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No Dia Dia Rural desta quarta-feira (16), o jornalista Otávio Céschi Junior entrevista no Assunto de Primeira o Pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Gilvan Ferreira da Silva .

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Transcrição
00:00Eu converso agora com o pesquisador da Embrapa, Amazônia Ocidental, Gilvan Ferreira da Silva.
00:09Olá, Gilvan. Boa tarde.
00:11Alô, boa tarde. Boa tarde a todos. É um prazer estar aqui com vocês.
00:16Prazer é recebê-lo aqui para a gente falar sobre o trabalho de vocês com bactérias encontradas
00:22nos rios amazônicos que controlam o agente causador da murcha bacteriana do tomate.
00:28Bom, pra começar, quem é a murcha bacteriana do tomate? O que acontece no tomateiro? Que doença é essa?
00:36Bem, a murcha bacteriana que é causada por esse patógeno que é conhecido cientificamente como Raustonia solanacearo
00:44é um patógeno que, embora esse trabalho que nós fizemos tenha um foco direto em uma cultura de importância que é o tomate,
00:52só que ele ataca diversas outras culturas, diversas outras solanáceas, como batata, pepino, pimenta, etc.
01:00Então, é uma doença importante, principalmente nas regiões tropicais e aqui na região amazônica, principalmente.
01:07Os solos aqui têm a presença constante desse patógeno, de modo que a produção direta de solanáceas,
01:14como o tomate e outras, são bastante prejudicadas.
01:18Daí a motivação desse trabalho com foco na busca de micro-organismos amazônicos para o controle dessa doença.
01:27Bom, o tomateiro e os seus parentes todos são espécies muito vulneráveis...
01:34Se puder me colocar na tela, eu agradeço. Obrigado.
01:37São espécies muito vulneráveis para pragas e doenças de um modo geral, são muito sensíveis.
01:45Essa murcha é o quê? É aquela morte prematura do tomateiro, se eu não estou enganado,
01:49quando ele começa a definhar e até que ele perde força e morre completamente o pé?
01:58Essa doença, ela consegue causar a morte do tomateiro.
02:00Essa bactéria, ela causa o entupimento do sistema vascular, podendo levar à morte.
02:07Essa morte depende da variedade, depende da série de outros fatores,
02:13mas as variedades suscetíveis, sim, conseguem levar à morte até de 100% desse material.
02:19E quem são essas bactérias que vocês descobriram nos rios da Amazônia?
02:24Uma descoberta nova ou elas já existiam e agora vocês entenderam que ela pode perfeitamente
02:29combater essa murcha do tomateiro?
02:32A gente tem feito uma bioprospecção, esse é um dos trabalhos que nós temos feito,
02:37feito aqui na Amazônia.
02:39Esse material foi coletado no sedimento dos rios.
02:43Entretanto, a gente tem feito prospecção em diversos ambientes,
02:47com material de solo da floresta, de rios, mostrando o quanto essa biodiversidade amazônica
02:54pode ser utilizada para o controle de doenças e com esse input fantástico na agricultura.
03:00Especificamente esse material que foi reportado nesse trabalho que nós fizemos,
03:08tem uma espécie já conhecida, tem uma espécie já relatada na literatura
03:13e temos duas outras espécies que são espécies novas que também conseguem controlar essa doença.
03:19Então, a gente tem provado que prospectar na biodiversidade amazônica é algo importante,
03:26é algo que tem e traz soluções e, inclusive, identificado novas espécies
03:32que podem ser aplicadas à agricultura.
03:34E após a coleta desse material, a retirada desse material do ambiente natural dele,
03:40dessa bactéria, como é que ele é utilizado?
03:43E também é uma espécie de controle biológico também, o que é muito bom.
03:46Exato. O trabalho começou lá em 2018, com algumas viagens,
03:56algumas dessas viagens nos rios são demoradas, algumas dessas coletas demoraram meses
04:02durante a coleta, a gente conseguiu fazer, entre 2018 e 2019, quatro rios amazônicos
04:08e percorremos, nesse trabalho, quase 7 mil quilômetros de rios.
04:12E coletando o sedimento, que, para quem não entende, o sedimento seria a lama do rio,
04:19a cada 50 quilômetros, e esse material, ele é processado, selecionado e verificado
04:26quais desses micro-organismos têm atividade contra patógenos de interesse.
04:29No caso, em questão, foi selecionado material para patógenos,
04:35contra bactérias patogênicas de interesse agrícola, que foi arrastando a sala nacional.
04:38E como ele é aplicado, esse material, o tomateiro, por exemplo?
04:44Beleza. Esse material, antes de ser aplicado no tomateiro, ele passa por todo um processo
04:49de estudo laboratorial, inclusive com identificação em nível de espécie,
04:55por meio de análise genômica.
04:58Então, a gente consegue saber exatamente quem é a espécie,
05:02consegue identificar se esse material tem potencial para ser, por exemplo,
05:06que muitos micro-organismos que conseguem controlar o patógeno,
05:12eles podem ser também patogênicos, não só para planta, mas para animais, humanos, etc.
05:17Então, com essa análise prévia, antes de chegar na planta, propriamente dita,
05:21a gente consegue saber qual material tem capacidade de desenvolver um bioproduto,
05:28um inoculante, e depois isso é feito análise em casa de vegetação, inicialmente,
05:36na planta do tomateiro, como foi reportado.
05:39Bom, você falou em inoculante.
05:42Ele é colocado em sementes para as próximas mudas de tomateiro,
05:45que serão cultivadas em estufa, por exemplo, ou em cultivos próprios,
05:50ou ele é aplicado diretamente na planta?
05:52Porque se ela está com os veios entupidos, a ceiva não consegue correr,
05:55mais ou menos como o nosso colesterol, quando entope as nossas veias.
06:00E aí, a minha pergunta é se ele é aplicado como inoculante em sementes
06:04que produzirão mudas sadias, ou ele é utilizado na planta como uma forma
06:08de redimir esse processo de morte encaminhada que a planta está tendo,
06:17resultando num desentupimento dos veios, possibilitando a ceiva ser transportada novamente.
06:22Os testes realizados em casa de vegetação, eles foram feitos colocando o input da bactéria na planta.
06:31Essa doença, o efeito curativo dela, quando ela já está atacada,
06:35fica muito mais difícil de resolver.
06:37Então, isso é colocado antes que a doença apareça,
06:43e você coloca conjuntamente o patógeno e verifica se esse micro-organismo
06:47tem a habilidade de controlar o patógeno.
06:50Nos testes realizados, nós conseguimos verificar, por exemplo,
06:53que além de permitir que a doença não se instale,
06:58ou a planta consiga se desenvolver normalmente,
07:03ou minimamente atingida pela doença,
07:05quando analisamos o solo, a presença da bactéria, que é o patógeno no solo,
07:10a gente conseguiu verificar que esses inoculantes suprimiram o patógeno no solo
07:14em até 90%, indicando que, além de controlar a doença,
07:20não deixar a planta adoecer, ela reduzia a população de patógeno
07:24nesse solo que estava infectado com a doença.
07:28Então, é condição...
07:29Contrando que...
07:30Pode falar.
07:31Pode falar.
07:31Não, eu diria.
07:32Então, é condição que se inequar que o patógeno esteja no solo
07:37para infestar o tomateiro.
07:39E aí eu pergunto para você,
07:41todas as espécies de tomateiros são sujeitos a essa murcha
07:45ou existe alguma que tem resistência?
07:48Existem materiais com tolerância à doença,
07:53materiais já desenvolvidos, voltados para o desenvolvimento de resistência.
07:58É difícil encontrar material resistente,
08:00mas já existe no mercado materiais que são tolerantes à halstônia.
08:04São variações que são tolerantes, então, a esse patógeno que causa a murcha.
08:09Os resultados são bons, então?
08:10Já estão em aplicação, em prática comercial, já?
08:14Ainda não.
08:15Esses resultados, inicialmente, estão em fase de laboratório,
08:18vão agora para campo.
08:19E como a gente, na Embrapa, não desenvolve todas as etapas da pesquisa,
08:24essas etapas iniciais são desenvolvidas por nós,
08:27e os interessados por desenvolver o bioinoculante,
08:30eles, geralmente, é que entram em contato com a Embrapa
08:35e a Embrapa licencia esses micro-organismos para o desenvolvimento de produtos.
08:39E é a nova forma da pesquisa se desenvolver,
08:42sem necessitar de 100% da ajuda de governos,
08:47que podem oscilar de acordo com os governos.
08:49E aí vocês concedem a patente e aí recebem royalties a partir disso.
08:55É o novo modelo que a pesquisa brasileira adotou.
08:57Demorou, mas ainda bem que chegou, né, Juana?
08:59Exatamente.
09:02Então, essa parceria público-privada é fundamental.
09:04Sim, ela é fundamental, a parceria público-privada.
09:07Aí você tem uma nova forma de independência até para continuar pesquisas
09:12sobre a evolução de um mesmo produto que foi patenteado e licenciado
09:17e também de até desenvolver novas pesquisas,
09:20independentemente de verbas oficiais ou não.
09:23Muito legal isso.
09:24E aí, só para a gente concluir, ela combate não só a murcha do tomateiro,
09:29mas também de outras espécies.
09:31Vocês estão testando também outras espécies ou, nesse momento, especificamente no tomateiro?
09:35Esses micro-organismos selecionados, eles controlam o agente causal.
09:41Esse agente causal, além de tomateiro, ele causa a doença em diversas outras espécies.
09:50Então, a gente não está testando ainda em outras espécies,
09:53mas é esperado que também consiga controlar a doença em outras espécies.
10:01Talvez com pequenas adaptações em função da violência, do ataque desse patógeno na planta.
10:10Ela pode ter uma incidência maior no tomate e menor, por exemplo, numa pimenteira, como você disse.
10:17Exato. Pimenta, bananeira, também atacada por esse patógeno.
10:21Ok, Gilvan, agradeço.
10:23É uma solução interessante que tem uma ampla gama de aplicações.
10:27Muito interessante, muito interessante.
10:29E, principalmente, porque vai diretamente de encontro à tendência do controle biológico de pragas e doenças.
10:35Acho que esse é o caminho.
10:36Por isso, ela é muito interessante.
10:38E tenho certeza que vai interessar a muitas empresas que fazem o licenciamento desses produtos
10:44para produzir comercialmente em parceria com a Embrapa,
10:47como já temos aí tantas outras pesquisas que estão no mercado.
10:51Gilvan, para quem quiser mais informações, deixe o endereço de internet de vocês.
10:55Qual é, por favor?
10:58O nosso e-mail é gilvan.silva.br
11:02Ok. Muito obrigado pela participação, pelas boas notícias.
11:06Progresso aí na pesquisa.
11:07Mande notícias.
11:08Ótima quarta-feira e até breve.
11:11Para todos.
11:12E aí
11:17E aí

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