Amigos, eu ando falando muito do Brasil real. E muita gente já rosna, com tédio e irritação: Você está descobrindo o Brasil? É exato. Estou, sim, estou descobrindo o Brasil. Eis que, de repente, cada um de nós, cada um dos 207,7 milhões de brasileiros passa a ser um Pedro Álvares Cabral. Já descobrimos o Brasil e não todo o Brasil. Ainda há muito Brasil para descobrir.
Não há de ser num relance, num vago e distraído olhar, que vamos sentir todo o Brasil. Este país é uma descoberta contínua e deslumbrante. E justiça se faça ao escrete: é ele que está promovendo, quem está anunciando o Brasil. A princípio, o sujeito pode pensar que o escrete revelou o Brasil para o mundo. Isso também.
Todavia, o mais importante e o mais patético é a descoberta do Brasil para os próprios brasileiros. Pergunto: o que sabemos nós do Brasil?
O documentário: Historia Brasileira da Infâmia, navega nas contradições e revisões históricas do episódio antropofágico envolvendo os índios Caetés e o primeiro bispo do Brasil, Dom Pero Fernandes Sardinha, confrontando opiniões de historiadores, padres, populares, analisando contexto, documentos, cartas e alguns personagens daquela época.
Em 1556, a nau Nossa Senhora da Ajuda naufragou em território alagoano. Dom Pero Fernandes Sardinha e pelo menos mais 90 sobreviventes foram “recepcionados” pelos nativos habitantes da região, os Caetés. Segundo a história catequizante, o bispo e todos os sobreviventes foram devorados pelos índios selvagens em um ritual antropofágico. O fato de ter sido um ataque a um oficial da palavra cristã abalou Portugal, gerando uma guerra, e por consequência, a dizimação de boa parte dos povos indígenas.
A questão antropofágica dos índios Caetés era cultural, um ritual eucarístico, tinha o corpo do guerreiro como uma fonte para tomar suas forças e saberes.
O poder político sempre esteve junto ao poder religioso, para o rei se firmar diante os nobres que detinham o poder do sistema feudal, porém, as divergências entre o bispo e o governador gerou um abismo entre essa relação. Tamanha divergência faz surgir hipóteses de uma possível cilada para que o bispo fosse morto e acabar com a intriga. Dentro de um cenário em que se encontravam de um lado os “civilizados”, e do outro os “selvagens”, seria contada uma história conveniente para os “operadores” da época, uma história de desigualdade, operadores esses que eram ligados a razão do capital.
Vencedor do edital DocTV em 2005, o documentário de Werner Salles, propõe uma reflexão sobre a “versão oficial”, essa dominação ideológica que patologizou nossa sociedade a mais de 450 anos atrás, suas relações de poder, de abuso e de submissão que persistem até os dias de hoje. Quixotear a história oficial caricara e burlesca é preciso...
Não há de ser num relance, num vago e distraído olhar, que vamos sentir todo o Brasil. Este país é uma descoberta contínua e deslumbrante. E justiça se faça ao escrete: é ele que está promovendo, quem está anunciando o Brasil. A princípio, o sujeito pode pensar que o escrete revelou o Brasil para o mundo. Isso também.
Todavia, o mais importante e o mais patético é a descoberta do Brasil para os próprios brasileiros. Pergunto: o que sabemos nós do Brasil?
O documentário: Historia Brasileira da Infâmia, navega nas contradições e revisões históricas do episódio antropofágico envolvendo os índios Caetés e o primeiro bispo do Brasil, Dom Pero Fernandes Sardinha, confrontando opiniões de historiadores, padres, populares, analisando contexto, documentos, cartas e alguns personagens daquela época.
Em 1556, a nau Nossa Senhora da Ajuda naufragou em território alagoano. Dom Pero Fernandes Sardinha e pelo menos mais 90 sobreviventes foram “recepcionados” pelos nativos habitantes da região, os Caetés. Segundo a história catequizante, o bispo e todos os sobreviventes foram devorados pelos índios selvagens em um ritual antropofágico. O fato de ter sido um ataque a um oficial da palavra cristã abalou Portugal, gerando uma guerra, e por consequência, a dizimação de boa parte dos povos indígenas.
A questão antropofágica dos índios Caetés era cultural, um ritual eucarístico, tinha o corpo do guerreiro como uma fonte para tomar suas forças e saberes.
O poder político sempre esteve junto ao poder religioso, para o rei se firmar diante os nobres que detinham o poder do sistema feudal, porém, as divergências entre o bispo e o governador gerou um abismo entre essa relação. Tamanha divergência faz surgir hipóteses de uma possível cilada para que o bispo fosse morto e acabar com a intriga. Dentro de um cenário em que se encontravam de um lado os “civilizados”, e do outro os “selvagens”, seria contada uma história conveniente para os “operadores” da época, uma história de desigualdade, operadores esses que eram ligados a razão do capital.
Vencedor do edital DocTV em 2005, o documentário de Werner Salles, propõe uma reflexão sobre a “versão oficial”, essa dominação ideológica que patologizou nossa sociedade a mais de 450 anos atrás, suas relações de poder, de abuso e de submissão que persistem até os dias de hoje. Quixotear a história oficial caricara e burlesca é preciso...
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