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00:00Transcrição e Legendas Pedro Negri
00:30Transcrição e Legendas Pedro Negri
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01:59Transcrição e Legendas Pedro Negri
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02:13Transcrição e Legendas Pedro Negri
02:15Transcrição e Legendas Pedro Negri
02:17Estar a ler os meus pensamentos com seus poderes telepáticos.
02:21Foram anos de prática até conseguir controlar os meus pensamentos.
02:27Mãe, se você sabe quem foi, fala. Por favor.
02:30Eu não sei de nada além daquilo que eu já disse para a polícia.
02:35O que eu sei é que Josias conseguiu descobrir a senha do e-mail do Sócrates.
02:39E lá ele descobriu de quem ele desconfiava.
02:42Mas eu não sei quem.
02:44Cassandra, meus netos estão nervosos, todo mundo está nervoso.
02:50É normal numa situação dessas, mas vamos tentar conversar sem brigar. Por favor.
02:57O Lucas fala e age comigo como se eu soubesse de alguma coisa.
03:03Como se eu estivesse envolvida nessa sujeira toda.
03:06Como se eu fosse uma criminosa.
03:08Mas não exagera, o Lucas não te acusou de nada.
03:10O Lucas está todo nervosinho assim comigo, desde aquela história daquele menininho piludo.
03:17O Vavá.
03:18E você levou o Vavá daqui e não quis me dizer para onde.
03:21Coitadinho daquele menino lobo.
03:23Eu tive tanta pena dele.
03:26Depois o papai morreu.
03:28Foi um choque tão grande que eu não voltei mais a falar dele.
03:32Mas eu nem esqueci o Vavá não, mãe.
03:33Pior para você, Lucas.
03:35Eu achava bom você esquecer esse monstrinho, porque ele não é nada seu mesmo.
03:40É sim, mãe.
03:41O Vavá é o meu amigo.
03:42Ele teve o mesmo destino que eu e a Janete.
03:44Ele nasceu diferente.
03:46Diferente de todas as outras pessoas.
03:48Você fala comigo como se eu soubesse de tudo.
03:51Isso me irrita, Lucas.
03:53O que me irrita, mãe, é que você fica escondendo as coisas de mim.
03:56O que eu posso fazer, Lucas?
03:58Se eu não gosto que você fique invadindo a minha mente para tentar ouvir os meus pensamentos.
04:05Isso para mim é uma invasão de privacidade ainda maior do que se você ficasse bisbilhotando o meu computador.
04:13Os meus e-mails, o meu celular.
04:15Mãe, responde, vai.
04:16Para onde você levou o Vavá?
04:17Responde pelo menos isso, por favor.
04:21O Vavá foi embora sozinho.
04:25É mentira, mãe.
04:26Você levou ele daqui e não quis me dizer para onde.
04:30Mas eu não desisti de procurar o Vavá.
04:34Eu entreguei o menino para a doutora Júlia.
04:36Ela levou para a clínica do Guarujá.
04:38E ele fugiu de lá.
04:39Depois não sei o que aconteceu com ele.
04:43Você não consegue controlar todos os seus pensamentos, mãe.
04:47Eu vou fazer de tudo o que eu puder para descobrir quem matou meu pai e quem mandou matar.
04:52Faça o que você quiser, Lucas.
04:53A única coisa que eu sei é que tudo o que nós temos na vida são as ações da Progênese.
05:03Se essa empresa falir, nós vamos todos para a rua da amargura.
05:10Nós vamos ficar na miséria.
05:12Nós vamos perder toda a nossa fortuna.
05:15Vamos ficar sem nada.
05:17Será possível que a Progênese pode falir?
05:21Não sei, papai.
05:24Mas do jeito que as coisas vão, podemos esperar qualquer coisa.
05:30Qualquer coisa, papai.
05:32Eu não sei ainda o que a gente vai fazer com ela, não.
05:43Só não faz nenhuma violência comigo, por favor.
05:47Tá com medo, tá, hein?
05:48Tá com medo, é?
05:49Ai, meu cabelo tá me machucando.
05:52Não, tô me machucando a molequinha, tá, tá me machucando.
05:55Mas nem tô puxando com força.
05:57Não sabe o que é sofrer, o que é sofrer na vida, né?
06:00Mas é sádico mesmo, né?
06:01Gosta de maltratar uma mulher.
06:03Bala a boca, hein?
06:04Bala com isso, não faz isso com ela.
06:06Por quê?
06:06A garota é toda frágilzinha.
06:09Não tem nada a ver com isso.
06:11Bala sério, amor.
06:12Eu tô amado.
06:15Você é linda.
06:16Eu quero ir pra casa, por favor.
06:19Me deixe mais, eu quero ir embora.
06:21Agora a Patrícia começou a gritar, vai.
06:23Bota a bordaça nela, vai.
06:24É pela primeira vez que a gente concorda.
06:26É exatamente o que eu vou fazer.
06:28Cala a boca dessa piora, né?
06:29Não.
06:31Não.
06:31Não, né?
06:32Não.
06:33Não.
06:35Olha a tua boca guichando antes de morrer.
06:37Olha, olha, que graça.
06:39Nunca pensou que pude ficar num cartilheiro, né?
06:41Hein?
06:46Você já percebeu que as plantas parecem todas iguais?
06:50Hein?
06:51Parecem, mas de repente nasce uma completamente diferente.
06:54É bacana essa capacidade...
06:56Essa capacidade de transformação da natureza, né?
06:59Inventar formas novas o tempo todo.
07:02É, mas a natureza não dá saltos.
07:04Mas quem é que te disse isso?
07:06Guiga, não é normal.
07:07Você tem uma filha com asas e outra que tem poderes de cura.
07:10Você já pensou nisso?
07:12Já.
07:12Mas se eu não só ouvi essas histórias em contos de fado.
07:18Vamos entrar?
07:20E aí, meninada?
07:21Oi, pai, pai.
07:22Tudo jóia?
07:23Tudo.
07:25É.
07:26De repente surge uma cientista que é genial e ao mesmo tempo é louca.
07:30E é capaz de criar pessoas assim com esse poder.
07:32É impressionante, né?
07:33É, mas o poder de cura é mais antigo, né?
07:36Vem de tempos mais remotos.
07:39Relatos de culturas do mundo inteiro sobre poderes de cura.
07:42A natureza é realmente surpreendente, né?
07:44Você sabia que tem plantas curativas?
07:46Claro.
07:46É, são poderosíssimas.
07:49Você sabe que outro dia descobriram que existe uma lula gigante, né?
07:52Aí eu fiquei imaginando, coitada da lula lá embaixo da água e surge um sujeito com uma máscara.
07:57Pobre lula.
07:58Guiga, eu tô falando das tuas filhas.
08:00Eu não tô falando de seres das profundezas do oceano ou de insetos exóticos da Amazônia, não.
08:04Eu tô falando da capacidade milagrosa do DNA, essa capacidade infinita e milagrosa de transformar e alterar a vida o tempo todo.
08:15Milagre pra mim é essa capacidade de cura da tua filha.
08:18Tudo bem que você me explicou que isso é por causa das experiências que a doutora Júlia fazia na clínica.
08:22Eu entendi.
08:22As minhas filhas são assim por causa da ciência, professora.
08:27Mas eu tenho certeza que alguém lá em cima traçou um caminho diferente pra ambas.
08:32Tem dedo de Deus nisso tudo.
08:34Deve ser difícil pra você ter uma filha com asas e outra que tem poderes de cura, né?
08:38Nesse sentido, eu sou como a maioria dos pais.
08:42A minha única preocupação é evitar qualquer transtorno pra essas meninas no futuro.
08:47Tá entendendo?
08:47Você acha que a Clara seria capaz de curar uma pessoa com paralisia, um paraplégico ou uma pessoa com uma doença terminal, Guilherme?
08:56Ah, isso eu não sei.
08:58Até porque ela nunca tentou, como é que eu não sabia?
09:00Mas você não tem curiosidade de saber até onde vai o poder de cura da tua filha?
09:03A única coisa que eu tenho é medo.
09:06Eu tenho muito medo de provocar curiosidade em relação às meninas.
09:11Dá pra você entender?
09:17O que você tá vendo lá na ilha, hein, Agatha?
09:40Só tem uma casa lá, mas ela tá cercada, tá com muro, grade.
09:46Que estranho isso.
09:48Estranho mesmo, né?
09:49Quem ia querer morar numa casa toda protegida numa ilha deserta?
09:51Não dá pra ver o que tem dentro.
09:53Mas é mais uma razão pro papai não levar a gente pra essa ilha, Aquiles.
09:59Quem ia querer morar numa ilha deserta numa casa desse jeito?
10:03Só se for alguém que gosta de morar sozinho, né, Vavá?
10:05É.
10:06Deve ser, né?
10:07É, viver sozinha é muito triste.
10:10Eu gosto de viver aqui por causa de vocês e do lobo.
10:13Ah, mas é que você nem se sente tão sozinho, né?
10:15Eu também gostava da casa da minha mãe.
10:18Ela cuidava muito bem de mim.
10:20Ela sempre me deu amor.
10:22Pachola que era chato.
10:23Quem é a Pachola?
10:25Ah, minha mãe dizia que era meu pai.
10:29Mas ele sempre disse que era meu padrasto.
10:32Olha que bizarro isso.
10:34Ou é pai ou é padrasto.
10:35É.
10:36E ele tinha raiva de mim só porque eu era assim, desse jeito.
10:40Que chato isso, né, Vavá?
10:43É.
10:45Mas aí eu mostrei os dentes pra ele, ó.
10:53Aí ele ficava com medo.
10:55Olha só, Vavá.
10:56Se a gente for mesmo ir embora pra essa ilha, você não vai poder ficar aqui.
10:59Eu sei.
11:00Mas o problema é já comida.
11:03Na cidade, eu pedia na rua ou cadava no lixo.
11:06É, cara.
11:06Mas vai ser difícil, viu?
11:07Meu pai, ele já tá começando a desconfiar que a gente continua te ajudando.
11:10E olha que é bem capaz de descobrir você aqui porque ele conhece muito bem essa região.
11:15Ah, que ele está certo.
11:16Esse abrigo aqui é provisório, Vavá.
11:18É sempre assim.
11:20Quando eu acho que tá se resolvendo tudo, que tá legal, acontece uma coisa que muda tudo.
11:25Ah, não exagera, Vavá.
11:28Algumas coisas mudam, mas a nossa amizade vai continuar, tá?
11:32Bom, Vavá, eu dei uma olhada no que a gente podia fazer pra arrumar um lugar pra você ficar, Vavá.
11:38Pra você não se preocupar com escola, banho, passar fome, essas coisas.
11:43E aí, o que você viu aqui?
11:44Bom, eu vi que você pode procurar a vara da infância e da juventude.
11:47O que que é isso?
11:48É como se chama hoje o antigo Juizado dos Menores.
11:53Você tem que ir num fórum.
11:54Ou aqui no Guarujá, ou em São Paulo.
11:57E a prefeitura tem uns abrigos pra menores, cara.
11:59Você podia ficar lá.
12:00Não, eu não quero ir pra abrigo nenhum.
12:02Por que não, Vavá?
12:03Num abrigo você vai ficar protegido.
12:05Não vai passar fome, vai poder estudar.
12:07Vai ser bom pra você.
12:09Vavá, ouve o que o Aquiles tá dizendo, ele sabe.
12:11Pode até ser bom pros outros meninos sem famílias, abandonados.
12:16Mas pra mim, não é.
12:18Mas por que não, Vavá?
12:19Ah, porque em todo lugar desses, onde que tem outras crianças, abrigo, escola, orfanato,
12:25lá na favela, sempre acontece a mesma coisa.
12:29O que que acontece, Vavá?
12:31Os meninos ficam me chamando de vampirinho.
12:41Não fica assim não, Vavá.
12:44Eu não sou vampiro.
12:45Digo que tem que ninguém, Kids.
12:48Sabe você o que é o amor?
13:01Não sabe, eu sei.
13:05Sabe o que é um trovador?
13:08Não sabe, eu sei.
13:11Sabe andar de madrugada, tendo a moda pela mão.
13:18Sabe gostar, não sabe nada.
13:22Sabe não.
13:25Ah, você não sabe não.
13:30Agora eu me lembrei.
13:39No outro dia, lá no bar dos pescadores, eu escutei o João Bagre dizendo isso.
13:44Que construíram alguma coisa na ilha do Arraial.
13:48Viu só?
13:49Mas eu não levei muito a sério, porque o João Bagre é muito mentiroso.
13:52E se for verdade, o que que pode ser?
13:55Será que é uma prisão?
13:56Eu vou averiguar, vou conversar com os outros pescadores.
13:59Saber mais sobre a ilha do Arraial.
14:01É até bom a gente saber o que tem lá antes de começar a pensar em se esconder, acampar ali.
14:06Ai, ai.
14:08Ai, que bom que a gente não tem que ir pra essa ilha do Arraial.
14:11As crianças estavam tão tristinhas.
14:13Eu sei, eu sei.
14:15Ainda mais agora, né, que é época de prova no colégio.
14:23Por enquanto, a gente não vai.
14:28Depois a gente vai ver como é que fica.
14:31Ai, meu amor.
14:33Que bom.
14:33Não era justo as crianças perderem um ano por causa disso?
14:37Eu tô dizendo por enquanto.
14:40Porque se a gente notar algum movimento estranho,
14:44qualquer coisa fora do normal,
14:47a gente vai se esconder sim.
14:49Ou lá na ilha, ou em algum lugar bem escondido.
14:57É só você falar pra eles que você não é um vampiro.
15:01Você só tem dente grande.
15:02Ah, mas eu digo.
15:05Ai, eles começam a me zoar.
15:07Ficam botando apelido em mim de menino lobo,
15:09de menino peludo,
15:11de menino barbudo,
15:13de menino penteiro.
15:14Olha, sabe o que você faz?
15:16Não liga pra isso.
15:17Não pega a pilha.
15:19Rir da cara deles, tirar onda.
15:21Leva numa boa, entendeu?
15:22Não, mas eu não consigo.
15:24Eu fico com raiva.
15:25E sempre quando eu fico com raiva,
15:27meus dentes crescem.
15:28Não, e aí os meninos ficam com medo de você, né?
15:30Eu nem acho tão ruim quando eles querem me zoar.
15:33O pior é quando eles querem me bater.
15:36E aí o que você faz?
15:37Ah, eu mordo, brigo, tenho confusão.
15:40Foi assim que eu aprendi a me defender, meu.
15:42Tá louco?
15:43Vová, você precisa aprender a controlar a sua raiva, cara.
15:47É, e aí os seus dentes não vão crescer tanto
15:49e as pessoas não vão ficar com medo de você, entendeu?
15:51Não, eu não queria.
15:53Não pode me sentir pra esse lugar nenhum.
15:56Eu queria mesmo.
15:57Ninguém pode fazer por mim.
15:59Nem Deus.
16:00Eu queria a minha mãe de volta.
16:03Viva.
16:10Pode entrar.
16:13Ah, por favor, eu preciso coletar o sangue do doutor César e desse senhor, sim?
16:17Não gosto não, amor.
16:19Não pode tirar sangue, não me dá um furinho na barriga, tá?
16:22Nervoso.
16:23Eu também não gosto de tirar sangue.
16:25Sangre, blood.
16:27Isso é nojento, desgaste-me.
16:30Ai, imagine, doutora Beatriz,
16:31se os homens tivessem que parir.
16:34Ai, depois ainda dizem que nós, as mulheres, é que somos fracas.
16:37Bem, depois foi eu que vou tirar sangue.
16:39Eu vou fechar meus olhos,
16:41já vou acerrar meus olhos,
16:43I will close my eyes.
16:46Já que a senhora tocou no assunto, Donaldtina,
16:48ser mãe,
16:50por que o seu filho fugiu de casa?
16:52Eu nem sei direito, doutora.
16:55Eu estava doente, sabe?
16:56Tive dengue,
16:58estava com muita febre,
16:59meu pensamento não estava funcionando bem, não.
17:02É muito estranho que um menino dessa idade saia de casa assim,
17:07a senhora não acha?
17:09O que a senhora está querendo me dizer, doutora?
17:11Nada, eu só estou perguntando.
17:14E eu só quero saber onde é que está o meu filho.
17:17Donaldtina, crianças fogem de casa porque são maltratadas.
17:24Doutora,
17:25eu estou entendendo o que a senhora quer saber.
17:29A senhora quer saber se eu era uma boa mãe,
17:35se eu tratava meu filho bem.
17:38Tratava, doutora.
17:40Eu sempre tratei meu filho muito direitinho.
17:43Ele não fugiu de casa por minha causa, não.
17:46Eu fico pensando assim,
17:48se eu tivesse ficado mais junto com ele,
17:51se eu tivesse obrigado ele a ficar mais junto comigo,
17:55podia ser tudo diferente.
17:57Ah, doutora Beatriz,
17:59a senhora não tem ideia
18:00de tudo que fica passando assim pela cabeça de uma mãe
18:06que está vivendo uma situação dessa.
18:13Mas de uma coisa a senhora pode ter certeza.
18:16Tu tem mãe neste mundo.
18:22Ama mais o seu filho
18:23do que eu amo o meu filhinho.
18:28Pode ter certeza.
18:29Eu quero me livrar o mais rápido possível
18:47de toda esta burocracia.
18:50A senhora está pensando em deixar a presidência, doutora Júlia?
18:52Isso me afasta cada vez mais das minhas pesquisas,
18:56das minhas experiências.
18:57Mas e a presidência?
18:59Eu não aguento mais toda esta papelada.
19:02Essas responsabilidades de executiva,
19:05relações públicas,
19:06encontros com diretores de unidades.
19:09Isso faz eu me afastar sempre,
19:12cada vez mais,
19:13das minhas pesquisas,
19:14das minhas experiências.
19:16Mas, doutora Júlia,
19:17alguém tem que ser presidente da progênese.
19:19Por outro lado,
19:21eu não posso deixar
19:22que a presidência seja ocupada
19:25por nenhum dos meus inimigos.
19:28Logo, logo, o juiz vai decretar
19:30quem vai ser a inventariante da fortuna do doutor Sócrates.
19:32Nós vamos fazer uma outra assembleia de diretoria
19:35e nós vamos saber
19:36quem vai ser a nova presidente
19:38ou o novo presidente da progênese.
19:41Eu recebi um e-mail da doutora Beatriz.
19:43Tem mais um problema
19:45que a senhora precisa saber.
19:46Mais um?
19:50Como se já não bastasse
19:51todos os problemas que eu tenho?
19:53Além da Rosana,
19:55tem mais um casal de pais
19:56que andam investigando a clínica.
19:58Quem?
19:59A mãe do menino lobo.
20:01E acho que o pai.
20:03Pai ou padrasto,
20:04eu não sei bem o certo.
20:05A mãe diz que ele é o pai.
20:06E ele mesmo diz que ele é o padrasto.
20:07Isso tá uma coisa muito esquisita, doutora Júlia.
20:11Mais problemas, mais problemas.
20:15E tudo que eu mais queria na minha vida agora
20:18era estar no meu laboratório de genética
20:21pra fazer as minhas pesquisas com o DNA humano.
20:25A Maria Luz fugiu da cadeia.
20:26Isso a senhora já sabia, né?
20:28Já.
20:29Já estava sabendo.
20:33Sinceramente, Amália,
20:35eu não sei aonde tudo isso vai parar.
20:37Eu acho que o projeto DNA
20:41saiu completamente de controle.
20:51Nós podemos tentar provar
20:53que vocês estavam trabalhando
20:54no dia do sequestro da filha do Dr. Sócrates.
20:56E nós acreditamos que você é a nossa filha Maria.
20:58É claro que a Maria, filha desse Sócrates,
21:01é a nossa Maria, Pepe.
21:03Sequestrar a menina
21:04por causa da herança,
21:05da grana que ela tinha direito,
21:07só não mataram porque era um bebê.
21:09E agora armaram essa
21:11pra que ela não receba toda a herança
21:12que ela tem direito, Dr. Sócrates.
21:14Ah, agora a questão é quem, né?
21:16Quem é que está por trás dessa trama diabólica?
21:19Quem?
21:19Quem?
21:20Quem é?
21:22É a Grazi.
21:23É a Grazi, meu amor.
21:31Por que você está assim?
21:31O que você tem?
21:33Eu já sei.
21:34É a Ruanita, a briga da Ruanita.
21:36Não, não é a briga.
21:37Calma, isso que tem nada a ver.
21:38Esquece.
21:39Grazi, presta atenção.
21:41Aqui, no meu olho.
21:42Eu não admito brigas aqui no circo, hein?
21:44Tudo aqui tem que ser resolvido no diálogo.
21:47Tá, tá.
21:47O Pepe deixa a menina no estado que ela está.
21:50É por causa do seu pai, minha filha.
21:51O Noé vai aparecer,
21:53dá tudo em paz.
21:53Olha, a vida se resolve.
21:55Tudo não dá certo.
21:56O Coutinho, ele foi preso.
21:58O Coutinho, preso?
21:59O que você está falando, minha filha?
22:01Foi.
22:02O Coutinho foi preso por quê?
22:03Ele estava discutindo com o delegado.
22:04Aí o Taveira foi,
22:05alegou desacato.
22:06Aí levou ele preso.
22:07E o Taveira disse que vai perseguir o meu pai.
22:10O Taveira.
22:10Bom, gente, eu vou para a delegacia.
22:12Vou ver o que está acontecendo, né?
22:13Olha, esse delegado, ele é maluco.
22:17Você não deixe esse bandido,
22:19esse crápula maltratar o Woody.
22:20Não, não deixe, por favor.
22:22Não, não, pode deixar, gente.
22:22Ele não vai se atrever.
22:24Esse delegado é das trevas, cara.
22:26Isso é, isso é maluco.
22:27Isso é, ele gosta de perseguir gente inocente, cara.
22:31Esse homem, eu não sei não.
22:34Eu não sei não.
22:35Ele tem um intestino no lugar do cérebro.
22:38Aquilo não pensa, só titica.
22:40Eu tenho muito medo desse homem.
22:43Muito medo.
22:53Fica brincando de desafiar.
22:54Fica, vai ver o que te acontece.
22:56Eu não vou me intimidar.
22:57Não desacatei ninguém.
22:59E vou abrir queixa contra vocês.
23:00Vou sim.
23:01Por abuso de autoridade.
23:02Pode ter certeza disso.
23:04É pior que ele se acha espertinho demais.
23:06Você vai ver o que te espera.
23:07Vou denunciar todos os dois.
23:08Vocês não podem ficar pressionando, ameaçando um cidadão assim, não.
23:12Eu conheço a lei e sei fazer as coisas, ô palhaço.
23:15E vai começar a ter medo da tua própria sombra.
23:17Você vai ver.
23:18Autua o cidadão por desacato, Dino.
23:20O meu advogado já está chegando aí.
23:21E dá uma prensa nele antes do advogado chegar ali na sala de reunião
23:25pra ver se ele abre o bico e solta onde é que a Maria se escondeu.
23:28Vou deixar, doutor.
23:29Vambora.
23:29Vamos que eu vou te autuar e vou te interrogar.
23:31Vambora, vamos.
23:31Vem lá.
23:32Anda.
23:32Vem me empurrar.
23:33Vem, vem.
23:34O que é que está vendo aí?
23:35Estava vendo aqui a foto da enfermeira da progênese.
23:38Conte o Maciel.
23:39Morreu num acidente.
23:41Coincidência, né?
23:42Sei não, tá vendo?
23:44Parece que teve gente que viu que ela estava sendo perseguida.
23:47Apareceu alguma testemunha na delegacia do Guarujá pra prestar depoimento?
23:50Não.
23:50Isso não.
23:51Então esquece essa mulher, Ernesto.
23:54Vamos nos concentrar no caso dos diretores da progênese,
23:57Josias Martinelli e Platão Maier.
23:59Eu quero saber o que o Marcelo Montenegro estava fazendo na hora em que o Platão morreu.
24:04Marcelo Montenegro já está sendo investigado pela própria Polícia Federal.
24:07Eu sei, mas a gente aqui também vai fazer a nossa investigação.
24:12Chama o Montenegro aqui que eu quero interrogar ele pessoalmente.
24:16Polícia Federal faz a apuração deles lá dos fatos, a gente aqui faz a nossa.
24:20Afinal, os crimes de que a gente está falando, homicídios, são da nossa alçada.
24:25O delegado da Polícia Federal, o doutor Pedreira, já está sabendo da nossa linha de investigação
24:30e colocou inclusive a corregedoria da Polícia Federal no caso.
24:33Mas se duvidar, a gente vai quebrar o Montenegro antes deles.
24:38Peraí, peraí.
24:39Você acha que o Marcelo Montenegro é um assassino?
24:43Ele cometeu todos esses assassinatos.
24:45Você acha mesmo que ele matou todas essas pessoas?
24:46Eu tenho quase certeza, Ernesto.
24:49Essa é a nossa linha de investigação?
24:51Marcelo Montenegro é cúmplice de Maria Luz e juntos os dois são culpados por toda essa série de crimes que a gente está investigando.
24:58O que é?
24:59Que cara é essa? Está duvidando?
25:00Não acho lógico.
25:02Não tem lógico, velho.
25:03A velha parece cego, cara.
25:05Isso não faz o menor sentido.
25:06Será que você não vê?
25:06Como não, Ernesto?
25:07Presta atenção.
25:09O Marcelo Montenegro matou a mulher, Mabel, com aquele bombom envenenado no restaurante.
25:13E o Dr. Walker em Miami.
25:15E a Maria matou o Dr. Sócrates na festa.
25:17Todos com o mesmo veneno.
25:19Isso é um fortíssimo indício de que o Montenegro pode sim ter matado o Josias Martinelli e agora o Platão Maia.
25:24Taveira sabe que se cometer qualquer abuso contra o Gude, nós vamos entrar com outra queixa contra ele na corrigedoria da polícia civil.
25:39O Gude vai ficar bem.
25:40O desacato é considerado um crime leve.
25:42É, com certeza é uma acusação mais leve do que homicídio.
25:45É, o máximo que pode acontecer é ter que pagar uma fiança de menos de 100 reais.
25:49Talvez nem seja necessário.
25:50Talvez o Gude seja liberado depois de prestar depoimento e ser autuado.
25:55Fica tranquila que eu vou trazer o Gude pra casa ainda hoje, Ana Luiz.
25:58Ai, obrigada, Dr. Carvalho.
26:01Você é um ótimo advogado, Carvalho.
26:04Muito bom homem.
26:07Boa gente.
26:08Eu botei você por perto, Carvalho.
26:10Muito bom.
26:11Cuidando da gente aqui.
26:13Tá uma confusão tão grande.
26:15Que isso, Ana Luiz.
26:16Bom, eu volto mais tarde pra gente tentar, né, criar nossa linha de defesa.
26:23Tá bom?
26:25Eu vou tomar um banho, lavar esse rosto, né?
26:29Graças, minha filha.
26:30Esquece a Juanita.
26:32Esquece essa briga com ela.
26:34Não vale a pena, meu amor.
26:35É, eu sei.
26:37E fica tranquila.
26:38Teu pai vai ficar numa boa, tá?
26:40Ô, gente, obrigada.
26:42Vocês sabem como vocês.
26:43Ô, menina, filhadinha, a gente também te ama, linda.
26:47Obrigada, amo muito vocês.
26:49Obrigada.
26:50Ô, meu amor, fica bem.
26:52Vamos, Carvalho.
26:54Vou te levar até o carro, tá?
26:56Vamos lá, vocês.
26:57Minha luz.
26:58Volto já, tá?
27:00Vão com Deus.
27:00Tchau.
27:01Também, meu amor.
27:02Tchau, Ana Luiz.
27:02Tchau, Ana Luiz.
27:03Tchau, meus amores.
27:04Até já.
27:05Até já.
27:13Celular do Gude?
27:17Alô?
27:18Mãe, sou eu.
27:21Gude?
27:22Não, eu tô com o telefone do Gude.
27:24Ô, minha filha, como é que você tá?
27:26Tô assustada, mãe.
27:28Maria, minha filha, o que aconteceu?
27:30Aquele policial federal, Marcelo Montenegro, ele me achou.
27:34Te achou?
27:34Como?
27:35Ele deduziu que eu tava lá na casa do Gude.
27:37Deduziu, né?
27:39Esperto esse homem.
27:40É, ele é muito inteligente.
27:41Mas ele prendeu você?
27:43Não.
27:44Quase.
27:45Mas eu consegui fugir.
27:46Graças a Deus.
27:47Você tá onde, minha filha?
27:48Eu tô na rua.
27:50Eu tô aqui perto de Pinheiros.
27:53A polícia ainda tá aí?
27:54Não, eles foram embora.
27:56Mas sabe como é que é, né?
27:57Não sei se deixaram alguém aqui por perto, de olho.
28:00Eu não posso mais voltar pra casa da dona Marisa e do Gude, mãe.
28:05Eu tô desorientada.
28:07Eu não sei pra onde ir.
28:09Ah, minha filha, deixa eu pensar.
28:11Já sei.
28:13Vai pro cinema.
28:13Pro cinema?
28:15É, pro cinema.
28:16Aí você se distrai um pouco.
28:18Você passa um tempo lá dentro.
28:20Enfim.
28:21Depois você sai pro restaurante desses pequeninos, sabe?
28:24Que tem boa massa.
28:25Aí você come uma massa.
28:26Você precisa se alimentar, Maria.
28:28Você...
28:29Ai, tanta coisa acontecendo.
28:30Você fala de um jeito, mãe.
28:32Como se tivesse tudo bem.
28:34Como se não tivesse nenhum problema.
28:36Meu amor, tô tão nervosa.
28:37Mas tá melhor aqui fora, aqui na prisão, não tá?
28:41Tá.
28:43Mas e na hora de dormir?
28:45A gente não vai ter dinheiro pra ficar pagando hotel, mãe.
28:49Eu tô com medo.
28:50Eu tô apavorada de ir presa de novo.
28:54Mais tarde, vem pro circo, Maria.
28:55Vem pro circo?
28:57Mas antes me liga.
28:58Não é perigoso, mãe.
29:00Eu vou arrumar esconderijo pra você aqui.
29:04É...
29:04Já sei.
29:05Na sala de espelho.
29:07Na sala dos espelhos?
29:08É, meu amor.
29:09Eu chamo o chaveiro, troco fechadura, mudo tudo ali.
29:13E...
29:13Digo, pronto, que tá reformando.
29:15E se a polícia desconfiar e bater lá?
29:17Na sala de espelho, meu amor.
29:19Duvido.
29:20Não tem chance do Taveira te achar.
29:21Nem ele, nem a turma dele.
29:23Naquele lugarzinho.
29:24Você sabe aonde, né?
29:25Atrás do espelho falso.
29:27Exatamente, Maria.
29:29Vem, meu amor.
29:29Vem pra cá.
29:30Vem pra junto da mamãe.
29:31Eu tô morrendo de saudade de você, minha filha.
29:33Eu também tô com muita saudade.
29:36Só aquele pouquinho que a gente se viu, não deu pra matar a saudade, minha filha.
29:41Vem pra cá.
29:42Vem pra perto da sua mãe.
29:44Vai ser bom você estar aqui escondidinha perto da gente.
29:47Mãe, mas eu não vou poder ficar lá pra sempre.
29:49Pra sempre, Maria.
29:52Pra sempre é muito tempo, minha filha.
29:54Você fica lá escondidinha.
29:56É.
29:57Até a gente provar que você é inocente.
30:00Mas eu não acho que vai ser fácil provar que eu sou inocente.
30:03Eu preciso arranjar outro esconderijo, mãe.
30:07Rápido.
30:20Consegui.
30:21A neve tá se mexendo sozinha dentro do brinquedo.
30:24Ah, mas isso você já consegue fazer há muito tempo.
30:26É, avó.
30:27Mas pelo menos mostra que eu não perdi completamente os poderes.
30:31Tô me sentindo outro depois desse banho.
30:33Mãe, faz um favor pra mim.
30:34Passa esse remédio aqui.
30:36O meu braço que eu ralei quando eu pulei o muro.
30:38Tá muito machucado?
30:41Ah.
30:41Só um pouquinho.
30:42É.
30:42Tá um pouquinho enrolado.
30:45Ai, ai, ai, ai.
30:46Mãe, isso arde?
30:47É, meu filho.
30:48O que arde cura e o que aperta segura.
30:50Então, quer dizer que a Maria Luz conseguiu escapar de você de novo, é isso?
30:57Conseguiu.
30:58Mas eu vou achar a Maria de novo.
31:01Eu vou achar.
31:02Ai, meu filho, eu tô impressionada.
31:03O que foi, mãe?
31:04Porque nunca nenhum bandido conseguiu fugir de você, nunca.
31:07Como é que essa moça já conseguiu duas vezes?
31:09Eu acho que eu já sei por que que a Maria conseguiu escapar de mim.
31:13Ela é uma mutante.
31:22Eu só tô esperando a Paola.
31:24Ah, é?
31:24Vocês vão lá na mansão mesmo, né?
31:26Pô, o Danilinho pediu pra ir pra lá pra dar uma força.
31:29Parece que o pai dele tá muito nervoso.
31:30Ah, sei, ele com a namoradinha, entre aspas, do lado, né?
31:34Vai ficar mais seguro.
31:35Fazer o quê, né?
31:37Eu já tô tendo que me segurar pra não ficar com o Rodrigo.
31:41Ai, tô estressada com essa história toda.
31:44O Danilo é lindo.
31:46Mas é gay, né?
31:48Então, na hora da verdade mesmo, não rola nada comigo.
31:51E o Rodrigo...
31:54Ai, Simone.
31:57O Rodrigo é tão gato.
31:58Ele é hétero.
32:01Não para de dar em cima de mim.
32:04Ai, como é difícil.
32:05Só eu sei.
32:07Mas sabe o que eu resolvi?
32:09Que eu não vou mais ficar pensando em homem.
32:10Eu vou seguir seu conselho.
32:12Eu vou voltar a estudar.
32:13Ou então arrumar outro emprego.
32:15Porque no final das contas, namorada de fachada não é uma boa profissão.
32:19Pois é, querida.
32:20É aquilo que eu te digo sempre.
32:21Você tem que seguir os caminhos do seu coração.
32:24É, mas a Paola me falou que o Rodrigo é a maior galinha.
32:26Ai, me desanimou um pouco, sabe?
32:29Vai que eu fico com ele e gosto.
32:32Ai, eu vou me apaixonar por um cara galinha.
32:34Ah, uma roupada, né?
32:35Minha filha, mas nessas questões o coração é importante você estar feliz.
32:39Eu não estou feliz, Simone.
32:40Eu estou enlouquecendo.
32:42Agora é sério.
32:42Eu preciso arrumar um namorado de verdade.
32:45Lucinha.
32:45Marina, você é tão linda, tão jovem.
32:49Você tem a vida toda pela frente.
32:51Você vai conseguir tudo o que você quiser e vai ser muito feliz.
32:55E agora?
32:55Eu estou achando ótima essa sua decisão, viu?
32:58De voltar a estudar.
33:00E de procurar um outro trabalho.
33:02Ai, Simone.
33:04Me desculpa.
33:05Por favor.
33:06O quê?
33:06Estou aqui falando dos meus problemas e esqueço que você está...
33:10O que é isso, minha?
33:11O que é o quê?
33:11Porque você tem um problema muito maior do que o meu, né?
33:14Senta aí.
33:18Vamos combinar uma coisa?
33:20Olha só.
33:21Você vai seguir os meus conselhos e eu vou seguir o seu.
33:26Que conselho que eu te dei?
33:27Eu vou procurar ouvir uma outra opinião médica.
33:31Eu vou querer fazer uma bateria nova de exames.
33:34Porque, Lucinha, não é possível.
33:37Eu me sinto bem demais, sabe?
33:39Para uma pessoa que está com câncer terminal na cabeça do pâncreas,
33:44num lugar que não dá nem para ser operado.
33:47Ah, não.
33:47O que é isso?
33:48Tem alguma coisa aí que eu acho que não está batendo certo nessa história.
33:52E o que o médico te disse?
33:53Então, o médico me disse que eu tinha, no máximo, 100 dias de vida.
33:58E se passaram quantos?
33:5970.
34:01E eu aqui firme, eu estou me sentindo ótima.
34:03Nem sinal de que vai me acontecer nada.
34:06Quer dizer, para não dizer que não tem sinal.
34:09De vez em quando está certo.
34:10Eu sinto, assim, uma dorzinha de barriga.
34:12Mas vai, pode ser até de nervoso, né?
34:15Simone, e se você não estiver com câncer?
34:19E se tiver sido mesmo um diagnóstico errado?
34:22Eu já pensei nisso.
34:26Por exemplo, se eles tiverem trocado os resultados, não é?
34:31Ou então, assim, se tiver havido um erro médico.
34:36Ai, Lucinha, Lucinha, o senhor não tira doente, coisa nenhuma.
34:40Já pensou?
34:41Mamãe!
34:55Ai, meu Deus, que susto!
34:57O que que é?
34:59Mamãe, por favor, não é para a senhora ficar assustada.
35:01Você entra em casa com essa cara de quem viu a assombração e não quer que eu fique assustada?
35:06Mamãe, mãe, calma.
35:07Eu tenho uma notícia para lhe dar, mas, por favor, a senhora tem que me prometer
35:10e é que a senhora não vai ficar nervosa, tá?
35:12Fala, fala, pelo meu Deus, antes que eu tenha um treco aqui.
35:15Mãe, mãe, o Gude, ele foi preso.
35:18Ai, meu Jesus amado!
35:20Ele estava com o Marinho e os dois foram presos.
35:22Não, mamãe, ele estava lá no circo.
35:24Ele foi preso por desacato à autoridade.
35:26Ai, meu Deus do céu, o Gude, meu Deus do céu.
35:30O Gude sempre foi rebelde.
35:32Agora você vê, arranjar problema sem necessidade.
35:36Não, mas meu irmão é um guerreiro, ele vai sair dessa.
35:38Olha, o Carvalho me ligou dizendo que está indo lá para a delegacia.
35:43E eu estou indo a um polo lá, tá?
35:45E eu vou com você.
35:46Onde é que está a minha bolsa?
35:47Está lá dentro, vamos nos arrumar, vamos.
35:49Vamos com essa bolsa, vai, vai.
35:52Eu só vou falar qualquer coisa na presença do meu advogado.
35:57Você é muito marrento, rapaz.
35:58Isso é jeito de uma autoridade falar com um cidadão, é?
36:01E você enche a boca para falar cidadão como se isso fosse alguma coisa?
36:05Para você pode não ser, mas para mim quer dizer muita coisa.
36:08Significa que eu tenho direitos e deveres.
36:09Os direitos eu sei quais que eu tenho, tá?
36:11E os deveres eu sei quais os que você tem como policial, tá, Dino?
36:15E você cala a boca.
36:16Cala a boca, rapaz.
36:18E eu vou te dar um conselho.
36:19Já que você se acha tão protegido assim pela tua cidadania...
36:23Eu sou protegido por Deus, pela minha fé, pelo amor que eu sinto.
36:26Eu sou uma pessoa do bem, não faço mal para ninguém.
36:28E, ó, acho que já deu, tá? Já está legal para mim.
36:30Você vai continuar com essa marra, vai?
36:32Vai que eu vou esquentar a tua orelha!
36:33Como é que você fez isso, rapaz?
36:46Vou te falar uma vez só.
36:47Não chega perto de mim, não. Nem tenta.
36:49Sou acrobata do circo, rapaz.
36:50Eu sou mágico, eu sou palhaço.
36:52Eu faço cada coisa que você nem imagina.
36:54E aí, enquadrou o marginal?
36:56Já o curei, mas ele não quis falar nada, doutor.
36:58Eu estou falando aqui com o seu agente para me deixar quieto.
37:01Melhor para ele.
37:03Vou te dar um corretivo, rapaz.
37:12Será, mano?
37:13Você acha que a Maria pode ser uma mutante?
37:16Acho.
37:16Faz sentido.
37:17Se ela for mesmo filha do doutor Socrates Maia.
37:20Segundo as minhas pesquisas, ela nasceu no Guarujana.
37:22Provavelmente na clínica da Progênese.
37:24A capacidade dela de saltar, de lutar, de correr é impressionante.
37:28É fora do normal.
37:30Pai, você está se apaixonando pela Maria?
37:33Por que você está falando isso, Tati?
37:38O jeito que você fala dela.
37:39O que tem?
37:40Parece o jeito que você falava da mamãe.
37:43Impressão sua, Tati.
37:45Não é, Marcela?
37:47É?
37:47É, porque o tibeta eu sei que está apaixonado por ela.
37:51Está querendo mexer na minha gaveta, né?
37:53Tudo bem, ela é linda, mó gata, eu sei.
37:58E se for inocente como parece, mas é para casar.
38:02É, ela é linda mesmo.
38:11O que é isso, doutor?
38:12Vou meter azeitona na tua cara, palhaço.
38:14Não vai, não.
38:15Como é que é?
38:16O senhor está blefando.
38:17Está maluco?
38:18Você não vai me dar um tiro aqui na sua sala, no meio da delegacia.
38:21Vai?
38:22Vai, tira.
38:22Estou esperando a tira, vai.
38:24Vai, tenta a sorte, que o azar é certo.
38:26Não vou te matar agora, Gustavo, porque tem muita testemunha que veio a gente vindo junto para a delegacia.
38:31Mas lá fora a coisa muda de figura.
38:32Agora eu saquei.
38:33Sacou o quê?
38:34Saquei tudo.
38:34O senhor não é policial, não é, doutor?
38:36O senhor é bandido.
38:37Eu vou te encher de porrada.
38:41Licença da beira.
38:43É aqui o doutor Carvalho, advogado do senhor Gustavo Gama.
38:45Doutor Carvalho, aqui, o delegado e o policial ali.
38:48Os dois estão querendo me agredir.
38:49Ai, fizeram mal para você.
38:52Meu filho.
38:54O senhor me desculpe, delegado, mas eu estou escutando uns gritos lá de fora.
38:56O que está acontecendo aqui?
38:57Eles estão ameaçando me torturar, mãe.
38:59Eles estão querendo te agredir, meu filho.
39:01Fala, meu filho.
39:02Essa prática de tortura que ainda tem em delegacia do Brasil, isso é uma venconha.
39:06Isso é nojento.
39:07Isso é resquício da ditadura.
39:09Herança da ditadura.
39:10Da ditadura.
39:11Anos e anos de ditadura.
39:12Anos e anos de lei que só vai contra a pobre.
39:14Que fica livrando o rico de tudo que é situação ruim.
39:16Me diz uma coisa, eles agrediram você, Gustavo?
39:20Quase.
39:21Ah, eles se agrediram, você fala que eu arranco as orelhas dele.
39:25Tira essa senhora daqui.
39:26Vambora, minha senhora.
39:26Vambora, vambora, vambora, vambora, vambora.
39:28Eu preciso falar, delegado, mas eu exijo a liberação do meu cliente.
39:32E se for preciso, a gente dá um jeito e paga a fiança.
39:34Muito bem, paga.
39:35Paga e libera, então.
39:36Vamos ver se dessa vez aprendeu alguma coisa.
39:38Porque da próxima vai ser diferente.
39:39Já pensou?
39:49Se tivesse sido um erro médico, o que acontece se você não tiver com câncer coisa nenhuma?
39:54O que acontece, meu amor, é que isso vai ser maravilhoso.
39:58Porque aí eu vou ganhar anos e anos de presente nessa vida, logo eu.
40:03Eu que adoro viver.
40:05Eu que agradeço todo dia essa dádiva maravilhosa.
40:10Que é a vida, né?
40:11Essa aventura extraordinária.
40:15Se bem que eu também não vou ficar sonhando muito com isso, não, viu?
40:20Porque vai que não seja possível, né?
40:23Que eu tenha que partir mesmo em breve.
40:26Aí, fazer o quê, né?
40:28Não, não, não.
40:28Não fica triste.
40:30Eu quero você feliz, alegre, pra cima, como você sempre é.
40:34Tá bem, tá bem, tá certo.
40:35É que eu tô lutando, viu?
40:38Pra me adaptar essa ideia, né?
40:41Mas, tiver que ser, vai ser.
40:45Eu vou aceitar.
40:47Vou fazer essa passagem da melhor forma possível.
40:51Continuar aproveitando cada instante.
40:54Sabe?
40:55Ao máximo.
40:55Ai, meu Deus, como é bom pensar que isso pode ser verdade.
41:02Que você não tá com câncer coisa nenhuma.
41:06Ai, Simone, se você tá se sentindo assim, tão bem, então a gente tem uma chance.
41:11Isso!
41:12Você precisa de uma segunda opinião.
41:13Se isso acontecer, eu juro, eu vou ser a mulher mais feliz do mundo.
41:20Ih, a mais endividada também.
41:21E a mais...
41:22Menina.
41:29É, é verdade.
41:31Você tá gastando, gastando, achando que não vai ter que pagar nada?
41:35Depois eu só quero ver, hein?
41:39Tô pronta.
41:41Tá bom essa roupa?
41:42Nossa, arrasou o figurino.
41:45Nossa, ela tá linda.
41:46Tá um espetáculo, Paula.
41:47Legalíssimo.
41:48Ai, obrigada.
41:49Vocês tão mais fofas.
41:50Eu quero que o Tony veja bem que ele tá perdendo enquanto ele fica com aquela macrela.
41:54A vida é minha, eu faço o que eu quiser.
42:01A vida é minha, eu faço o que eu quiser.
42:07A vida é minha, eu faço o que eu quiser.
42:12A vida é minha, eu faço o que eu quiser.
42:42Tô sem fome.
42:45Ô mãe, eu sei que é difícil, mas você precisa se alimentar.
42:50Olha, eu trouxe um chazinho pra você.
42:51Claro, olha pra mim.
42:54Você sabe, não sabe?
42:55Você sabe que todos nós estamos correndo perigo, não sabe?
43:02Toda a sua família.
43:05Não é só a sua irmã, todos nós.
43:08Mãe, assim você tá me assustando mais ainda.
43:13Eu sei que seu pai...
43:16Eu não tinha contato com você e com a Regina.
43:18O que que ele falou pra vocês, Cleo?
43:29Eu...
43:29Eu não sei se eu devo contar, mãe.
43:32Pra sua mãe?
43:33Você tá brincando comigo, não tá, Cleo?
43:38Fala.
43:38O que que seu pai falou pra vocês sobre tudo isso?
43:44É muito importante, Cleo.
43:45Qual é o plano, mãe?
44:00O que que a gente vai ter que fazer com a garota?
44:03Eu sei.
44:04Tô esperando ordens da chefia.
44:07Sabia que quando você fala assim, a chefia,
44:09eu fico com a impressão de que o mandante desses crimes todos é uma mulher, sabia?
44:12Por que que você tá falando isso?
44:16Porque você fala assim, a chefia.
44:18Mulher, né?
44:19Se fosse homem, você falaria o chefe e não a chefia.
44:30Sabe você o que é o amor?
44:34Não sabe, eu sei.
44:37Sabe o que é um trovador?
44:40Não sabe, eu sei.
44:42Eu sei.
44:43Ah, você.
44:47Não sabe, não.