Daniel Noboa foi reeleito presidente do Equador com 56% dos votos, em uma eleição marcada por denúncias de fraude e repressão à oposição. Fabiana Oliveira, doutora e mestre em ciências da América Latina, analisou o impacto político e econômico da vitória no Real Time.
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NotíciasTranscrição
00:00Daniel Noboa foi reeleito presidente do Equador neste domingo depois de uma campanha polêmica
00:05marcada por intimidações e proibição de eventos na reta final.
00:09A vitória de Noboa com 56% dos votos foi contestada pela candidata da oposição, Luísa
00:15Gonçalves, que alega fraude.
00:17Para entender quais são os próximos passos para a economia do país, a gente vai falar
00:21com Fabiana Oliveira, que é doutora em Ciência para a Integração da América Latina.
00:25Fabiana, bom dia, seja muito bem-vinda aqui ao Real Time.
00:30Bom dia, Marcelo, um prazer estar de volta, muito obrigada pelo convite.
00:34Bom, Fabiana, acho que a gente pode definir essa eleição aí entre uma disputa que teve
00:38esquerda e extrema-direita.
00:40Venceu a segunda opção.
00:42É mais um presidente alinhado com o Trump na região, né?
00:46Exatamente, mais um presidente que pragmaticamente se alinha ao Trump, né?
00:51Tradicionalmente, o Daniel Noboa, ele não fazia uma trajetória tão próxima da extrema-direita,
00:57ele era um político, uma figura mais próxima da centro-direita equatoriana, daquele liberalismo
01:05tradicional, mas nesse cenário mais efervescente aqui da América Latina, ele tem cada vez
01:10mais se inclinado para essas alianças mais da extrema-direita, especialmente com o Donald
01:14Trump nos Estados Unidos e com o Naíbe Bukele também em El Salvador, né?
01:19Pois é.
01:19Agora, o Equador é um país que está vivendo um certo retrocesso democrático, porque mesmo
01:24que não seja provada nenhuma fraude na apuração dos votos, as condições de disputa, principalmente
01:29na reta final, não foram muito justas, né?
01:32Definitivamente, a candidata de oposição, a Luísa Gonçalves, ao longo de toda a campanha,
01:41ela denunciava certas arbitrariedades, uma certa instrumentalização do CNE, a autoridade,
01:48o que seria o equivalente ao Tribunal Superior Eleitoral do Equador.
01:52Na reta final, ela inclusive afirmou que tinha sido retirada dela a escolta que era oferecida
01:57por membros das Forças Armadas, ela denunciou que ela e a família dela haviam tido a sua
02:04escolta suspensa, o que o governo imediatamente negou, mas sim, desde agosto do ano passado,
02:10que foi quando esse pleito eleitoral começou, a gente tem visto uma série de denúncias
02:14de irregularidades, de abusos de poder por parte do governo e, óbvio, a gente também teve
02:20casos de violência, né?
02:21Vale a pena a gente lembrar que, em agosto do ano passado, perdão, agosto de 2023, né?
02:27Quando o Daniel Noboa foi eleito para esse mandato muito curto, era um mandato tampão,
02:31a gente teve também o assassinato de um dos candidatos, né?
02:34O Fernando Vicha Vicente.
02:36Então, é um país que tem assistido a uma rápida deterioração das suas instituições,
02:44da sua normalidade democrática.
02:45E também a violência é um tema muito importante, foi um tema muito importante durante toda a
02:51campanha, porque a taxa de homicídios do Equador, ela está altíssima, né?
02:56Definitivamente.
02:56O Equador se converteu no país mais violento da América Latina, o que é uma loucura,
03:01é um país que registrava níveis de violência bastante abaixo da média latino-americana,
03:06é um país relativamente pequeno, tem cerca de 18 milhões de pessoas e, nos últimos anos,
03:12a gente tem assistido essa escalada de violência, né?
03:15O Equador tem assumido um papel cada vez mais protagonista nessas redes internacionais de
03:21tráfico de drogas, facilitado por uma série de razões geográficas, mas também pelo fato
03:27do país ter uma economia dolarizada, pouco regulada, né?
03:32E a gente tem assistido essa escalada da violência associada ao narcotráfico, né?
03:36Os números do ano passado mostram, por exemplo, que o país teve 38 mortes violentas, 38
03:41assassinatos para cada 100 mil habitantes.
03:44É um pouco menor do que o de 2023, quando haviam morrido 47 pessoas para cada 100 mil
03:50habitantes, mas ainda assim é um número muito exorbitante.
03:53A economia do Equador é relativamente pequena, mas é um país que exporta petróleo e também
03:57exporta minerais, o que tem ganhado uma importância estratégica cada vez maior no mundo.
04:02O país tem aproveitado essas vantagens para se desenvolver?
04:05Lamentavelmente não, Marcelo.
04:09Apesar desses recursos estratégicos que estão disponíveis para o país, o Equador é um dos
04:15países mais pobres da América Latina, saiu muito mal do contexto da crise pandêmica
04:22provocada pelo Covid-19.
04:25Então, assim, os números são terríveis, especialmente quando a gente pensa em indicadores sociais.
04:29Mais de 70% da população no Equador opera na economia informal, por exemplo.
04:36Os índices de pobreza são muito elevados até mesmo para os padrões da América Latina,
04:40o que torna, inclusive, mais fácil a disponibilidade dessa mão de obra jovem para as atividades
04:48ilícitas associadas ao narcotráfico.
04:50Só no ano passado, 120 mil jovens abandonaram a escola, por exemplo.
04:54E parte desses jovens naturalmente se integra nesse mercado laboral informal lícito, mas
05:03informal de maneira muito precária.
05:05E uma outra parte acaba sendo recrutada pelas atividades delitivas.
05:08Então, a questão social é um problema e é um problema para o qual o Daniel Noboa,
05:14apesar do seu pouco tempo no poder, foi pouco mais de um ano esse mandato tampão dele,
05:18ele pareceu priorizar muito pouco essa questão.
05:21A grande preocupação do governo Noboa até aqui tem sido realmente o problema da violência
05:26urbana.
05:27Agora, o Equador é um país curioso porque ele é nosso vizinho, mas nem tão vizinho
05:31assim, porque ele é um dos únicos dois países da América do Sul que não fazem fronteira
05:34com a gente.
05:35E eu acho que também não é tão próximo do ponto de vista comercial, porque a nossa
05:40balança comercial não é tão volumosa.
05:44Exato, exato.
05:45A gente experimentou um momento de maior aproximação com o Equador em um contexto de maior congruência
05:53político-ideológica, por assim dizer, ali no período entre 2007 e 2015 e 2016, que
06:00foi quando no Equador o partido no poder era o movimento da Revolução Cidadã, o movimento
06:07do Rafael Corrêa, um amigo pessoal do presidente Lula.
06:11E aqui no Brasil nós tínhamos os governos do PT, o último mandato do Lula e os mandatos
06:18da presidenta Dilma.
06:19Então, nesse período, por causa, inclusive, dessas convergências ideológicas, a gente
06:24assistia a um crescimento das trocas comerciais, inclusive dos investimentos de empresas brasileiras
06:30no Equador.
06:31Não é por nada que quando a gente teve a inclusão do caso da Odebrecht, a gente teve políticos
06:35equatorianos sendo citados, porque havia muitos investimentos, especialmente das empreiteiras
06:40brasileiras no Equador, construindo, por exemplo, hidrelétricas, muitas obras de infraestrutura.
06:48Nos últimos anos, a gente assistiu a volta das relações comerciais do Brasil com o Equador
06:53ao padrão de sempre.
06:55São trocas muito residuais, de pouca significância, lamentavelmente.
06:59Tá certo.
06:59Fabiana Oliveira, especialista em América Latina.
07:02Muito obrigado pela sua participação aqui no Real Time.
07:04Bom dia para você.
07:06Eu que agradeço.
07:07Um bom dia para você também.
07:08Tchau, tchau, Marcelo.
07:09Tchau, tchau.