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Os EUA investigam tarifas sobre fármacos e semicondutores, enquanto Donald Trump cogita aliviar impostos para montadoras. Mariana Almeida e Juliana Inhasz analisaram o impacto da incerteza na indústria e o risco de recessão.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://tinyurl.com/guerra-tarifaria-trump

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Transcrição
00:00Os Estados Unidos começaram um estudo sobre tarifas específicas para produtos farmacêuticos e semicondutores importados.
00:07Por outro lado, Donald Trump cogita aliviar as taxas sobre o setor automobilístico.
00:15Foram iniciadas investigações de segurança nacional sobre importações de produtos farmacêuticos e semicondutores.
00:22O aviso foi publicado no Registro Federal dos Estados Unidos.
00:26A medida confirma o anúncio do presidente Donald Trump, que afirmou que a cadeia de eletrônicos não estava sendo liberada do tarifaço.
00:36O governo estava analisando sua mudança apenas para uma nova categoria de tarifas.
00:41A Casa Branca isentou smartphones, laptops e outros eletrônicos das tarifas recíprocas.
00:47Com a decisão, esses produtos ficariam de fora das tarifas de 145% impostas à China, principal polo de produção de eletrônicos como o iPhone,
00:59e da alíquota de 10% aplicada à maioria dos outros países.
01:05Foram listadas 20 categorias de produtos, que além dos celulares e computadores, incluem semicondutores, chips de memória e monitores de tela plana.
01:15São itens que não costumam ser fabricados nos Estados Unidos, e a instalação de uma produção no país exigiria anos de estruturação.
01:25As isenções anunciadas seriam um benefício direto a empresas de tecnologia dos Estados Unidos, como NVIDIA e Dell,
01:33assim como a própria Apple, que fabrica iPhones e outros produtos de ponta na China.
01:38Mas Trump negou que estaria retirando os produtos das tarifas impostas para produtos importados.
01:45Com a ameaça de um agravamento na guerra comercial, a NVIDIA afirmou que está transferindo parte de suas operações
01:53de fabricação de supercomputadores de inteligência artificial para os Estados Unidos.
01:59A empresa anunciou que planeja investir 500 bilhões de dólares no desenvolvimento da infraestrutura necessária no país.
02:07Iniciativa também na Coreia do Sul, que anunciou um pacote de apoio de 33 milhões de wons,
02:14cerca de 23 bilhões de dólares, para a indústria de semicondutores.
02:19O apoio financeiro da Coreia do Sul foi cerca de 25% superior ao montante prometido no ano passado.
02:28O governo sul-coreano pretende subsidiar a construção de linhas subterrâneas de transmissão de energia para semicondutores,
02:36além de aumentar a taxa de financiamento para infraestrutura em complexos industriais avançados de 30% para 50%.
02:45Após o anúncio, o índice sul-coreano COSP subiu 0,68%.
02:53Outra atitude de Donald Trump que provocou enormes movimentações no mercado financeiro
02:58foi a confirmação de uma isenção temporária nas tarifas automotivas
03:03para aliviar algumas montadoras americanas que dependem de autopeças importadas.
03:09Estou pensando em algo para ajudar algumas das empresas automotivas
03:14que têm peças fabricadas no Canadá, México e outros lugares.
03:18E elas precisam de um pouco de tempo porque vão fabricá-las aqui.
03:23As declarações oferecem certo alívio às fabricantes afetadas pelas tarifas sobre carros e caminhonetes,
03:30mas também aumentam a incerteza sobre a política comercial do governo.
03:34As ações da General Motors, da Ford e da Estelantes subiram após os comentários.
03:41O presidente da Anfávia, Márcio de Lima Leite,
03:44falou sobre como uma possível ajuda de Trump às montadoras pode afetar os fabricantes brasileiros.
03:51O que muda talvez seja um arrefecimento nas alíquotas do México para os Estados Unidos,
03:57que deve ter uma dosagem um pouco menor do que a gente imaginava,
04:01que era uma tributação de imediato para 25%.
04:04E o governo americano tem criado, na essência do programa, a necessidade de investimentos nos Estados Unidos.
04:11Então, quando nós falamos de investimentos nos Estados Unidos,
04:15acaba impactando, sim, o Brasil de alguma forma.
04:19Mária Almeida, já virou uma característica previsível de Donald Trump falar para depois voltar atrás.
04:25Nesse caso em especial que a gente viu, na sua opinião, recuo ou estratégia?
04:30O que dá para a gente esperar desse novo passo atrás de Trump?
04:34Bom dia.
04:34Bom dia, Paula. Bom dia para todo mundo que nos acompanha.
04:37A Paula sempre me faz umas perguntas difíceis de manhã, só para ver se ela vai deixar um constrangimento.
04:42Porque adivinhar quando que o Donald Trump vai recuar e quando que ele vai avançar é muito difícil.
04:47No fundo, ele vai dando esses sinais para manter exatamente esse clima de grande incerteza.
04:53Do ponto de vista político, o Donald Trump tem isso como método, que é trabalhar a incerteza, trabalhar essa volatilidade.
05:01E, de alguma maneira, é o que alguns que defendem a visão diriam que é essa forma de negociar.
05:07A incerteza, a instabilidade cria essa ansiedade também nos demais, em quem está dialogando com ele.
05:13E, com isso, traz para a mesa de maneira mais fragilizada.
05:16E aí, ele poderia ter melhores condições de negociar.
05:19O que dificulta bastante, do ponto de vista dos analistas, é negociar rumo ao quê?
05:25Essa é que é a nossa grande dificuldade.
05:27Quer dizer, qual é a intenção real de Donald Trump?
05:29Onde ele quer chegar?
05:31Ah, ele quer reindustrializar os Estados Unidos, quer trazer de volta as indústrias.
05:35Quanto? Quais? Como?
05:38Porque a ideia da industrialização, enfim, se a gente pensar do ponto de vista econômico,
05:42sempre teve uma tensão específica do que é que vai determinar a industrialização de um país.
05:47O que é, e dois agentes principais, duas linhas principais sempre foram debatidas.
05:53Uma primeira é que a indústria que deve existir dentro de um determinado mercado,
05:56ela deve ser escolhida, desenvolvida pelas regras de mercado.
06:00Ou seja, agentes que estão ali maximizando o lucro, vou falar o basicão, né, assim, de mercado.
06:05Tem agentes que estão lá maximizando o lucro e que vão responder a incentivos econômicos para tomar sua decisão.
06:10Então, vamos procurar as melhores condições de produção,
06:12onde o mercado de trabalho é mais produtivo, com custos que são mais razoáveis
06:17e com um processo logístico de acesso a mercados também, para vender a demanda,
06:22que são mais interessantes.
06:23E essas escolhas são feitas por meio, exatamente, do agente que ganha com elas.
06:28Por quê? Porque ele tem que responder a esses incentivos econômicos.
06:31Do outro lado, tem visões que entendem que a indústria cumpre um papel estratégico de desenvolvimento do país
06:36e que precisam ser coordenadas, incentivadas pelo governo.
06:40Então, o governo tem que ir lá fazer uma análise de qual é o papel dessa indústria na minha economia
06:45e eu vou decidir se vai ter mais incentivos para essa ou para aquela indústria.
06:49A farmacêutica é muito importante, eu vou incentivar a farmacêutica e criar ambientes artificialmente,
06:55ou seja, para além desses incentivos próprios de mercado, para que essa indústria se estabeleça.
07:01Esse mercado ou governo é a grande tensão de quem deve definir exatamente a colocação de uma indústria,
07:10que foi a conversa, por exemplo, entre socialismo e capitalismo ao longo do século XX,
07:13e depois entre países em desenvolvimento e a briga pelo livre mercado.
07:17Acontece que o que a gente estava acostumado é que quem mais defendeu o acesso ao livre mercado,
07:22as definições pelos incentivos econômicos, foi sempre os Estados Unidos.
07:26Os Estados Unidos é que puxavam essa fila e entendiam que as negociações para facilitar os incentivos de mercado
07:33em outros países tinham que acontecer no nível multilateral, forçando acordos internacionais rumo a esse livre mercado.
07:39Porque, claro, os incentivos econômicos ninguém é ingênuo de saber que está tudo completamente livre.
07:45Não, tem governos que criam outros ambientes também artificiais e isso vai distorcendo a leitura dos agentes econômicos.
07:53Isso é sabido, sempre soube, mas os Estados Unidos eram o grande bastião da defesa de que isso deveria ser conversado,
07:59dialogado no ambiente multilateral rumo a essa possibilidade de que a alocação de recursos e a estruturação das indústrias
08:07deveria, no limite, buscar a melhor definição possível nesse grande tabuleiro privado de tomada de decisão.
08:15Quando o presidente Donald Trump entra, ele muda essa lógica e o que a gente assiste é basicamente isso.
08:19Ele está alterando tanto o multilateralismo, não quero mais o jogo dessa forma, não quero mais esse tabuleiro,
08:27eu vou definir e eu vou fazer os meus estudos.
08:29Quando ele traz esses estudos, vou estudar a indústria farmacêutica, vou estudar a melhor tarifa para o caso dos eletrônicos,
08:36vou estudar a melhor relação com cada país, basicamente ele está dizendo que ele, Donald Trump,
08:41consegue entender melhor quais são as melhores indústrias, as melhores alocações dentro do país
08:46do que os próprios agentes de mercado. Isso é muito diferente do que historicamente a gente tem,
08:51vai contra a parte da teoria econômica que foi mais desenvolvida, inclusive nos Estados Unidos,
08:55e gera essa grande incerteza. Ou seja, incerteza é um método do Trump, ele quer negociar rumo ao quê?
09:01Rumo à visão de Trump do que se espera da economia americana.
09:04Resta saber se ela vai reagir da maneira que Trump acha que ela vai fazer.
09:08Mas vamos acompanhar, Paula.
09:09É isso, 7h10 e agora a gente vai a um destaque do site da CNBC.
09:15Se a China perder parte da manufatura como resultado das tarifas de Donald Trump,
09:20o setor manufatureiro dos Estados Unidos não será o principal beneficiário,
09:25de acordo com uma nova pesquisa da cadeia de suprimentos realizada pela CNBC.
09:30O governo Trump diz que um boom da retomada industrial no país está chegando,
09:35mas a maioria das empresas disse à CNBC que trazer de volta as cadeias de suprimentos
09:41pode até dobrar os seus custos e que, em vez disso,
09:45começará uma busca por regimes de tarifas baixas em todo o mundo.
09:50Mari, bom, é tão simples assim voltar até indústrias manufatureiras nos Estados Unidos?
09:55Porque segundo essa pesquisa da CNBC, não é, né?
09:58E a instalação de algumas produções no país exigiriam, imagino aí,
10:02altíssimos custos para a estruturação.
10:05Exatamente, Paula. E não só custos de estruturação, como se voltassem,
10:09elas não estariam fazendo o que o Trump disse que é a intenção, que é gerar novos empregos.
10:14Porque segundo essa pesquisa, 81% dos entrevistados apostam que um retorno industrial
10:19viria baseado na automação, ou seja, desenvolvimento de processos industriais
10:24que não dependem da participação humana, que não geram emprego.
10:28Geram inovação, geram riqueza, mas não o emprego diretamente na economia.
10:32Porque isso é super importante.
10:34A indústria que Donald Trump disse que quer retomar para fazer o Make America Great Again
10:39é uma indústria lá dos anos 50 que não existe mais.
10:42Hoje em dia, o processo industrial, ainda mais agora, nessa fase em que estamos de incorporação
10:47da inteligência artificial, ela tem um grau de automação,
10:51um grau de capacidade de produção para além do trabalho e uma demanda por trabalho especializado
10:57muito diferente.
10:58Então, essa pesquisa basicamente confira um pouco o que eu vinha dizendo antes,
11:02de que o que se espera do ponto de vista centralizado de governo para a reação de uma política,
11:07às vezes, industrial, uma política econômica, não necessariamente é o que os agentes privados
11:11conseguem identificar quando estão atuando no mercado.
11:14Então, a ideia de quero viabilizar essas indústrias aqui, isso é o que o presidente está colocando,
11:21quero trazer essas indústrias e vou criar um ambiente propício.
11:24E elas estão dizendo, bom, talvez, mesmo com esse ambiente propício, eu não vou voltar para lá.
11:29Volto um pedaço, volto automatizado, mas eu não vou gerar esses empregos,
11:32eu vou procurar outros mercados, eu vou fazer outras buscas.
11:35De novo, eu, agente privado, vou continuar buscando os incentivos privados para fazer a minha alocação.
11:40Isso não é uma coisa estática, é dinâmica.
11:43Então, é como se fosse uma grande corrida entre um governo querendo capturar
11:46uma determinada capacidade produtiva de uma geração de empregos,
11:50que estão estáticas no tempo, mas agente econômico é um agente muito dinâmico,
11:54cada fator acaba alterando um conjunto de aspectos da cadeia
11:57e tentar adivinhar o que vai acontecer no mercado nunca foi algo fácil
12:02e nunca foi algo tão bem sucedido.
12:04Nessa situação, o que a pesquisa está trazendo parece que é,
12:07olha, essa ideia de trazer empregos, por mais que exista investimento,
12:10não deve ter os resultados esperados.
12:13E um último dado importante da pesquisa é que o tempo para a execução das mudanças,
12:18para a tomada de decisão, parece que, segundo a maioria dos respondentes,
12:23seria no máximo de nove meses.
12:24Ou seja, está todo mundo ainda em compasso de espera, ainda elucubrando,
12:28mas em algum momento, e aí respondendo a primeira pergunta da Paula,
12:31o que podemos esperar de Donald Trump?
12:33Em nove meses, a maioria dos agentes econômicos fala,
12:35olha, não sei exatamente o que esperar,
12:36mas eu vou começar a tomar decisão com a incerteza mesmo.
12:39E aí pode ser fechamento de fábrica, redução de produção, redução de pedidos,
12:43enfim, um efeito que é algo que está se esperando no curto prazo,
12:46recessivo e de maior inflação.
12:48E aí tem efeitos, a gente fala tanto de macroeconomia,
12:51mas tem efeitos concretos na vida de muita gente.
12:53Vamos esperar que isso não seja o desfecho mais forte que a gente vai ter ainda
12:57esse ano com essas mudanças que a gente está assistindo.
13:00Paula?
13:01É, e a gente segue falando disso, né, Mari?
13:05E olha só, quais podem ser as consequências da política econômica estabelecida por Donald Trump, hein?
13:10Existe aí um risco de recessão?
13:12A gente vai analisar esse assunto com a Juliana Inras,
13:16coordenadora do curso de economia do INSPER.
13:19Bom, Juliana, o que os especialistas e economistas, como a Mari, dizem,
13:24é que sim, né, de fato, tem o risco de haver a recessão.
13:28A gente está cada vez mais perto desse cenário?
13:31Bom dia para você e obrigada pela sua gentileza de participar ao vivo aqui com a gente no Agora.
13:36Bom dia, Paula, Portina Mari, é um prazer estar aqui com vocês.
13:40Eu corroboro bastante a percepção desses meus colegas.
13:44Acho que uma recessão global, eu acho que ainda é difícil da gente prever, né?
13:49Assim como a Mari disse, não é tão difícil a gente prever de fato
13:53o que o Trump vai fazer, é também muito difícil a gente entender
13:56como a partir de uma efetivação desse pacote de tarifas,
14:02que ainda não foi efetivado de fato, né?
14:05A gente está aí vendo todas essas idas e vindas,
14:08todo esse cenário de grande incerteza,
14:11mas fato é que se ele for efetivado,
14:14a gente sabe que a economia americana,
14:16que hoje já está flertando muito com o risco de recessão,
14:20deve realmente caminhar para esse cenário,
14:24e aí, claro, a economia mundial acaba sendo aí bastante impactada.
14:28Então, a economia americana hoje parece já caminhar, sim, para essa recessão.
14:34Esse parece ser um cenário meio que definido, né?
14:38A onda de incertezas que o Donald Trump está causando
14:42está fazendo com que os próprios agentes da economia americana
14:46recuem em consumo, recuem em investimento,
14:49preços de ações estão derretendo, né?
14:52A gente viu aí as ações de empresas de investimento, né?
14:56Investimento em grandes tecnologias que sofreram bastante
15:00com esse início desse tarifaço,
15:03mas o fato é que parece que essa economia americana caminha para isso.
15:06E aí, se isso se efetivar, dadas as inúmeras conexões, né?
15:11A rede que se estabelece ao redor dessa economia aí do mundo como um todo
15:16e todas as interdependências, né?
15:19Todos os países, direto ou indiretamente,
15:21dependem da economia americana,
15:23seja vendendo seus produtos,
15:25seja comprando os produtos que eles fabricam.
15:29Então, isso tudo deve fazer com que a economia mundial,
15:32sem dúvida, esfrie, né?
15:34Acho que 2025 parece ser um ano aí, de fato, diferente
15:39daquele que a gente previa para a economia mundial, né?
15:42O crescimento deve ser aí um tanto menor
15:45a reboque, né?
15:47Desses meses aí já que a gente tem de incertezas
15:51e dessas incertezas que parecem que vão ficar maiores.
15:54Ju, prazer falar com você agora cedinho aqui no Agora.
15:58Muito bem.
15:59Bom, é isso.
16:00Muito difícil a gente pensar,
16:02conseguir fazer grandes previsões para o futuro,
16:04mas queria a tua opinião em relação a dois cenários, assim,
16:06porque existe a possibilidade disso ser só um episódio, né?
16:10Quer dizer, um grande surto aí
16:12de uma tentativa de colocação de tarifas
16:14que nem se efetiva direito, vai e vem,
16:16é uma crise que vai e volta
16:19e que, de alguma maneira, as peças meio que voltam
16:21para o seu lugar uma vez que termina este capítulo.
16:24Agora, em outros momentos históricos,
16:26algumas atitudes, inclusive dos Estados Unidos,
16:28ou coisas que aconteceram nos Estados Unidos,
16:30mudaram realmente o patamar da organização internacional
16:34do comércio e das finanças.
16:35Aí pode ser crise de 29, a própria Segunda Guerra,
16:39depois, nos anos 70, o choque lá do Volcker em 79,
16:44você tem algumas mudanças que reorganizaram as finanças
16:47e reorganizaram a produção.
16:49Nesse caso, seria uma reorganização para, talvez,
16:51uma maior localização, economias nacionais mais fortes.
16:55Qual que é a tua aposta?
16:56Uma mudança significativa, mais uma histórica,
16:59ou um episódio que está animando aí,
17:02um reality show, como eu e a Paula gostando de brincar aqui,
17:05um reality show que está animando em 2025,
17:07mas que vai passar e as peças vão voltar para onde estavam?
17:11Mari, eu acho que, se tratando de Trump,
17:14é muito difícil, como você sempre fala aqui,
17:17a gente conseguir prever alguma coisa muito certo, né?
17:19Mas me parece, primeiro, por esse começo, né?
17:24A gente está falando aí de pouco mais de dois meses de mandato dele,
17:28e já foi um período aí extremamente animado, né?
17:33Animado do lado que a gente não gosta, né?
17:35Muita incerteza, muitas dúvidas.
17:39Então, e ele tem dado esses sinais de idas e vindas, né?
17:43Ele é conhecido, antes, inclusive, da carreira pública e política,
17:48como uma pessoa de negociação, né?
17:51E de negociação difícil, né?
17:53Que sempre quis impor demandas muito altas
17:57para depois negociar cenários que eram muito factíveis para ele.
18:01Parece que ele está usando essa mesma estratégia nesse caso, né?
18:05Ele está colocando coisas absurdas,
18:07e aí ele vem aliviando um pouco essa percepção ou essas demandas.
18:14Eu acho que nesse cenário, primeiro,
18:15ele perde muito pouco levando ao cabo essa política de tarifas, né?
18:21Ele, aparentemente, perde pouco pessoalmente, né?
18:25Ele já tem uma determinada, ele já tem fama, né?
18:28Ele é um presidente que já é um senhor,
18:32dificilmente, talvez, ele consiga mais períodos à frente da Casa Branca.
18:36Então, eu acho que ele não tem tantos incentivos pessoais
18:41a não levar isso à frente.
18:42Por outro lado, é claro, ele sofre uma pressão internacional muito grande, né?
18:47Porque ele está conseguindo balançar todas as estruturas,
18:51isso é um fato, né?
18:53Ele está conseguindo trazer efeitos para todo mundo.
18:56Então, eu tenho a impressão que a gente não vai ficar em nenhum desses dois extremos.
19:01Eu não acho que as peças vão voltar naturalmente pelos lugares,
19:05porque eu acho que, primeiro, tudo que ele causa,
19:06traz uma percepção de que as economias mundo afora
19:11não podem se acomodar e parar onde estavam, né?
19:14Talvez elas precisam ficar prontas
19:17para outros momentos em que isso vai acontecer de novo.
19:21Porque ele abre um caminho,
19:23ele abre um espaço muito grande
19:24para outros presidentes que o sucederão,
19:28que certamente vão entender que existe ali um poder muito grande
19:32para mover a economia mundial para um lado ou para o outro.
19:36Da mesma forma, eu não acho que talvez ele leve isso
19:39da forma como inicialmente ele trouxe,
19:42porque ele está percebendo, ele também é uma pessoa bem esperta,
19:45ele está percebendo que os efeitos que ele está causando
19:48não são bons nem para eles.
19:50Então, eu acho que a gente deve ficar no meio termo.
19:53Eu acho que ele não vai fazer as políticas do jeito
19:56que ele colocou inicialmente,
19:58porque ele sabe que não são fortíveis,
20:00mas também não acho que ele recuí totalmente.
20:02Isso enfraqueceria bastante ele pessoalmente
20:05à frente da Casa Branca.
20:08Qualquer arranjo entre esses dois extremos
20:11certamente vai causar prejuízos para a economia mundial.
20:15Acho que isso é uma coisa que a gente não tem mais dúvida.
20:18Ju, você acha que ele tem percebido,
20:22pegando aí também como gancho a sua resposta,
20:24que foi praticamente um tiro no pé o que ele está fazendo?
20:27Porque ele tanto pregou em campanha,
20:29é make America great again,
20:31e agora, na verdade, é US making China great again.
20:36Eu acho, Paula, que o que está acontecendo
20:38é que ele está percebendo que o efeito,
20:41claro, ele não pode colocar as políticas do jeito que ele colocou.
20:45Porque ele sabe que a economia americana,
20:47especificamente com relação à China,
20:49existem dependências fortes.
20:51Se a gente for fazer uma comparação entre forças,
20:55parece que a China consegue virar esse jogo mais fácil,
21:00e não que vai ser fácil.
21:01A China também vai ter bastante dificuldade no primeiro momento,
21:05se essas tarifas todas forem realmente instituídas,
21:08ela vai ter bastante dificuldade para,
21:10num primeiro momento, substituir tudo aquilo que ela compra
21:12da economia americana,
21:13e, claro, ganhar outros mercados.
21:16A gente está falando aí de volumes absurdos
21:19de trocas de mercadorias entre esses dois países.
21:22Mas a China parece virar esse jogo muito mais rápido.
21:25Eu acho que o ponto aqui é que ele percebe
21:27que também não dá para virar o jogo fácil.
21:29Mas ele quer mostrar que ele tem força,
21:32ele quer mostrar, claro, uma grande pressão.
21:35Então, eu acho que bate, não sei se um arrependimento,
21:39mas eu acho que ele talvez esteja testando ali
21:42qual é a resiliência e quais são, claro, os limites da economia americana.
21:47A queda das bolsas, toda a instabilidade
21:50que as primeiras medidas dele trouxeram,
21:53devem ter, claro, mostrado para ele
21:55que existem limites dos quais alguns ele pode chegar perto,
22:00outros talvez não seja agradável que ele o faça.
22:03Então, eu acho que ele está muito mais nessa percepção.
22:06Ele está mapeando, claro, quais são os limites.
22:09Se vai bater um arrependimento,
22:11aí vai depender muito do que ele vai fazer a partir de agora.
22:14Mas eu acho que ele já percebeu aí
22:16que ele não controla todas as variáveis.
22:21Ele aperta alguns botões,
22:23mas o que vai acontecer logo depois
22:25não depende só dele.
22:27E, Ju, e esses investimentos que agora a NVIDIA anunciou,
22:30também Coreia do Sul,
22:31você acha que eles são uma camada um pouco mais narrativa mesmo,
22:35um pouco uma espuma aí para chamar atenção de resultado?
22:38Ou que, de fato, as empresas vão começar a tomar decisões,
22:41eventualmente retorno e produção nos Estados Unidos?
22:45Eu acho que tem bastante um cenário
22:48de tentar se colocar dentro dessa história, Mari.
22:53É óbvio, né?
22:55O grande princípio do Trump, desde o início,
22:59era trazer essas empresas que estavam procurando lugares mais baratos
23:03para a produção de volta ao solo americano.
23:06Agora, a questão é que produzir dentro da economia americana não é barato.
23:10Isso encarece bastante o processo de produção,
23:13reduz muito as margens de lucro.
23:16Então, eu acho que pode ser que elas estejam, na verdade,
23:19apontando essa saída,
23:21mas eu duvido muito que elas vão, de fato,
23:24tirar as suas fábricas de lugares onde a produção é muito mais vantajosa.
23:30Porque ninguém está afim, honestamente,
23:33de reduzir tanto os seus lucros ou os seus retornos
23:36por uma questão que parece mais patriótica do que econômica.
23:41A gente aprende em economia que você busca maximizar os seus recursos
23:46de acordo com as possibilidades que você tem sobre a mesa.
23:52É muito difícil achar que elas vão simplesmente colocar
23:55as fábricas dentro da economia americana
23:58sem querer, por exemplo, algo em troca.
24:00Então, eu acho que tem, talvez, um direcionamento
24:03no sentido de entender qual vai ser o posicionamento do próprio Trump
24:07a partir do momento que elas se mostrarem dispostas a voltar,
24:11mas naturalmente, e a intensificar ali a sua produção em solo americano,
24:15mas naturalmente elas vão querer algum subsídio.
24:18Você falava bastante no começo sobre todos os incentivos ali
24:22que não são muito naturais, que são artificiais
24:26para que você consiga trazer a produção,
24:29e, enfim, virar esse jogo a favor da economia americana.
24:34Eu acho que elas estão, talvez, esperando qual vai ser a contrapartida
24:38para que elas, de fato, façam isso.
24:40Fato é que a economia americana, de alguma forma,
24:42vai ter que arcar com essa volta.
24:46Caso contrário, provavelmente, ninguém vai querer voltar.
24:48É isso, muito obrigada, viu, Juliana Inrasa,
24:52acho que eu pronunciei certo seu sobrenome,
24:54coordenadora do curso de economia do INSPER.
24:56Obrigada por ter participado aqui com a gente,
24:58enriquecido esse debate e todos esses desdobramentos
25:01que a gente tem falado aí há bastante tempo
25:04e provavelmente vamos continuar ainda.
25:06Muito obrigada e um ótimo dia para você, viu?
25:08Obrigada, Paula, ótimo dia a você, a Mari e a todos que nos assistem.
25:12Bom dia.

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