Carolina Silva Pedroso, coordenadora de RI na Unaerp, explicou os impactos da reeleição de Daniel Noboa no Equador, país dolarizado e estratégico na exportação de petróleo e frutas. O alinhamento com Trump e a política de segurança inspirada em Bukele podem influenciar toda a América Latina.
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NotíciasTranscrição
00:00E sobre a reeleição do presidente do Equador, eu converso com Carolina Silva Pedroso, coordenadora e docente do Curso de Relações Internacionais da Universidade de Ribeirão Preto.
00:12Boa noite, professora. Sempre um prazer recebê-la aqui na nossa programação.
00:16Olhando para o Equador e a função econômica que o país exerce aqui no Cone Sul, nós estamos falando da segunda maior reserva de petróleo da região.
00:25O Equador só perde a reserva de petróleo para a Venezuela. É um tema que nem todo mundo sabe, só para eu dar o tamanho da importância.
00:34A família Noboa, do presidente, é uma importante família exportadora de frutas, principalmente banana, para os Estados Unidos.
00:42Então, o país, o Equador, também tem essa função de uma exportação de produtos frescos para a América do Norte.
00:49Quer dizer, economicamente falando, é muito importante. Mas existe uma questão nevrálgica, o narcotráfico.
00:56Por que é tão importante a gente olhar para o Equador para a gente entender a nossa própria região e, principalmente, a economia das três Américas?
01:04Professora, bem-vinda mais uma vez.
01:06Obrigada. Boa noite, Favale. Um prazer.
01:09O Equador também tem paralelos, inclusive, com a El Salvador, que estava sendo mostrado agora há pouco.
01:14Também é uma economia dolarizada, dolarizou nos anos 2000.
01:17Tem fortes conexões com a América do Norte, como você já bem pontuou, tanto pelo fornecimento das frutas tropicais.
01:26Foi considerada por muito tempo uma república das bananas, exatamente por conta disso.
01:30E tem ainda essa questão do petróleo, importante fornecedor de petróleo.
01:35O petróleo equatoriano tem uma característica que é bastante interessante, que é um petróleo diferente do venezuelano,
01:40que é mais denso, mais cru, que requer um processo petroquímico mais complexo.
01:45Ele tem uma característica que é mais fácil de fazer mesclas.
01:47Então, ele é um produto, vamos dizer assim, um pouco mais versátil.
01:51Também coloca o Equador em uma certa vantagem.
01:53E tem uma outra característica que eu acho que vale ser mencionada, porque aí diz respeito, de fato, a nossa vizinhança,
02:00que é um país amazônico, assim como nós.
02:02É um dos países amazônicos na região que mais tem conseguido preservar essa biodiversidade,
02:08mas que tem, dentre as ameaças dessa riqueza que está ali no seu território,
02:13também o crime organizado, dentro do qual se destaca, infelizmente, o narcotráfico.
02:18Agora, professora Carol, curiosamente, ao longo da nossa programação,
02:22eu até expliquei, porque é um salvador, raramente aparece na pauta do noticiário internacional,
02:27a não ser quando aconteça alguma coisa muito ponto fora da curva.
02:31E tem uma fila enorme de presidentes tentando se sentar ao lado de Donald Trump no Salão Oval.
02:37E o Naíbe Bukele acabou furando a fila, né?
02:41A relação, vamos dizer assim, certamente ideológica do Daniel Noboa com o Donald Trump,
02:46estou falando ali das orientações de direita, uma família ali de empresários muito bem sucedidos
02:53nos seus respectivos países, também pode adiantar com essa conexão?
02:58E lembrando que os Estados Unidos têm um olhar para essa parte da América do Sul
03:01com o combate a um tráfico de drogas.
03:05Pode ser uma vantagem aí para o Equador ter essa questão ideológica com o Donald Trump?
03:11Ou, na sua visão, ele tem deixado isso um pouco de lado?
03:14Não, me parece que o Noboa tem explorado bastante essa proximidade ideológica,
03:19ele inclusive participou das cerimônias ali prévias à posse do Donald Trump,
03:24esteve nos Estados Unidos naquele período da transição de governo do Biden para o Trump.
03:29Ele se utiliza dessa aproximação também para o público interno,
03:34fazer esse tensionamento com a esquerda, com essa candidata que chegou bastante forte
03:40agora na reta final do segundo turno.
03:42As pesquisas de opinião, inclusive, estavam muito divididas,
03:45apontavam um empate técnico e ele conseguiu tirar uma vantagem importante
03:50do primeiro para o segundo turno, que também vai acabar despertando essas dúvidas
03:53da lisura do processo eleitoral.
03:55Mas me parece que o Daniel Noboa, nesse sentido, ele consegue aproveitar muito bem
03:59essa proximidade com o Trump e com a direita latino-americana como um todo
04:02para se projetar e para também fazer esse discurso,
04:07de afrontar, digamos, o que seriam os problemas dos governos de esquerda.
04:11E sem dúvida, nessa seara toda, nessa polarização,
04:14entra o tema do narcotráfico, do combate ao crime organizado.
04:19O Nadib Bukele conseguiu esse destaque hoje na Casa Branca
04:22exatamente por conta de ter se tornado, de certa forma, um modelo ao combate ao crime,
04:27embora haja muitos problemas nesse modelo adotado por El Salvador.
04:30O Daniel Noboa me parece que ia por um caminho semelhante.
04:33Ele estava cumprindo até então o mandato tampão do governante anterior
04:37que acabou saindo do cargo e ele enfrentou desafios
04:42e tem enfrentado desafios importantes nessa área da segurança pública.
04:46Acho que talvez alguns telespectadores se recordem do episódio
04:49que, inclusive, um estúdio de televisão foi invadido por criminosos usando máscaras.
04:54Enfim, então, a situação da violência no Equador escalou bastante
04:57e ele está vindo muito nessa linha, na esteira,
05:00de políticas chamadas de mão dura contra a criminalidade.
05:04Então, está tudo muito concatenado com esse discurso também da direita,
05:07de combate à criminalidade e do próprio Trump.
05:10Agora, professora Carol, outro ponto de conexão
05:13ou um ponto de intersecção entre El Salvador e Equador,
05:16que, coincidentemente, apareceram aí na nossa pauta conjuntamente,
05:20é a dolarização.
05:21El Salvador é uma economia muito pequena, há décadas foi dolarizada.
05:28Como a senhora muito bem lembrou, o Equador há 25 anos, um pouquinho menos,
05:32desde os anos 2000, também foi dolarizada.
05:36E eu puxo aqui para a Argentina,
05:39que foi um dos argumentos de campanha de Javier Milley,
05:43mas parece que ele está jogando um pouco para debaixo do tapete,
05:47torcendo para o esquecimento.
05:50Quais são os riscos?
05:51Porque quando se pega uma moeda estrangeira,
05:54o dólar é o melhor exemplo,
05:55os países abrem mão do seu banco central,
05:57da sua política monetária e adotam outras políticas monetárias,
06:01a exemplo da taxação de juros.
06:03Só que o dólar funciona bem numa economia
06:05ao qual ele foi criado, uma dinâmica própria.
06:09Colocar esta dinâmica em outro país,
06:12eu não sei o quanto ela é favorável.
06:14Tem um controle rápido da inflação, a inflação cai,
06:18tem um efeito direto, mas a médio prazo a gente vê os efeitos colaterais.
06:22Quais são os riscos da dolarização de países bem menores que os Estados Unidos,
06:26a exemplo de El Salvador e Equador?
06:28Professora?
06:29Olha, curiosamente, 15 anos atrás,
06:32eu estava em Quito fazendo essa mesma pergunta
06:34para economistas equatorianos,
06:36que era um dos temas de pesquisa que eu estava tentando compreender naquele momento.
06:40E eles me trouxeram reflexões que eu achei muito interessantes,
06:43acho que valem ser compartilhadas,
06:44porque, de certa forma, nos ajudam também a compreender
06:47por que a Argentina ainda não avançou totalmente nesse processo,
06:50embora, do ponto de vista ideológico,
06:52haja um alinhamento ali entre essas lideranças e o Donald Trump.
06:55Quando o Equador tomou essa decisão no ano 2000
06:58da dolarização de forma unilateral
07:00para resolver um problema de hiperinflação,
07:03a figura de linguagem, a comparação que eles fizeram
07:06foi, bom, a gente está tentando destruir um formigueiro
07:09com uma bazuca.
07:11Vai destruir o formigueiro?
07:12Vai, mas junto com isso a gente vai destruir todo o jardim,
07:15todo o ecossistema ao redor.
07:17Então, eles falavam muito sobre uma economia
07:19que vive com amarras,
07:21uma política econômica que não pode ser plenamente exercida
07:24exatamente pelo fato de serem países pequenos,
07:27vulneráveis, do ponto de vista comercial,
07:30extremamente assimétricos na sua inserção internacional
07:33e, principalmente, porque eles acabam abrindo mão
07:36de terem uma autonomia na sua política monetária
07:39e na sua política cambial,
07:41que em determinados momentos são instrumentos importantes
07:43para que os países possam utilizar no combate de crises
07:46ou em momentos, enfim, disruptivos da economia internacional.
07:50Eles acabam abrindo mão desses mecanismos
07:52para adotarem uma moeda sobre a qual eles não têm nenhum controle.
07:56Então, eu acho que no caso de El Salvador e do Equador,
07:59até o momento não houve grandes tragédias com essa dolarização,
08:03mas, sem dúvida, são países que comprometeram a longo prazo
08:07planos de desenvolvimento mais ousados.
08:09Ou seja, eles dificilmente vão ser países,
08:12além das outras dificuldades estruturais e econômicas
08:15que eles já têm, mas dificilmente serão países
08:17que vão conseguir superar um determinado teto de desenvolvimento,
08:21porque eles têm como se eles caminhassem,
08:23como se eles dirigissem com o freio de mão puxado.
08:25Não tem como sair muito além disso.
08:28A Argentina já é uma economia muito mais complexa,
08:30então, eu diria que até essa decisão, ela precisa ser muito bem pensada,
08:34porque ela vai ter implicações até muito mais profundas
08:36do que no caso de Equador e de El Salvador,
08:38que são economias um pouco mais simples em comparação.
08:42Queria agradecer publicamente aqui a Carolina Silva Pedroso,
08:45pelos conhecimentos.
08:47Ela que agora é coordenadora e docente do curso de Relações Internacionais
08:50da Universidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.
08:54Embora a distância nos mantenha longe aqui no interior da capital,
08:58espero que a senhora possa continuar nos brindando com seus conhecimentos.
09:01Professora Carol, até a próxima.