiasta, que está virando um portal, nós temos também a sessão lá, eletroentusiastas, o site dos elétricos.
00:46Que legal, até porque a gente tem visto ultimamente, né Gerson, que o mundo está ligando na tomada, né? O mundo está literalmente ligado na tomada.
00:54E agora, uma curiosidade, sabe que as pautas elas surgem de maneira bem natural, né?
01:00E muitas vezes a gente muda até o nosso roteiro e numa conversa com meu amigo falávamos de uma publicação de 1895, chamada Autocar, né?
01:10Que falava do começo da indústria, quando os cavalos, aqueles cavalos de verdade, não a cavalagem do motor, mas aqueles cavalos saíram da frente do carro para dar lugar a um tipo diferente de tração.
01:24Foi isso, né?
01:24Foi isso mesmo, foi coincidência, né? A gente tinha marcado de vir conversar aqui hoje e coincidentemente, ontem, né? Dia 9 de março de 2025, o Paulo Manzano, que é o editor geral do site autoentusiastas, ele me publica uma coluna justamente contando sobre a revista Autocar, né?
01:47E essa revista, ela realmente, a primeira edição dela, que é a que você comentou, de 1895, ela fala do choque que estava sendo naquela época para a humanidade, né?
02:04Ver os cavalos saírem da frente das carroças e os carros começarem a ter a sua propulsão mecânica, né?
02:14E logo depois, até você comentou comigo hoje, e tem lá no Museu da Porsche, um Porsche de 1898, que era elétrico.
02:24Bem na entrada do Museu Stuttgart na Porsche, você já é impactado por isso, quando hoje a gente fala tanto de eletrificação.
02:31E na época, quem falar, não, essa eletrificação é coisa do presente, né?
02:35Não é coisa do passado, ao contrário, né?
02:37Começou lá atrás, mas acho que o grande impacto nessa época, né?
02:41Na revista Autocar, em 1895, era exatamente a saída dos cavalos, né?
02:47Daqueles dois cavalinhos da frente da carruagem.
02:50Impressionante como a indústria automotiva já foi impactada por vários fatores, né?
02:55Você que cuidou muito tempo disso, cuidando inclusive da suspensão dos carros lá da GM,
03:01você sabe o quanto a gente passou por algumas revoluções industriais, né?
03:06E tecnológicas dentro da indústria automotiva, até câmbio manual, câmbio automático,
03:11carros autônomos, a própria eletrificação, todo esse pacote de segurança,
03:17mas eu acho que aquele lado do começo deve ter impressionado muito as pessoas, né?
03:21Pararem de ver os carros à frente das carroças.
03:24Mas o que eu achei mais legal desse paralelo que o Paulo Manzano colocou ontem no Autoentusiastas
03:30foi justamente isso daí.
03:32Lá em 1895, final do século XIX, a população estava sendo impactada por isso, né?
03:39Está tirando a tração animal e passando a ser uma tração autônoma, vamos dizer assim, né?
03:45Na verdade, ela foi puxada até pela própria bicicleta, né?
03:49Que a gente comentou, ou seja, as pessoas deixavam de andar a cavalo para andar de bicicleta
03:55e foram descobrindo outras maneiras de mobilidade, né?
03:58E hoje em dia, a gente está vendo essa transformação para o carro elétrico, né?
04:05Então tem um monte de gente que acha que o carro elétrico começou ontem, né?
04:08Aqui no Brasil, principalmente, a gente começou a ver essa proliferação de carros elétricos.
04:13Ok, a BYD vai popularizando isso agora, faz o quê?
04:17Três anos, dois, três anos que começou a popularização.
04:21Mas, na verdade, a mesma coisa que acontecia lá no final do século XIX, está acontecendo agora.
04:27Porque os carros elétricos que nós estamos vendo hoje, eles são evolução daqueles carros lá do final dos anos 90, né?
04:34Que a GM lançou aquele, o EV1 em 96, aí em 99 ou 98, a Toyota lançou o Prius, que era um carro híbrido.
04:47Ou seja, todos eles já migrando para uma propulsão elétrica, né?
04:53E hoje a gente vê o quê?
04:54Um negócio que já vem há 25, 30 anos acontecendo e agora está se tornando popular, né?
05:01Por que que esse momento agora, que eu até falo não só da chegada chinesa, eu vejo essa terceira onda da chinesa aqui no Brasil,
05:08mas também da parte da eletrificação.
05:11Por que que está tendo esse crescimento tão grande nesses últimos dois anos aqui no Brasil?
05:15E nos outros momentos de chegada de modelos eletrificados, a coisa não pegou tão forte.
05:21Gerson, qual que é a tua leitura disso?
05:23A minha principal leitura, eu acho que é acessibilidade.
05:26Ou seja, quanto que custa isso para o afegão médio, né?
05:31Quanto que a gente consegue pagar.
05:33Num primeiro momento, era um negócio que estava lá em cima, né?
05:36Era um patamar muito alto, muito caro.
05:39E pela tecnologia elétrica ser uma tecnologia cara, os fabricantes começaram a colocar primeiramente
05:47naqueles modelos mais de luxo, mais nobres, que já eram carros mais caros.
05:53Então, isso não dava muita acessibilidade.
05:56A hora que a gente vê esses fabricantes jovens, né?
05:59Você pega a BYU-ID, ela tem quantos anos?
06:02Tem 10 anos, acho que não chega a 15 anos de idade, a idade da BYU-ID como fabricante de automóvel.
06:10Então, eles vêm com esses preços muito mais competitivos e dentro de um segmento mais baixo,
06:17isso começou a dar mais acessibilidade.
06:20Todo mundo começou a pensar no seu carro elétrico.
06:23O motorista do Uber, hoje, na hora que ele vai analisar que carro que ele vai comprar,
06:28ele faz as contas ali de qual que é a vantagem dele comprar um carro elétrico
06:33e, muitas vezes, ele pagar a prestação de um carro elétrico.
06:37Mesmo que, no final da vida do carro elétrico, aquele carro não vale mais nem um centavo,
06:42o que ele economizou naquele tempo todo de uso,
06:46ele já ficou muito melhor do que se ele estivesse pagando manutenções
06:50e pagando um combustível tipo do álcool ou tipo da gasolina.
06:54Gerson, a gente começou falando exatamente desse impacto de 1895.
07:01Nessa linha do tempo do teu histórico na indústria automotiva,
07:05três anos entre uma montadora e, atualmente, há seis anos do nosso...
07:10Não.
07:11Trinta anos?
07:12Eu falei três anos?
07:13Você falou três.
07:14Três é pouco, hein?
07:15É trinta.
07:15Trinta anos do lado da indústria, né?
07:18E, agora, mais seis como autoentusiasmo, ou seja, do nosso lado aqui da mídia.
07:23Quais foram as maiores revoluções que você viu dentro da indústria automobilística?
07:28Maiores revoluções?
07:29É, os maiores impactos.
07:30Eu acho que o principal é essa popularização do elétrico.
07:34E, hoje, o que eu vejo é o seguinte.
07:36Em todos os lançamentos que a gente vai, que a gente conversa com executivos de empresas,
07:42às vezes, logicamente, eles não falam para a gente o que eles estão trabalhando,
07:46no que eles estão fazendo desenvolvimentos.
07:50Mas, porque a gente percebe o seguinte, não tem mais ninguém ou pouca gente trabalhando
07:55em desenvolvimento de motores a combustão.
07:59recentemente, eu perguntei para um executivo de uma outra, de um outro fabricante,
08:04e carro-sedã, qual que é o teu próximo lançamento?
08:08Vai ser um carro-sedã?
08:10O cara fez aquela cara de conteúdo, para mim, assim, do tipo, sedã, a gente não pensa
08:15mais também.
08:16Então...
08:16O sedã, você acha que está indo no mesmo caminho das peruas?
08:18Eu acho, sim, sim, sim.
08:20Sem dúvida.
08:20Não se fala mais de peruas também.
08:22Não se fala mais de peruas, tá?
08:25Sedã está cada vez minguando mais.
08:27E um outro que eu te falo, já te adianto, né, que vai minguar, e quem me abriu o olho
08:33nisso aí foi o Felipe Ribeiro, que é amigo nosso também, jornalista também, os hatches.
08:41Os hatches também estão terminando.
08:43O ciclo dos hatches está cada vez ficando mais curto, porque todos os carros estão sendo
08:48levantados e estão tomando, vamos falar assim, aquelas dimensões básicas de um SUV.
08:55Então, está tudo virando meio SUV.
08:58Até o Renault Kwid, ele é o SUV dos compactos, né?
09:03Então, a grande mudança que eu vejo é essa.
09:05A migração para o lado da eletrificação, seja com elétrico puro ou nos híbridos.
09:14Esse novo híbrido que agora, recentemente, a Stellan se lançou no Fiat, que é o Fiat Pulse
09:21e o Fastback, que é esse híbrido leve, é com certeza essa tecnologia, nós vamos ver
09:27esse ano ainda em carros da GM, nós vamos ver esse ano em carros da Renault, nós vamos
09:33ver outros carros aplicando essa mesma tecnologia de um híbrido leve.
09:38Porque precisa ter isso.
09:40É aquilo que eu falo.
09:41Para conseguir atingir os níveis de emissões que cada vez mais estão mais baixos, mais
09:46restritivos, os carros vão ter que andar um tempo ou com o motor a combustão desligado
09:53ou com ele fazendo menos força e compensando essa força com uma assistência elétrica.
09:59Borini, você levantou o carro ainda há pouco, falando desses carros mais altos, eu vou
10:04levantar a bola para um assunto que é a prata da casa de Gerson Borini, que é assunto suspensão.
10:10No Máquinas da Pan, a gente estava relembrando, você já deu uma aula sobre suspensão, uma
10:15aula sobre direção e também sobre design.
10:18Mas eu entendo que, como engenheiro na indústria automotiva, a sua especialidade era a suspensão.
10:24Não é isso?
10:25A gente vê muito momento nosso de Brasil entre SUVs e picapes, como a gente falou agora.
10:31A gente não vê muito lançamento de sedã, os hatches estão diminuindo, as peruas já
10:35praticamente não existem, mas a gente vê cada vez mais lançamentos, seja híbrido, elétrico
10:41ou a combustão de SUVs ou picapes.
10:44Uma picape importada, por exemplo, quando vem para o Brasil, existe lá um tipo de terreno,
10:50um tipo de asfalto, uma mobilidade às vezes muito mais suave que a nossa, principalmente
10:55quando a gente fala de São Paulo e das nossas vias públicas, inclusive estradas.
11:00Esse carro sofre uma tropicalização, porque quando ele é fabricado, é tranquilo, você
11:06como engenheiro, você já vai projetar aquele carro para o nosso terreno.
11:09Mas um carro fabricado na Alemanha, ele vem para o Brasil, e lá com aquele asfalto
11:13da Autobahn, ele vem para o Brasil.
11:16Ele sofre uma tropicalização para aquela picape conseguir ler o terreno da mesma maneira?
11:24Cara, eu te falo, talvez te respondo essa pergunta em algumas fases, né?
11:31Todo mundo pensa sempre na parte da suspensão e do combustível.
11:36O nosso combustível é diferente e o nosso terreno aqui é diferente, então a suspensão
11:41tem que ser adaptada para isso.
11:43Mas não adianta você adaptar somente a suspensão, se você não adaptar o carro inteiro.
11:49Então, o que aconteceu ao longo do tempo, vamos falar assim, nesses 30, quase 40 anos
11:57entre GM e outros fabricantes que eu trabalhei, houve algumas evoluções.
12:03A primeira evolução que aconteceu é na parte estrutural da carroceria.
12:08A carroceria para vender aqui no Brasil, ela tem que receber alguns reforços a mais.
12:15E esses reforços por quê?
12:16Porque a hora que você anda aqui no Brasil, você tem um negócio chamado torção.
12:20Então, você pega a carroceria do teu carro, você vai passando uma lombada, numa valeta,
12:25você vai torcendo muito mais.
12:27E isso é fadiga.
12:29E fadiga é uma coisa muito interessante.
12:31Fadiga é um fenômeno da mecânica que ele é cumulativo.
12:37Por exemplo, se um clipes, se você abrir e fechar esse clipes 10 vezes, quebrar,
12:42tudo bem, você vai sair, abrir 10 vezes vai quebrar.
12:44Tá bom.
12:44Se você abrir 8 vezes e deixar ele aqui em cima da mesa por um ano, ele vai estar aí ainda.
12:51Daqui a um ano, você vai pegar ele, ele vai ter mais duas ciclagens só.
12:55Você vai dar mais duas ciclagens, ele vai quebrar.
12:57Ou seja, é um negócio cumulativo.
12:59Ele não acumula só pelo tempo, e sim pelo uso.
13:02A estrutura molecular, ela acaba se modificando.
13:05Exato.
13:05E fica mais frágil.
13:06Exatamente.
13:07Então, a carroceria precisava, sempre precisou receber reforços.
13:12Aí o que aconteceu ao longo dos tempos, vamos falar assim, os requisitos de segurança
13:17veicular cresceram muito, né?
13:20No mundo afora.
13:21Então, na Alemanha, nos Estados Unidos, aqueles testes de impacto que são feitos, impacto
13:27frontal, impacto lateral.
13:28O que foi sendo visto?
13:31Que muitos desses reforços, para que a carroceria traga mais segurança para os ocupantes, eles
13:39ajudavam também na resistência a essa torção.
13:44Então, passou a ser necessário menos reforços para esses carros aqui no Brasil.
13:50Mas mesmo assim, tem que ter reforços.
13:52Então, muitos fabricantes, os principais fabricantes que estão aqui no Brasil, eles
13:58têm, às vezes, uma configuração de carroceria para vender um carro na Europa, nos Estados
14:04Unidos, e outra configuração para vender no Brasil, na Índia, na China, em países
14:10chamados países emergentes ou países em desenvolvimento.
14:13Então, aí, assim, sofre uma tropicalização.
14:15Então, a tropicalização começa por aí.
14:18Essa seria a primeira fase.
14:20E aí, você entra justamente nas partes do carro, nas partes móveis.
14:25Aquelas que estão trabalhando ao passar por uma lombada, passar por uma valeta e passar
14:31por esse monte de remendo de asfalto que a gente tem Brasil afora e estradas muito mal
14:38conservadas, né, Alex?
14:39Então, você tem praticamente as buchas de suspensão.
14:44Aquela pecinha de borracha pequenininha que vai ali numa bandeja e tudo mais.
14:48Aquela peça, ela precisa estar de acordo com as solicitações que vai ter aqui dentro
14:56utilizando o carro no nosso terreno.
14:59As molas, a mesma coisa.
15:01Tem que ter uma resistência maior.
15:04E o principal de todos são os amortecedores.
15:07Os amortecedores, eles têm duas situações que são muito críticas para o Brasil e para o brasileiro.
15:14A primeira é aquela que eu tenho certeza que a maior parte dos nossos leitores, da nossa
15:20audiência, seja no meu canal, nos seus canais, eles devem já ter percebido isso daí.
15:26Que é a queda de roda.
15:27A hora que você passa numa lombada um pouquinho mais rápido, o carro dá aquela empinada,
15:32a suspensão inteira abre, a roda, vamos falar assim, a carroceria vai para cima e a roda
15:37vai para baixo.
15:38E aí você tem um barulho que é um estampido, que é o fim de curso de abertura da suspensão.
15:44Esse é o ponto mais crítico?
15:46Esse é um dos mais críticos para os usuários, que o usuário, ele percebe.
15:50Então, você passou um pouquinho mais rápido numa lombada, dá um plow na suspensão
15:54dianteira, tá?
15:56Os carros brasileiros, vamos falar assim, praticamente já estão vacinados com relação
16:02a isso há muitos anos.
16:04Eu falo que quando eu entrei na GM em 1987, já existia vacina para isso, que é um recurso
16:12dentro do amortecedor chamado stop hidráulico.
16:15Então, na hora que a suspensão abre, chega no finalzinho do curso, ali dentro tem um freio
16:20hidráulico, que ele freia a roda justamente para não dar esse impacto mais forte.
16:27Então, esses carros brasileiros, praticamente todos os nossos carros estão vacinados quanto
16:31a isso.
16:32Os carros de luxo, tipo um Audi, um Mercedes, eles estão vacinados de uma outra maneira.
16:40Como eles têm um curso de suspensão de trabalho muito maior, dificilmente você chega nesse
16:46final de curso, ou então quando você chega, a energia já está muito dissipada ao longo
16:51do caminho.
16:52Então, também não vem esse impacto para dentro do carro.
16:56Mas os carros mais simples, eles estão apresentando isso aí.
17:00E principalmente esses carros mais novos, chineses, que a gente está recebendo importados
17:05aqui no Brasil.
17:06Brasil, quase todos têm esse ruído de queda de roda.
17:09Então, isso é uma coisa que o usuário percebe.
17:12E ok, ele vai reclamar.
17:14Dá um certo desconforto.
17:15Dá um certo desconforto.
17:15E preocupação, né?
17:16É, porque o cara...
17:17Aquele baque que você sente quando está dirigindo o carro.
17:19Isso, o cara não sabe o que é aquilo, não sabe se é um problema, até que ele se
17:22acostuma, vai.
17:23Ele sabe, se eu passar 5 por hora mais lento nessa lombada, eu não vou ter mais esse problema.
17:29Então, isso é o que a gente, como motorista, como usuário, a gente vê.
17:32Mas tem um outro problema que a gente não vê e que vai causar uma deterioração no
17:37seu amortecedor, andando aqui no Brasil, que é o aquecimento do fluido que vai dentro
17:43do amortecedor.
17:44Por que ele não quer?
17:44O amortecedor, o que ele é?
17:46Ele é um tubo.
17:47Esse tubo está cheio de óleo.
17:49Ali dentro você tem um pistão.
17:50E esse pistão está subindo e descendo.
17:53E no pistão tem as válvulas que fazem o amortecimento.
17:56Então, dependendo da velocidade que você trabalha, ele vai deixar passar mais óleo ou menos
18:02e vai fazer o amortecimento e vai te dar o conforto, toda a segurança e tudo mais.
18:08Porém, quando você está andando nesse piso muito esburacado, muito remendado, o que está
18:13acontecendo com a tua suspensão?
18:14A tua roda está aqui, está trabalhando direto.
18:17Sobe e desce, sobe e desce, sobe e desce.
18:18E esse pistãozinho está o quê?
18:21Subindo e descendo dentro desse tubo.
18:23Então, com esse fluxo de óleo, vai aquecendo o amortecedor.
18:26E olha que vai aquecendo, a gente sabe.
18:29É só ver o óleo na frigideira, né?
18:31A hora que você coloca o óleo saindo da lata, ele tem uma viscosidade.
18:34A hora que você esquentou, ele fica ali parecendo uma água.
18:37Com o óleo dentro do amortecedor, acontece a mesma coisa.
18:40Então, esse...
18:41Ou seja, reduz essa viscosidade e perde eficiência.
18:44Perde eficiência.
18:45E com o longo do tempo, o que vai acontecer?
18:47A haste esquenta.
18:49Aí você tem um selo de vedação.
18:51Esse selo esquenta.
18:52Ele começa a se deteriorar também.
18:54E começa a provocar vazamentos.
18:56Aí você perde o gás primeiramente.
18:58E depois você começa a perder fluido.
19:00E com isso você perdeu conforto e perdeu segurança.
19:03Porque o amortecedor é um dos itens de segurança do carro.
19:07Então, se você não tiver todos esses componentes muito bem dimensionados
19:11para essa situação brasileira, fica muito crítico.
19:15E aqui no Brasil, a gente tem uma coisa muito mais crítica.
19:18Ou que colabora com tudo isso.
19:20Que é a temperatura ambiente.
19:22Nossa temperatura ambiente, se você pega aqui de Rio de Janeiro,
19:26para o Nordeste, você dificilmente tem dias que você tem temperaturas abaixo de 30 graus.
19:32Você está trabalhando já com uma temperatura de saída muito alta.
19:36E com isso, o amortecedor está ali também.
19:38Começa a trabalhar a 30 graus e ele vai a 100, 120 graus facilmente.
19:42Gerson, muitas vezes as montadoras levam a gente para testar um carro, para conhecer um carro no campo de provas.
19:50E a gente passa por diferentes tipos de terreno.
19:52Ou com pedra, ou um circuito mais off-road, ou simplesmente com paralelipípedo, onulação, buraco.
19:59Aquilo que a gente vê no campo de prova consegue refletir exatamente o que acontece na rua?
20:05A minha pergunta é a seguinte, você quando está projetando um carro lá, está projetando a suspensão de um carro,
20:10você pode se basear no que está vendo no campo de prova?
20:14Ou é importante você fazer aquilo que a gente vê de vez em quando?
20:18Camuflar o carro para colocar ele no piso real, na vida real?
20:23Eu digo que a evolução da engenharia foi muito grande nesses 30 anos que eu fiquei dentro da GM.
20:32Então, lá atrás, eu precisava muito mais ir para a rua do que precisa hoje.
20:37Um pouco pela própria simulação.
20:40Hoje, a simulação computacional é muito grande dentro da indústria.
20:44A inteligência artificial mesmo?
20:45Não digo nem que seja só inteligência artificial.
20:48A inteligência artificial é uma coisa mais recente, mas a simulação computacional,
20:54ou seja, programas de computadores que você coloca,
20:57olha, esse carro tem esse peso, tem esse pneu, tem essa condição,
21:01que mola que eu preciso usar?
21:02Ah, usa essa mola aqui que é uma mola boa.
21:05Então, daquela mola que a simulação me dá, eu vou um pouquinho para lá, um pouquinho para cá.
21:10Você consegue afinar muito mais.
21:14Então, talvez, a inteligência artificial vai, talvez, não digo que vai fazer melhor,
21:19mas vai conseguir ajudar os engenheiros a fazer mais rápido.
21:23Então, você vai conseguir, vamos falar, quando eu entrei na indústria,
21:27há 40 anos atrás, era há 5 anos o tempo médio entre começar um projeto e terminar.
21:36Quando eu saí da indústria, já estava em 2 anos e meio, mais ou menos.
21:40Talvez, daqui a pouco, em um ano, você vai sair do conceito para o carro em produção.
21:48Então, a inteligência artificial vai ajudar a gente a acelerar esses processos.
21:53Agora, o campo de provas, ele consegue representar muito do que tem aqui fora,
21:59mas não consegue representar 100%.
22:00Uma dúvida que eu sempre tive, alguns eu acabei vendo esse na vida real,
22:05eu acho que o Fastback é um desses, que é quando a gente ia no salão do automóvel
22:10e via lá o carro conceito, né?
22:14E a gente nunca sabia se aquilo era simplesmente um conceito, um aspiracional,
22:18ou era para a imagem da empresa, ou se aquilo um dia a gente vê circulando pela rua.
22:22Você chegou a trabalhar na indústria, algum carro conceito,
22:25e que depois você foi ver lá à frente, na mobilidade urbana?
22:30Olha, diretamente assim, eu não trabalhei.
22:32Mas alguns atributos que foram...
22:34É, diretamente eu não trabalhei, mas teve um carro que eu comecei a ver
22:38os conceitos sendo desenhados na matéria do computador,
22:42sendo montados os primeiros protótipos, que eram mocaps de papelão,
22:46de cartolina, de madeira, e até a gente assim, com um banco, um volante,
22:52sentando, e o cara só colocou a coluna A aqui em papelão.
22:58Olha, então o carro vai ser isso daqui.
22:59E aí um carrinho, você sentado ali, ah, legal, essa coluna A aqui vai ficar boa.
23:07Sabe, para você ver se você ainda tem problemas de visibilidade, alguma coisa assim.
23:12Então, eu cheguei a ver isso.
23:14Mas não um carro totalmente conceito, e ver ele na rua não me recordo hoje,
23:19não de ter visto alguma coisa assim.
23:21Maiores desafios que você já enfrentou na indústria como engenheiro?
23:26Maiores desafios?
23:27Aquele que falou, nossa, isso aqui vai ser uma encrenca.
23:30Porque eu sei que tem essa história também, como tem em qualquer setor,
23:34você recebe a coisa, não foi mastigada, não foi aquela bola pronta para você bater o gol.
23:40Ou seja, você vai ter que fazer uma mágica para adaptar, por exemplo,
23:44a suspensão àquele projeto que já veio meio pré-definido.
23:48Teve alguma encrenca assim?
23:49Você não precisa nem falar o produto, mas falar a situação que você falou,
23:53nossa, aqui vai ser uma encrenca, eu consegui fazer esse carro ficar bem.
23:56A culpa não vai ser minha se a suspensão não estiver boa?
24:00Olha, eu tenho assim, duas, mas que não são de suspensão, por incrível que pareça.
24:05Uma delas é de radiador.
24:08Eu fui fazer um teste uma vez com um carro na Colômbia.
24:11Eu estava com um carro com ar-condicionado e um sem ar-condicionado.
24:17E ela tem um teste que é você subir uma cordilheira dos Andes.
24:21Teoricamente, o carro com ar-condicionado, ele tem um radiador maior,
24:25ele tem um radiador melhor, então ele não era para ter problema.
24:30E o outro carro sem ar-condicionado, que tem menos carga para o motor,
24:36porque não tem o compressor do ar-condicionado, não tem o condensador na frente e tudo mais,
24:41esse aqui vai ser o mais fácil, acho que não precisamos nem fazer o teste com esse daqui.
24:46Aí fizemos o carro de ar-condicionado, subimos, ficou beleza, ficou tranquilo.
24:51Aquele que eu achava que ia ser o mais difícil, passou tranquilo.
24:54Agora vamos fazer o teste no carro sem ar-condicionado.
24:58Na hora que subimos a serra, o carro ferveu.
25:01Aquele que eu achava que ia ser o mais fácil, ele acabou me dando um problema.
25:05Então esse é um que me vem na cabeça agora aqui de um projeto.
25:08E eu estava lá numa viagem internacional com uma equipe e tudo mais.
25:13Eu tive que abortar toda a viagem e voltar para o Brasil, fazer uma reunião com os engenheiros e falar
25:17gente, vamos lá, vamos trabalhar, precisamos melhorar radiador, ventilador,
25:21tudo nesse carro para poder passar naquele teste lá na Colômbia.
25:25Porinho, para finalizar, a gente começou o programa levando o Ligados na Tomada para 1895,
25:32quando os carros saíram da frente das carroças e transformaram em automóveis com tração, motor, combustão ou no próprio pedal.
25:40Os cavalos saíram, né?
25:41Os cavalos saíram.
25:42Os cavalos e bois.
25:44O que a gente pode esperar daqui para frente?
25:46A gente voltou aí alguns 200 anos atrás, o que você espera de grande mudança na indústria automotiva para os próximos anos?
25:54Eu acredito, aí é uma visão de Gerson, não tenho nenhuma base de dado para isso.
26:02A gente viu alguns anos atrás aqui uma grande movimentação para carros autônomos.
26:09Começou a ter muita coisa de carros autônomos, que você chegou até a já fazer alguma matéria com carro autônomo.
26:15Fizemos até uma juntos.
26:16Nível 1, nível 2, nível 3.
26:18Carro autônomo, né?
26:19Então, o que eu vejo?
26:21Eu acho que a parte de transformar os carros em autônomos deve diminuir um pouco, entendeu?
26:28Deve ficar talvez para segmentos mais específicos.
26:32E eu acho que a gente vai ver uma evolução muito maior na parte de baterias.
26:36Eu acho que as baterias vão estar crescendo na sua densidade energética cada dia mais.
26:43Semana passada nós fomos lá andar de Porsche Taycan.
26:46Nós vimos lá, uma Porsche, ela melhorou em 30% uma bateria, melhorou em 50% a outra bateria em termos de alcance.
26:57Então, eu vejo que a parte de desenvolvimento de baterias é uma coisa que vai mais me chamar a atenção daqui para frente.
27:06É o que a gente viu no celular.
27:08No celular.
27:09Se a gente pegar 20 anos atrás como que era um celular e ver o que a gente consegue fazer outro.
27:14E a bateria que é a chave de tudo isso.
27:17Porque a propulsão elétrica, ela está aí.
27:19Ela já veio e vai continuar.
27:20Eu também acho muita coisa boa para a gente esperar de tecnologia.
27:23Gerson, super obrigado por estar aqui hoje.
27:25Você sabe, no Fantástico, 3 gols, pede uma música aqui, 3 gols.
27:29Hoje você vai levar a sua caneca, meu irmão.
27:323 participações aqui no Ligado na Tomada, leva a caneca.
27:36Onde as pessoas te encontram, Gerson?
27:37As pessoas me encontram no site do Autoentusiastas e principalmente no meu Instagram.
27:43Gerson Borini, ou seria arroba Gerson Borini, arroba Eletroentusiastas e arroba Autoentusiastas.
27:50Legal, amigo.
27:50Super obrigado por mais uma vez estar com a gente aqui.
27:53Obrigado.
27:53Obrigado.
28:02A opinião dos nossos comentaristas não reflete necessariamente a opinião.
28:07A opinião do Grupo Jovem Pan de Comunicação.
28:14Realização Jovem Pan News.

Recomendado