BATALHÃO DE CAVALARIA 2902 - ANGOLA
O QUE ACONTECEU, NA FATÍDICA EMBOSCADA DE 1 DE ABRIL 1971,
VISTO PELO NOSSO CAMARADA , CABO ENFERMEIRO ARTUR CARVALHO Foi numa tarde do dia 1 de Abril de 1971 que realmente chegamos a conhecer e saber o que é ser-se muito incapaz de fazer o que fosse para trazer á vida os nossos colegas de Batalhão, António Franco, Fernando Diogo, Manuel Elias, João Barradas e o Salvador Alves. Como também o Sargento…e o cabo…que foram feridos nesta emboscada e que felizmente se salvaram e hoje estão de boa saúde (espero) Aqui há muita história, desde o pânico dos que viveram esta emboscada até àqueles que foram em seu socorro (nós) …Quando nos preparávamos para uma missão de patrulha no nosso aquartelamento, fomos alertados com um pedido de auxílio feito pela companhia 2650 de que estavam a ser emboscados. Sem perda de tempo e com os equipamentos já preparados saltamos para as viaturas e desalmadamente nos pusemos a andar vertiginosamente para chegar a tempo de salvar os nossos camaradas. Os gritos de guerra naquela viatura eram ensurdecedores o condutor buzinava desalmadamente para afugentar fosse o que fosse, os cabelos voavam ao vento e as armas bem agarradas e prontas a disparar. Todos tinham a mesma ideia, chegar a tempo…chegamos…e deparamos com o pior cenário já visto…nem nos filmes de terror conseguíamos ver aquele cenário de horror e medo…Jaziam no chão ao lado das viaturas, sem as suas roupas e esquartejados com catanas…tinham muitos golpes e terra nos seus corpos por serem virados bruscamente para lhe retirarem as roupas e calçado…Confirmei de que estavam mortos, não havia feridos, eram 6 ao lado do primeiro unimog e o segundo estava completamente crivado de balas. Foi uma emboscada para matar toda a gente ou mesmo capturar, estávamos muito perto do Congo e seria muito fácil transporta-los para lá. Os turras não contavam com a nossa rapidez, nunca pensaram que em tão pouco tempo estávamos preparados para enfrenta-los e tiveram que fugir e fugiram muito rápido. O primeiro unimog estava completamente furado de balas. Neste unimog também houve gente com sorte apesar do azar, pelo que sei houve alguém que ao levantar-se para saltar, uma rajada dirigida a ele arrancou-lhe a G3 não lhe acertando em nada mais. Houve também outro que foge frente de um turra ouvindo “Mata Branco”Mata Branco” até que um colega disparou e acertou no turra que foi levado pelos colegas. Houve muito mais coisas nesta emboscada dignas de registo. Passado o primeiro momento de terror surge a vontade de ódio por aqueles que fizeram isso mas o importante é ver o que se tinha passado. Nesse momento fui chamado pelo camarada Catita Correia, que desesperado me dizia que havia outro morto, ele ao chegar perto do indivíduo deitado e ensanguentado colocou-lhe a bota pelas costas para tentar ver como se encontrava e dava a ideia de que estava morto e disse-me: este está morto, era o furriel Chico ou sargento.
O QUE ACONTECEU, NA FATÍDICA EMBOSCADA DE 1 DE ABRIL 1971,
VISTO PELO NOSSO CAMARADA , CABO ENFERMEIRO ARTUR CARVALHO Foi numa tarde do dia 1 de Abril de 1971 que realmente chegamos a conhecer e saber o que é ser-se muito incapaz de fazer o que fosse para trazer á vida os nossos colegas de Batalhão, António Franco, Fernando Diogo, Manuel Elias, João Barradas e o Salvador Alves. Como também o Sargento…e o cabo…que foram feridos nesta emboscada e que felizmente se salvaram e hoje estão de boa saúde (espero) Aqui há muita história, desde o pânico dos que viveram esta emboscada até àqueles que foram em seu socorro (nós) …Quando nos preparávamos para uma missão de patrulha no nosso aquartelamento, fomos alertados com um pedido de auxílio feito pela companhia 2650 de que estavam a ser emboscados. Sem perda de tempo e com os equipamentos já preparados saltamos para as viaturas e desalmadamente nos pusemos a andar vertiginosamente para chegar a tempo de salvar os nossos camaradas. Os gritos de guerra naquela viatura eram ensurdecedores o condutor buzinava desalmadamente para afugentar fosse o que fosse, os cabelos voavam ao vento e as armas bem agarradas e prontas a disparar. Todos tinham a mesma ideia, chegar a tempo…chegamos…e deparamos com o pior cenário já visto…nem nos filmes de terror conseguíamos ver aquele cenário de horror e medo…Jaziam no chão ao lado das viaturas, sem as suas roupas e esquartejados com catanas…tinham muitos golpes e terra nos seus corpos por serem virados bruscamente para lhe retirarem as roupas e calçado…Confirmei de que estavam mortos, não havia feridos, eram 6 ao lado do primeiro unimog e o segundo estava completamente crivado de balas. Foi uma emboscada para matar toda a gente ou mesmo capturar, estávamos muito perto do Congo e seria muito fácil transporta-los para lá. Os turras não contavam com a nossa rapidez, nunca pensaram que em tão pouco tempo estávamos preparados para enfrenta-los e tiveram que fugir e fugiram muito rápido. O primeiro unimog estava completamente furado de balas. Neste unimog também houve gente com sorte apesar do azar, pelo que sei houve alguém que ao levantar-se para saltar, uma rajada dirigida a ele arrancou-lhe a G3 não lhe acertando em nada mais. Houve também outro que foge frente de um turra ouvindo “Mata Branco”Mata Branco” até que um colega disparou e acertou no turra que foi levado pelos colegas. Houve muito mais coisas nesta emboscada dignas de registo. Passado o primeiro momento de terror surge a vontade de ódio por aqueles que fizeram isso mas o importante é ver o que se tinha passado. Nesse momento fui chamado pelo camarada Catita Correia, que desesperado me dizia que havia outro morto, ele ao chegar perto do indivíduo deitado e ensanguentado colocou-lhe a bota pelas costas para tentar ver como se encontrava e dava a ideia de que estava morto e disse-me: este está morto, era o furriel Chico ou sargento.
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