O Povo Brasileiro - Ep. 09/10: Brasil Caboclo

  • há 4 anos
O Povo Brasileiro

Ep. 09/10: Brasil Caboclo

Nada mais atual do que ver este “Brasil Caboclo”, e nada mais revoltante do que pensar que aquela Amazônia que Darcy, em 1995, chamava de “Jardim da Terra” e que aquelas imagens de 2005 (sem contar as anteriores, algumas em preto e branco) cada vez mais estão sendo destruídas, rasgadas e estupradas, em nome do “desenvolvimento”. De um maldito “desenvolvimento” que na verdade se iniciou durante a ditadura militar, quando a Amazônia começou a ser cortada por estradas e loteada para grupos internacionais, expulsando povos indígenas e comunidades tradicionais.
Os depoimentos de Aziz Ab’Saber, Márcio de Souza e Paulo Vanzolini nos contam como os diversos povos indígenas iniciais foram sumariamente misturados pelos jesuítas obrigados, lá também, a adotar o Tupi com língua geral; como os poucos brancos e negros a eles se misturariam; como esse mosaico de flora, fauna e mitos receberia depois os cearenses, que seriam totalmente assimilados, acabando de formar assim os caboclos. Amazônia dos totais extremos: até 1880, um “país” onde a língua falada era o Tupi; em seguida, a explosão da borracha e a formação de uma elite que era mais europeia que brasileira; depois, a falência, o abandono dos palácios, a miséria, a falta de luz elétrica até 1955 nas outrora grandes capitais. Amazônia onde as imagens mostram caboclas produzindo placas de computadores, enquanto índias fabricam tecidos no tear.
Das mortes, fora o genocídio indígena, a única mencionada é a de Chico Mendes. Isa Grinspum Ferraz também estava longe de adivinhar, em 2005, quantas e quantos a ele se juntariam e continuam ainda a “ser juntados”, nas mortes encomendadas por madeireiros, garimpeiros, fazendeiros, mineiros, seus asseclas e patrões, enquanto o capital estende cada vez mais seus tentáculos. A Amazônia que supostamente abrigava o Eldorado, é hoje, acima de tudo, um campo de luta!
Na área de floresta tropical da bacia amazônica, desenvolveu-se uma cultura de forte base indígena. "Toda a área era ocupada, originalmente, por tribos indígenas de adaptação especializada à floresta tropical. A maioria delas dominava as técnicas de lavoura praticadas pelos grupos Tupi do litoral atlântico, com que se depararam os “descobridores”. Em algumas várzeas e manchas de terra de excepcional fertilidade e de fácil provimento alimentar, através da caça e da pesca, floresceram culturas indígenas do mais alto nível tecnológico, como as de Marajó e de Tapajós, que podiam manter aldeamentos com alguns milhares de habitantes"(Darcy Ribeiro). Foram esses grupos indígenas que experimentaram a marcha da colonização lusitana, o avanço dos missionários, a disseminação do nheengatu e, ainda, a migração massiva de nordestinos à época do "rubber boom", da explosão dos seringais.

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