Cosmo Donato, economista da LCA, analisou os impactos econômicos das novas tarifas anunciadas por Donald Trump. As medidas podem acelerar a estagflação, elevar preços e dificultar a volta da indústria aos EUA. O risco de perda de empregos e recessão preocupa o mercado.
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NotíciasTranscrição
00:00Para falar sobre o impacto das tarifas na vida do trabalhador, eu converso com o Cosmo Donato,
00:04que é economista sênior da LCA for Intelligence.
00:09Tudo bem? Boa tarde para você, Cosmo. Bem-vindo ao Money Times.
00:13Boa tarde a todos e a todos os espectadores.
00:16Começando pela página 1, Cosmo, para deixar a audiência toda alinhadinha,
00:21a gente falou aqui de um cenário de estagflação nos Estados Unidos,
00:25que é um cenário preocupante. Explica para a gente, de uma forma simplificada,
00:30o que é estagflação e como você avalia essa situação atual, esse momento?
00:35Vamos lá. Estagflação é um cenário que a gente viveu aqui no Brasil,
00:39lá na crise de 2015 e 2016, que é quando você teve um período de inflação elevada
00:45e sem crescimento econômico. Inclusive, aqui no Brasil, a gente teve vários anos,
00:51quase uma década de crescimento econômico baixo, uma estagnação do crescimento per capita,
00:56do crescimento por pessoa. O que acontece nos Estados Unidos é que, basicamente,
01:00a gente já vinha de uma expectativa de que a economia americana iria passar
01:04por um processo de desaceleração, mas a gente falava que ele viria,
01:08o que a gente chamava de um processo de pouso suave.
01:11Vem o Donald Trump, ele traz essas medidas. De certa forma, algumas medidas eram esperadas
01:16e essas medidas surpreenderam todo o mercado. Ninguém esperava a magnitude de tarifas.
01:22E essas tarifas, elas representam um choque sobre a economia americana.
01:26Embora o Donald Trump tenha em mente que ele quer trazer empregos de volta,
01:31você taxar produtos importados, basicamente, prejudica uma parte muito grande
01:35da indústria que já está fixada nos Estados Unidos.
01:39Então, você, por exemplo, você fixa tarifas sobre importação de alumínio,
01:42sobre importação de aço. Isso é insumo para várias cadeias produtivas
01:48dentro dos Estados Unidos. Então, você também, além disso, gerou um choque
01:51negativo de expectativas. Agora, todo mundo tem em mente, os empresários,
01:56os agentes econômicos, que a economia americana vai crescer menos
02:00ou até mesmo entrar em recessão a partir de agora. A economia encolher.
02:05Só que, normalmente, quando a economia encolhe, paralelamente,
02:09isso acaba desacelerando a demanda, o que tecnicamente implicaria
02:13em desaceleração da inflação. Só que não é isso que vai ocorrer,
02:17até porque o choque tarifário do Donald Trump, ele é muito inflacionário
02:20para a economia americana. Então, a gente fala, nós economistas,
02:25que é o pior tipo de cenário, que é quando você tem um período
02:30de recessão econômica com a persistência da alta de preços.
02:33O que vai pesar não só sobre a renda do trabalhador americano,
02:36que pode acabar perdendo emprego, taxa de desemprego subindo,
02:40como vai encarar preços mais altos nas cestas de bens de consumo.
02:45Perfeito. Felipe, sua pergunta para o Cosmo.
02:47Oi, Cosmo. Boa tarde. Cosmo, a gente vê, a gente está nesse cenário
02:51tão fluido, que é uma palavra que está na moda, que a gente acabou
02:54de ver o Donald Trump na Casa Branca anunciando que vai dar uma ajuda
02:56para as montadoras americanas. Ele não entrou em detalhes muito,
03:00mas eu queria que você comentasse como é que você acha que pode ser isso.
03:02Quer dizer, o que a gente tem visto é que o Donald Trump reduziu tarifas
03:06para alguns setores, por exemplo, como computadores, smartphones e tal.
03:10Mas no caso das montadoras é um pouco mais complicado, porque você tem
03:12tarifas para México e Canadá, mas ao mesmo tempo você tem peças
03:16que vêm de lá e tal. Queria que você comentasse um pouquinho isso.
03:19Como é que ele pode ajudar as montadoras sem também mudar completamente
03:26o seu plano de aplicar tarifas a esses países?
03:27Bom, o que ele poderia estar pensando nesse momento, já que ele tem em mente
03:33que tudo bem, no longo prazo, existirão tarifas de importação para automóveis
03:38porque queremos trazer de volta a nossa indústria nacional
03:42para produzir automóveis aqui dentro.
03:46Então esse objetivo existe.
03:48Agora, ele precisa fazer com que esse objetivo ocorra no longo prazo,
03:52de uma forma, vamos dizer assim, mais escalonada,
03:54para que você acabe não pesando tanto sobre o bolso do consumidor americano.
04:00Principalmente porque, hoje, a maioria dos carros que vendidos nos Estados Unidos
04:05eles são importados.
04:07Você teve lá a região de Detroit, que a gente chamou de região do Rust Belt,
04:12o cinturão da ferrugem, que basicamente foi uma região industrial,
04:18de uma indústria mais tradicional nos Estados Unidos,
04:20que ao longo dos anos ela encolheu.
04:21E ela encolheu muito.
04:23Então, neste momento, o ideal seria você voltar,
04:27dar um passo atrás nas suas tarifas,
04:30para você não penalizar tanto toda essa cadeia produtiva.
04:33E aqui eu não estou falando somente do preço final do automóvel,
04:36mas também voltar atrás sobre autopeças,
04:39voltar atrás sobre aço,
04:42para que com isso continue,
04:46para que você não tenha esse repasse tão imediato
04:49para a inflação doméstica.
04:51E você criando, de repente, um plano de escalonamento,
04:55para que essas medidas, vamos dizer assim,
04:57elas entrem em vigor mais no longo prazo,
04:59você tem essa recomposição tarifária,
05:01nesse tempo as empresas teriam, vamos dizer assim,
05:04um tempo para se planejar e tomar a sua decisão de investir,
05:08ou não, no próprio Estados Unidos,
05:10voltar a produzir lá.
05:11Qual que é o grande problema?
05:12Os Estados Unidos cresceram muito nos últimos anos,
05:16principalmente por conta do setor de serviços,
05:18do setor de tecnologia.
05:20O rendimento médio do trabalhador americano
05:22é muito elevado em comparação à média nacional.
05:26Então, uma tarifa de, de repente, 25% sobre preço em automóvel
05:30não é uma garantia de que você vai conseguir trazer de volta
05:33todas essas montadoras.
05:35De volta, talvez não vá,
05:36mesmo com essas tarifas, talvez não valha a pena
05:38produzir no longo prazo.
05:40Então, acho que o grande desafio é esse,
05:43é ver se, de fato, o Donald Trump consegue estipular um plano
05:46para que ele consiga efetivamente trazer essas empresas
05:49no longo prazo.
05:49No longo prazo, essa possibilidade, ela não existe.
05:52É mais um choque inflacionário mesmo.
05:54É, então, Cosmo, porque trazer essas empresas,
05:57no fim das contas, teria a ver o plano, a promessa,
06:00é gerar empregos.
06:02E aí, queria te ouvir sobre isso.
06:03E, na sua opinião, essas medidas são realmente eficazes
06:07para impulsionar um emprego nesse cenário
06:09que você explicou tão bem para a gente de estagflação,
06:13porque há quem diga que todo mundo quer as indústrias de volta.
06:16O Felipe até trouxe uma pesquisa hoje sobre isso,
06:19que os americanos apoiam mesmo,
06:20que a indústria se fortaleça, que gere muitos empregos,
06:24mas nem todos, aliás, poucos,
06:27estariam dispostos a trabalhar ali na indústria.
06:30Isso.
06:31Você tem vários problemas, na verdade.
06:33O primeiro problema, eu já mencionei,
06:35esse aumento de custo de produção para você trazer uma empresa
06:38para os Estados Unidos, ele é muito alto
06:40e talvez não compense simplesmente você levando as tarifas para 25%.
06:44Talvez você tenha que dar mais subsídios,
06:46mais isenção de impostos para as empresas que queiram,
06:49de fato, trazer essa produção para dentro dos Estados Unidos.
06:53Segundo problema, a gente está falando de uma indústria
06:56que ela é altamente globalizada,
06:59você produz as peças em vários lugares do mundo,
07:01e você monta numa planta final,
07:04essa planta pode estar nos Estados Unidos,
07:05é muito difícil hoje em dia você centrar toda a produção de automóvel,
07:09do começo ao fim, desde a chapa metálica,
07:11até as autopeças, até o seu veículo, no mesmo lugar.
07:15Esse vai ser também um grande desafio.
07:19E além disso, essa indústria que saiu dos Estados Unidos,
07:23se globalizou, foi para outros países,
07:26ela é muito diferente daquela indústria que saiu lá muitos anos atrás.
07:29É uma indústria que tem muito mais automação.
07:32Então, você vai estar trazendo, de repente,
07:34um parque industrial completamente automatizado.
07:37Tudo bem, talvez você empregue pessoas com altíssima qualificação,
07:41mas o americano médio, aquela pessoa mais de nível técnico,
07:44que perdeu seu emprego lá atrás,
07:45possivelmente, mesmo com essas empresas voltando,
07:48ela não venha a ter seu emprego de volta.
07:51Então, esse aí talvez seja um dos fatores de risco.
07:55Onde poderia dar certo esse plano?
07:58Talvez, vamos dizer assim, no longo prazo,
08:00caso você consiga efetivar um plano desse.
08:03Brasil e América Latina são conhecidos por proteger a indústria,
08:07nunca deu muito certo aqui.
08:09Nossa, a indústria está estagnada há muito tempo.
08:11A diferença é que eles têm um mercado potencial consumidor
08:13muito maior que o do Brasil, por exemplo.
08:16Talvez eles consigam algum sucesso nisso num prazo mais longo.
08:19O problema é o custo disso no curto prazo,
08:21que é toda essa crise econômica que está sendo contratada
08:24e esse choque inflacionário.
08:25É, isso aí.
08:26Um ponto interessante isso, né?
08:27De que a indústria que saiu e deixou saudades lá
08:30não é exatamente a mesma configuração,
08:33o mesmo perfil que voltaria, né?
08:36Se realmente voltar.
08:37Felipe, mais um ponto seu.
08:38Com certeza.
08:38Eu queria saber, assim, do Cosmo,
08:41como é que você vê aquela liberação que ele fez,
08:45uma liberação um pouco em cima da hora ali
08:47para a questão dos smartphones, computadores e tudo mais, né?
08:50Porque a gente viu que essas empresas foram muito afetadas, né?
08:53Muita dessa produção é feita no sudoeste asiático, principalmente.
08:56E daí ele falou, não, simplesmente vamos pausar essas tarifas, né?
09:01Vamos dar uma certa flexibilidade ali.
09:05Ele disse que ele é muito flexível.
09:06Queria saber a sua opinião sobre essa flexibilização
09:10em relação aos smartphones e computadores também, Cosmo.
09:14Esse também é um dos casos muito interessantes,
09:17porque, primeiramente, né?
09:19Acho que o que chamou muito a atenção do Trump
09:21e dos aliados políticos ali ao redor
09:22foi o tamanho do choque, principalmente nos preços de ativos financeiros.
09:27Isso nos Estados Unidos tem um efeito muito maior
09:29do que no restante dos países do mundo,
09:31porque grande parte do patrimônio das famílias americanas
09:33ele está alocado em ações, por exemplo, né?
09:36E as empresas começaram a perder valor muito rapidamente.
09:40Mas o que isso sinalizou?
09:43O importante é que isso mostrou um choque potencial
09:46sobre essas empresas muito maior do que qualquer pessoa,
09:49do que qualquer político antecipava naquele momento.
09:51E a gente está falando de bens e produtos cuja produção
09:55é altamente globalizada, né?
09:58A produção de chips, por exemplo, é altamente concentrada em países asiáticos.
10:03Embora os Estados Unidos domine também essa produção,
10:07ele não domina de uma forma tão eficiente quanto é feita lá fora.
10:09Então, seria um choque inflacionário muito grande
10:11sobre bens de consumo.
10:13O americano, né?
10:14Ele consome muitos bens, né?
10:17Para o americano, consumir bens é uma coisa que historicamente é relativamente barata.
10:22E isso acabaria se configurando num choque de inflação,
10:24num choque negativo de renda que afetaria muito fortemente essas famílias.
10:29Poderia até ter implicações políticas, né?
10:30De repente, para os futuros, para a manutenção do Trump no poder, etc.
10:34Aí ele acabou vendo que seria um risco muito grande
10:36dele tomar nesse momento.
10:37Então, isso justifica o recurso.
10:40Cosmo, Felipe, eu mencionei agora há pouco a pesquisa
10:43que você tinha trazido mais cedo.
10:44A gente tem uma arte, então, com esse dado.
10:47Vamos tentar colocar na tela, né?
10:49Para que a nossa audiência também possa ver.
10:51E a gente segue aqui conversando.
10:53Felipe, conta mais sobre essa pesquisa.
10:55É, vamos lá.
10:56Bom, isso daí é uma pesquisa do jornal Financial Times
10:59em relação aos americanos e às indústrias, né, Cosmo?
11:02É o que a gente estava falando.
11:0380% dos americanos gostaria que as empresas voltassem,
11:13que as indústrias voltassem para os Estados Unidos
11:14e fabricassem nos Estados Unidos.
11:16Apenas 20% são contra isso.
11:19Mas, no caso, seria melhor se eu trabalhasse numa fábrica
11:21do que num emprego atual?
11:2373% diz que não.
11:25Quer dizer, eles não sairiam do emprego atual
11:26para trabalhar numa fábrica.
11:27Eles querem, na teoria, que as fábricas voltem para os Estados Unidos,
11:31mas eles não querem trabalhar lá.
11:32E a gente sabe que, justamente, é por isso,
11:34por causa da mão de obra, né, Cosmo?
11:36A mão de obra é uma conta meio básica.
11:38As empresas saíram dos Estados Unidos,
11:40essa parte de produção, das fábricas principalmente,
11:43porque a mão de obra nos outros países é muito mais barata.
11:45Então, as empresas continuaram...
11:48As empresas fizeram essa terceirização,
11:50vamos dizer, da mão de obra,
11:52justamente porque produzir nos Estados Unidos é muito caro.
11:54E daí você mantém nos Estados Unidos
11:55os empregos de mais alto valor.
11:58Marketing, criatividade, enfim,
12:01empregos de gerência,
12:02empregos que você paga melhores salários
12:04e tem um nível mais alto.
12:06E daí você terceiriza a mão de obra
12:07para outros países onde ela é mais barata.
12:09Então, justamente isso que o Donald Trump
12:10quer voltar para os Estados Unidos,
12:12mas como você lembrou bem,
12:13os Estados Unidos também,
12:14eles não querem trabalhar nessas empresas
12:16que pagam tão pouco, né?
12:17Deixa eu só emendar um detalhe aqui,
12:19importante,
12:20é de 2024 essa pesquisa, então, né?
12:22Foi antes de Donald Trump assumir,
12:24mas certamente quando ele já estava ali
12:26em campanha,
12:28trazendo essa promessa.
12:30Cosmo,
12:30como é que seria o resultado
12:32dessa pesquisa hoje, hein?
12:33Tem um palpite?
12:35Olha,
12:36é que talvez com tantas promessas
12:38e talvez com tanta propaganda política,
12:40talvez tivesse,
12:41talvez mais americanos hoje
12:42gostariam de trabalhar na indústria,
12:44mas talvez seria uma falsa ilusão, tá?
12:47Até porque,
12:48vocês mesmos mencionaram, né?
12:49Embora a China não seja mais,
12:51vamos dizer assim,
12:52o trabalho mais barato do mundo,
12:54muito pelo contrário,
12:55ele ainda é muito mais barato
12:56do que nos Estados Unidos.
12:58Talvez isso ajudaria,
12:59de repente,
13:00o americano que está lá
13:01na ponta de baixo
13:02da distribuição de renda,
13:04que de repente poderia sair
13:05de um serviço mais precarizado
13:07e ir para, de repente,
13:08um serviço na indústria,
13:09mas isso não é a regra, tá?
13:11Para a população americana.
13:14E tem outro ponto, né?
13:15Acho que a própria população americana
13:17está começando a entender
13:18que se você realmente der esse choque
13:20e querer trazer essa indústria
13:21forçadamente para dentro
13:23dos Estados Unidos,
13:24você vai ter que aumentar salário, né?
13:26E isso vai pesar muito
13:28no bolso das famílias.
13:30Demais.
13:31E, Cosmo,
13:32como é que a gente comentou,
13:34começou a conversa falando disso, né?
13:36Que a gente traria o impacto
13:38direto na vida dos trabalhadores.
13:40Então, qual que é o seu ponto de vista
13:43sobre o impacto nesse setor, né?
13:45Tem setores mais afetados
13:46do que os outros,
13:47nesse contexto, então,
13:48das tarifas
13:49e do vai e vem das tarifas?
13:50Sim, tá?
13:53Você tem setores muito mais afetados.
13:55Hoje, né?
13:57Hoje, talvez, o setor mais afetado,
13:58por incrível que pareça,
14:00é a própria indústria dos Estados Unidos.
14:02Por que a própria indústria dos Estados Unidos?
14:04Porque justamente a indústria
14:05que se manteve nos Estados Unidos,
14:07ela difere da indústria que saiu.
14:09Então, hoje, se você...
14:11Então, né?
14:12Então, por exemplo,
14:13hoje, né?
14:14Você tem uma indústria militar de ponta,
14:16você tem indústria de aviação,
14:19por exemplo,
14:19você ainda tem um pouco de indústria automotiva
14:22dentro do país,
14:24mas as tarifas,
14:25elas acabam pesando justamente
14:27nos preços dos insumos.
14:29Então, o que o Donald Trump está fazendo,
14:30ele está, vamos dizer assim,
14:31dificultando a vida das indústrias
14:33que se mantiveram nos Estados Unidos, tá?
14:35E isso acaba sendo terrível, tá?
14:38Porque, basicamente,
14:40você faz uma política focada
14:41em incentivar a indústria,
14:42no longo prazo,
14:43você vai escolher setores,
14:44está escolhendo setores industriais
14:46para tentar trazer de volta,
14:47em detrimento de setores
14:49altamente já consolidados, tá?
14:51Dentro dos Estados Unidos.
14:53Então, acho que o maior perdedor
14:53no curto prazo
14:54é a própria indústria já consolidada
14:56que ainda opera nos Estados Unidos, tá?
14:59Felipe, mais uma sua.
15:00Cosmo,
15:01e eu queria trazer só um outro elemento,
15:03assim,
15:03que eu já comentei por aqui,
15:04mas que eu acho que é interessante,
15:05queria ouvir sua opinião.
15:06Muitos dos trabalhadores
15:08que trabalhariam nessas fábricas
15:10também são imigrantes,
15:12que estão sendo,
15:12ao mesmo tempo,
15:13deportados desse plano,
15:15estão sendo apresentados
15:16como os grandes vilões
15:17da economia americana,
15:19estão sendo meio demonizados
15:20ali pelo discurso
15:21do Donald Trump
15:21e do MAGA,
15:23de certa forma,
15:24do MAGA e dos republicanos
15:26ali mais radicais.
15:27Então, eu queria que você comentasse
15:27um pouco isso.
15:28Quer dizer,
15:29além das empresas hoje
15:31serem mais automatizadas,
15:33os americanos,
15:34ou enfim,
15:34pessoas que moram nos Estados Unidos,
15:35que trabalhariam nessas fábricas,
15:37nessas plantas,
15:38seriam justamente os imigrantes
15:39que estão sendo deportados.
15:40Seriam os imigrantes
15:43que seriam deportados
15:44e eles esquecem
15:45que, basicamente,
15:46nos últimos anos,
15:47é justamente a mão de obra imigrante
15:48que ela serviu,
15:50vamos dizer assim,
15:50das famílias americanas
15:51fornecendo mão de obra mais barata
15:53entre os setores
15:53que eles não queriam trabalhar.
15:55Porque as famílias americanas
15:56não queriam trabalhar
15:57que é, basicamente,
15:58o setor de serviços
15:59para trabalhadores
16:00menos qualificados.
16:02Então,
16:02são, assim,
16:03políticas que,
16:04tanto da questão imigratória
16:05quanto da política industrial,
16:07elas são contraditórias
16:08no seguinte ponto.
16:09Ok, você quer trazer de volta o emprego,
16:11você quer trazer de volta a renda,
16:12mas você está gerando inflação,
16:14você está fazendo
16:15com que a mão de obra
16:16se torne mais cara
16:17e isso está afetando
16:18o preço de bens e serviços
16:19e não necessariamente
16:20você está trazendo
16:21o emprego de volta.
16:23Acho que essa é a grande discussão.
16:26Tudo bem,
16:27você pode ter uma política imigratória
16:28com requisitos maiores,
16:31justamente para mitigar
16:32a questão de violência, etc.
16:35Mas da forma como está sendo feita
16:37demonizar o imigrante,
16:38no final das contas,
16:39você está demonizando
16:39aquela pessoa
16:40que possibilitou
16:41você fornecer
16:42produtos e serviços
16:42mais baratos
16:43para as famílias americanas
16:44nos últimos anos, tá?
16:46Pois é.
16:47Cosmo Donato,
16:48economista sênior
16:49da LCA for Intelligence,
16:51muitíssimo obrigada
16:52pela participação
16:52com a gente ao vivo
16:53aqui no Money Times,
16:54papo bom,
16:55interessante demais,
16:56volto sempre.
16:57Muito obrigado,
16:58até a próxima.
16:59Até, boa tarde.
17:00tchau, tchau.
17:01Tchau, tchau.
17:01Tchau, tchau.