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O Banco Central Europeu reduziu a taxa de juros em 0,25 ponto pela sétima vez no ano, em meio a tarifas dos EUA e mudanças no consumo global. Cezar Orrico, do Santander Corporate & Investment Banking, analisou o impacto geopolítico e as oportunidades para exportadores e investidores.

Acompanhe a cobertura em tempo real da guerra tarifária, com exclusividade CNBC: https://tinyurl.com/guerra-tarifaria-trump

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Transcrição
00:00Vamos falar da Europa. O Banco Central Europeu cortou as taxas de juros pela sétima vez em um ano nesta quinta-feira
00:07buscando sustentar uma economia da zona do euro que ainda não se recuperou completamente da pandemia
00:14e que deve sofrer um grande impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos.
00:19Vamos entender melhor este impacto das tarifas para a economia europeia com o César Alrico,
00:25que é Salis Trader no Santander Corporate Investment Banking.
00:30Oi, César. Seja bem-vindo. Boa tarde. Eu falei certo o seu sobrenome? O Rico mesmo?
00:36Falou certo sim. Boa tarde, boa tarde. É um prazer estar aqui na presença de vocês, Felipe e Eric.
00:42César, o Banco Central Europeu anunciou agora há pouco um corte de mais 0,25 ponto percentual na taxa de juros.
00:50Isso ajuda a contrabalancear essa tarifação de Donald Trump?
00:55O que a Europa tem em mente ou o Banco Central para cortar esses juros?
01:00Perfeito, perfeito, Eric. Quando a gente enxerga esse cenário de corte da taxa de juros pelo Banco Central Europeu,
01:07a gente tem duas óticas. Uma ótica vai ser a ótica mais simples, mais trivial, comum, que é,
01:12olha, a meta da inflação está chegando mais próximo, a gente tem uma inflação chegando próximo da meta de 2,
01:17e o Banco Central Europeu enxerga que há espaço para corte na taxa de juros visando o incentivo da economia.
01:23Essa é a mais trivial, a mais simples, mas quando a gente pega para olhar um cenário macroeconômico, geopolítico,
01:29onde a gente encaixa todas as pontas, a gente vê que há uma complexidade maior no tema.
01:34Quando a gente começa essa questão do tarifácio de Trump e ele impõe essas tarifas sobre a Europa,
01:41há, sim, uma preocupação muito grande em relação à tarifação, ao consumo,
01:45mas há também uma preocupação da União Europeia com a China, porque quando o Trump impacta nessa relação bilateral
01:53entre China e Estados Unidos, a gente tem que lembrar que a China importa bastante da União Europeia,
01:59a gente tem empresas italianas que são fortíssimas em produção de maquinário para produtividade dentro de indústria,
02:07a gente tem empresas alemãs que são produtoras de carro, então, quando a gente impacta esse consumo,
02:11também na relação bilateral, China e Estados Unidos, consequentemente, tendo um declínio na economia chinesa,
02:18isso causa sério impacto na economia europeia e aí é uma tentativa de reaquecer a economia europeia,
02:26esse corte na taxa de juros.
02:27Obviamente que a presidente do Banco Central Europeu, ela não deu um tom muito amistoso,
02:33ela não diz que vai ser simples, que vai ser, olha, a gente vai cortar e dar um tom,
02:38que vai continuar esses cortes de maneira constante, mas ela mostra que há uma conversa ácida
02:45que, nesse momento, a União Europeia e a zona do euro precisam de um incentivo
02:50para retalhar essas tarifas e tentar voltar aos padrões de consumo.
02:55César, boa tarde, Felipe aqui.
02:57César, concordo com os dois pontos que você citou e eu citaria mais um.
03:01Isso daí, você não acha que é uma tentativa também de trazer dinheiro de produção,
03:07justamente não dinheiro especulativo, não dinheiro do mercado financeiro,
03:10mas dinheiro de produção, quer dizer, investir no mercado interno ali da Europa,
03:15porque eles estão precisando ter mais um setor de defesa, por exemplo,
03:19ou tentar aquecer ali o mercado com dinheiro de produção mesmo, de indústria?
03:23Perfeito, Felipe. A sua visão é muito bacana e ela parte de um terceiro pressuposto
03:29que eu queria trazer para essa conversa.
03:31A gente tem a questão dos padrões de consumo, que também influenciam bastante
03:35na economia europeia hoje.
03:36O mundo como um todo muda os seus padrões de consumo.
03:40A gente tem os Estados Unidos hoje, que é forte na tecnologia,
03:43a indústria do mundo, a cozinha industrial do mundo está na China.
03:46E o que ficou com a União Europeia? O que ficou dentro da Europa?
03:49A Europa ficou com a velha indústria, a indústria padrão,
03:53mas que com os padrões de consumo, ela vem se transformando e perdendo força.
03:57Quando a gente fala, por exemplo, de indústria automobilística,
03:59da maior economia da zona do euro, que é a Alemanha, fortíssima.
04:03Mas os padrões de consumo, no que tange automobilismo, estão mudando demais.
04:07Hoje as pessoas querem comprar carros elétricos, a gente tem uma China muito forte.
04:11E quando essa China é tarifada lá pelos Estados Unidos,
04:14e ela não consegue ter esse poder de desova em um setor que já é muito concentrado,
04:20onde ela precisa desovar essa venda de automóveis,
04:23ela pode olhar para o mercado europeu.
04:25Isso daí complica também a Europa.
04:28E aí, de fato, faz todo sentido com o que você disse.
04:30Quando a gente abaixa a taxa de juros, isso fomenta com que o empresariado
04:34tome risco, assuma risco e não deixe que apenas o capital parado,
04:37e isso volte a produzir um capital ali que seja importante para a economia,
04:42e para o fomento da economia na União Europeia.
04:45Mas, César, por outro lado, vou fazer o contraponto aqui com o Felipe.
04:49Quando você corta a taxa de juros num país, como, vamos dizer, não só um país,
04:54mas num continente, na Europa, por exemplo,
04:57você leva o investidor a colocar dinheiro em países com taxa de juros mais altas.
05:03Como o Brasil, por exemplo, nós temos a Selic a 14,25%.
05:07Isso pode tirar também o investimento lá da Europa e trazer para mercados emergentes?
05:14Perfeito. Ótima colocação, Eric.
05:16Isso, inclusive, eu quero pegar esse gancho que você falou
05:19e até trazer isso para a realidade das empresas brasileiras.
05:23Hoje, no meu dia a dia, na minha atuação,
05:25eu lido muito com empresários exportadores e importadores.
05:28E o que você falou está perfeito.
05:29Quando você tem uma redução na taxa de juros lá do Banco Central Europeu,
05:34as pessoas começam a buscar novas oportunidades.
05:36Inclusive, os Estados Unidos pode ser uma oportunidade.
05:38Porque a gente tem uma taxa de juros elevada nos Estados Unidos,
05:41num range de 4,25%,
05:43onde a gente ainda tem uma economia que é muito forte.
05:45Apesar dos apesares, apesar do tarifácio, das incertezas,
05:48é a economia que lastreia o mundo nas relações bilaterais,
05:52é a moeda que lastreia o mundo.
05:53E aí, onde eu quero chegar com isso?
05:55Quando você tem um Banco Central enfraquecido na taxa de juros,
05:59onde as pessoas tiram dinheiro e levam de volta para os Estados Unidos,
06:02e levam para o Treasury americano,
06:04isso impacta numa taxa que a gente chama de SOFER,
06:06a antiga LIBOR.
06:07E essa SOFER nada mais é do que uma taxa que lastreia todos esses contratos internacionais.
06:13O que é a SOFER hoje?
06:15A SOFER é um interbancário,
06:17onde as instituições financeiras negociam com a garantia dos títulos do Treasury.
06:21Então, eu tenho um banco, eu empresto para você, Felipe, para você, Eric,
06:25e como garantia, eu tenho títulos do Treasury ali no interbancário,
06:28e isso vai fazendo uma taxa.
06:29Quando a gente aumenta a liquidez do Treasury americano,
06:33a gente tem uma redução nessa SOFER.
06:35E por que eu quero chegar nisso?
06:36Para a gente falar do empresariado brasileiro.
06:38O empresariado brasileiro que exporta e importa,
06:41ele acessa capital para exportação,
06:43para financiar sua exportação,
06:44ou para financiar sua importação,
06:46atrelado a essa SOFER.
06:48Se a gente tem uma redução na SOFER,
06:50por conta dessa liquidez do Treasury americano,
06:52a gente tem um benefício para que exportadores e importadores brasileiros
06:56acessem um capital mais barato, tendo em vista que são indexados à SOFER.
07:01Então, é uma boa visão que você traz ali para o panorama do negócio.
07:04De fato, quando a gente fala ali de investimento,
07:07de entrada de capital na Bolsa de Valores brasileira,
07:10de renda fixa no Brasil,
07:11isso pode ser importante para elevar o potencial da nossa moeda
07:15em relação ao dólar, em relação ao euro.
07:18Mas, de fato, o Felipe traz um contrassenso que é muito importante também,
07:21tem que ver até que ponto esse capital é produtivo.
07:24De certa forma, o que a Europa está querendo trazer agora
07:27é um capital produtivo,
07:28onde volte a ter uma reindustrialização,
07:30respeitando esses novos padrões de consumo
07:32e colocando, de fato, a zona do euro em outro patamar,
07:36porque ficou atrasada em comparação
07:38às grandes nações, às grandes potências
07:41que vêm caminhando, como China e Estados Unidos.
07:43Vamos lá.
07:44Posso mais uma, Eric?
07:45Vamos lá.
07:46César, agora fiquei curioso a gente falando.
07:48Não, os dois pontos eu acho que são muito interessantes
07:50e são, de certa forma, parecem opostos,
07:53mas são um pouco complementares.
07:54Mas eu queria te perguntar uma outra coisa.
07:57Em relação à China, à Europa,
08:00claro que com esse tarifácio, essa guerra,
08:02esse clima todo que ficou entre Estados Unidos e Europa,
08:05que são historicamente aliados, muito próximos,
08:08esse distanciamento,
08:09isso acaba jogando a Europa, de certa forma,
08:11nos braços da China, em alguma medida.
08:14Por outro lado, a Europa está vivendo uma guerra,
08:16a guerra da Ucrânia,
08:17onde você tem a Rússia e a Ucrânia,
08:19que a Rússia é como o grande vilão,
08:21e a Rússia é muito próxima da China.
08:23Inclusive, já fizeram exercícios militares juntos.
08:25Enfim, são grandes aliados.
08:26Como é que você vê essa triangulação?
08:28Quer dizer, a Europa precisando um pouco,
08:30de certa forma, da China,
08:32talvez investimentos até em infraestrutura,
08:34ou até investimentos em empresas europeias,
08:37mas, ao mesmo tempo,
08:38essa que não é uma relação muito saudável
08:43da China com a Rússia.
08:44Tem um elefante ali no meio da sala.
08:48Quer dizer, como é que você vê essa triangulação,
08:49Rússia, China e Europa?
08:51Perfeito, Felipe.
08:52Olha, vou te responder isso com um jargão
08:55que é muito utilizado na Bahia.
08:56Eu sou baiano e é muito utilizado na Bahia.
08:58Farinha pouco, meu pirão primeiro.
09:00Então, quando a gente fala de relações geopolíticas,
09:02relações globais,
09:04todo mundo vai olhar primeiro o seu lado.
09:05Então, é muito bacana,
09:07e óbvio que toda a guerra,
09:09todo o conflito,
09:10ele tem uma conjuntura de óticas.
09:12De certa forma, os Estados Unidos incentivou também
09:16o que o conflito acontecesse com a entrada,
09:17incentivando que a Ucrânia trouxesse,
09:20entrasse dentro da OTAN.
09:22E hoje você já vê o Donald Trump recuando em relação a isso.
09:25Ele está muito mais afilado ali
09:28com os conceitos da Rússia e de Putin
09:32do que apoiar a Ucrânia propriamente dita.
09:34Então, é muito bonito quando a gente toma partido
09:37e quer parecer algo de alguma forma,
09:40mas quando o negócio engrossa,
09:42de fato, quando as coisas pioram,
09:43cada um vai tomar o seu lado.
09:44E no cenário macroeconômico, desafiador,
09:47com tarifas, incertezas globais,
09:49os Estados Unidos querendo voltar a ser relevante
09:51no quesito industrialização,
09:53e não somente tecnológico,
09:54um eixo tecnológico,
09:55mas querendo tomar esse eixo de industrialização
09:59que hoje pertence à China.
10:00Como eu disse, a cozinha industrial do mundo está na China.
10:02A China fomenta todo mundo,
10:04toda a cadeia produtiva do mundo.
10:05Os Estados Unidos querem tomar esse protagonismo de volta.
10:10Então, cada um vai defender o seu lado.
10:12Eu acho que essa questão acaba ficando secundária,
10:14e aí não é uma visão minha,
10:15é uma visão de mundo, de fato,
10:16e os países querem proteger a sua soberania
10:18e o que seja importante para eles.
10:21Então, eu acho que, nesse ponto,
10:23a Ucrânia acaba sofrendo,
10:25porque muitas coisas ficam no dito,
10:27mas não na praticidade do dia a dia
10:29e na tomada de decisões.
10:31César, para a gente encerrar aqui nosso bate-papo,
10:33no meio dessa guerra tarifária,
10:36então, a Europa decide reduzir os juros.
10:39Foi um recado direto ao Federal Reserve?
10:42Inclusive, porque o Donald Trump já está cobrando
10:45o Jeremy Powell para cortar os juros lá,
10:47inclusive fala abertamente já em demissão do Powell.
10:50Mandou um recado direto?
10:52Não sei se um recado direto,
10:55mas, de fato, o Donald Trump já faz muita pressão
10:57para a redução da taxa de juros,
10:59só que não colabora,
11:00porque quando coloca esse tarifácio
11:03e, de fato, tenta, na marra,
11:05trazer de volta toda a cozinha industrial
11:07para dentro dos Estados Unidos,
11:09para que seja ele o fomentador da indústria mundial,
11:12ele acaba aumentando a inflação americana,
11:15porque hoje a gente tem uma balança comercial
11:17onde os Estados Unidos têm um déficit de 295 bilhões de dólares
11:21quando comparado com a China.
11:22Isso quer dizer que os Estados Unidos,
11:23no net ali,
11:26importa mais 295 bilhões da China.
11:29E quando você coloca essa tarifa
11:31sobre esses produtos que vêm importados da China,
11:33você aumenta a inflação
11:34e quem sente na ponta é o consumidor americano.
11:38E qual é a forma que o Federal Reserve tem
11:41para combater essa inflação?
11:42É aumentando taxa de juros,
11:43aumentando taxa de juros,
11:45então não colabora.
11:45Entende que o discurso de Donald Trump
11:47não colabora com o que ele quer,
11:48que é, de fato, redução da taxa de juros
11:50para fomentar a industrialização,
11:52muito bem colocada até pelo Felipe aqui,
11:54porque quando você baixa a taxa de juros,
11:55você fomenta a industrialização,
11:57você fomenta que o capital produtivo
11:58entre dentro do sistema,
12:01realmente o empresariado invista,
12:03aumente, produza,
12:05faça capex, faça grandes investimentos.
12:07Mas esse cenário que ele provoca,
12:09geopolítico global,
12:10não a incentiva, muito pelo contrário.
12:12Então diz uma coisa, mas fomenta a outra.
12:14É, César, Paulo,
12:16que já disse que dificilmente
12:18vai encontrar espaço
12:19para cortar a taxa de juros neste momento.
12:22Obrigado, viu,
12:23pela sua participação aqui no Money Times,
12:25uma ótima tarde,
12:26bom feriado para você, César.
12:28Eu agradeço.
12:29Forte abraço aí para todos os telespectadores
12:31e para você, Eric Filipe.
12:33Obrigado.
12:33Obrigado.
12:34Obrigado.
12:35Obrigado.

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