O presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Antônio José Gonçalves, classificou como “fundamental” a decisão da Anvisa de exigir receita médica para a compra de medicamentos como o Ozempic. Segundo ele, a medida é importante para garantir o uso correto e seguro do remédio, além de melhorar o controle efetivo das vendas.
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NotíciasTranscrição
00:00É, ainda sobre a obrigatoriedade das farmácias de reter a receita para a venda das canetas emagrecedoras.
00:07O nosso entrevistado é o presidente da Associação Paulista de Medicina, Antônio José Gonçalves.
00:12Presidente, muito obrigado por estar aqui conosco na Jovem Pan. Boa noite, bem-vindo.
00:17Boa noite, Thiago. A satisfação é nossa.
00:20O presidente, primeiro, claro, esse é um assunto que interessa muita gente.
00:23Esse medicamento ganhou uma proporção muito grande, outras marcas estão chegando ao Brasil.
00:30Há essa discussão também, inclusive com promessas de campanha, né?
00:34De que esses medicamentos podem ser distribuídos também pela rede pública.
00:39Mas a dúvida que eu tenho em relação a essa decisão da Anvisa é a seguinte.
00:43Isso adianta? Isso vai ajudar a controlar mais esse medicamento?
00:48De que forma isso vai mudar essa distribuição dos medicamentos?
00:52se há a própria possibilidade das pessoas comprarem esse remédio, esse medicamento, essas canetas?
00:59Nós acreditamos que essa decisão da Anvisa é fundamental para que a gente possa ter um efetivo controle.
01:07Do jeito como estava, realmente era muito difícil você controlar.
01:11Porque cada ampola que era vendida dessas medicações emagrecedoras, os análogos do GLP-1,
01:19não tinha um controle nenhum.
01:22Nós não sabíamos exatamente para quem ia, para quem não ia, enfim.
01:27Era um controle muito ruim, não existia praticamente.
01:31A Anvisa, né, obrigando a retenção da receita, isso vai obrigar a farmácia e o farmacêutico a registrar isso no caderno, né?
01:42E isso vai poder ser analisado melhor e a partir daí nós vamos ver o que está sendo vendido,
01:48o que está sendo feito com receita e a partir daí intensificar medidas
01:53para que cada vez mais essas medicações sejam vendidas com receita médica.
01:59Na prática é como hoje funciona com outros medicamentos,
02:04taja preta, os medicamentos que são obviamente receitados,
02:08aí a farmácia retém a receita, faz uma cópia muitas vezes para o consumidor,
02:13como os antibióticos.
02:14Na prática vai ser assim, não vai mudar nada no dia a dia das farmácias,
02:18ou seja, já há uma prática para outros medicamentos.
02:21Exatamente.
02:23Nós temos a receita azul, que é a receita para psicotrópicos, né,
02:27são três tipos de receita, fundamentalmente.
02:30A receita amarela, que são para os entorpecentes,
02:32que são as morfinas, os derivados da morfina.
02:35E a receita branca, que já é carbonada.
02:37O médico já pregente essa receita carbonada.
02:40Geralmente a via branca fica com o paciente
02:43e a via amarela é a que fica retida na farmácia.
02:46A própria Associação Paulista faz já uma recomendação para os médicos,
02:52porque se fala muito do uso simplesmente indiscriminado.
02:56Pessoas que não têm nenhum tipo de problema,
02:59até estão sem sobrepeso, não têm diabetes, por exemplo,
03:02são pessoas que acabam usando isso para emagrecer mais ainda.
03:05E a Associação Paulista faz alguma recomendação para os médicos?
03:10Já fez alguma recomendação até, no ponto de vista federal,
03:14às outras associações de medicina?
03:19Existe uma parceria muito grande da Associação Paulista de Medicina,
03:24da Associação Médica Brasileira.
03:25A Associação Paulista de Medicina é uma federada da Associação Médica Brasileira.
03:29Então existe uma parceria muito grande com a sociedade de especialidade.
03:34No caso, a gente pode citar a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
03:39e a própria Sociedade Brasileira de Diabetes.
03:43Aliás, essas duas sociedades já haviam recomendado o controle dessas receitas
03:47desde o final do ano passado, no mês de dezembro.
03:50Já havia uma recomendação dessas associações para que isso fosse feito.
03:56Isso deve ser feito.
03:57E a Associação Paulista de Medicina apoia completamente isso.
04:00E isso vai evitar uma série de problemas.
04:03Muitas pessoas usam sem ter a indicação correta.
04:07Só porque querem emagrecer.
04:08Essa história de ter o corpo cada vez mais perfeito.
04:11A história da cosmiatria.
04:13Toda essa questão estética tendo evoluído demais.
04:19Então, isso é muito ruim.
04:20E muitas vezes a gente não consegue controlar.
04:22Eu acho que a exigência da receita vai controlar isso.
04:26Vai exigir que a maioria das pessoas tenham a receita médica.
04:30E o médico vai indicar isso para pessoas que tenham o índice de massa corpóreo acima de 30,
04:35no caso, se quiserem emagrecer.
04:38E algumas dessas drogas, elas são indicadas principalmente para o diabetes.
04:43O médico, na avaliação do paciente, ele pode avaliar e ver se existe também uma indicação para a perda de peso.
04:51Visto que a obesidade hoje é considerada uma doença.
04:55Ela é uma doença.
04:56É uma das principais doenças atuais.
04:59Recentemente, tivemos uma palestra na Associação Paulista de Medicina,
05:03ministrada pelo Grupo de Cirurgia de Obesidade,
05:06que demonstrou que os pacientes operados de obesidade e que têm a sua redução de peso,
05:13têm uma incidência muito menor de câncer.
05:15Porque a obesidade é um dos fatores de risco para o câncer.
05:19Além de todos os outros fatores da obesidade,
05:23a sobrecarga nas articulações, enfim,
05:27tudo o que o peso em excesso causa no corpo humano.
05:33Doutor Antônio José Gonçalves, presidente da Associação Paulista de Medicina,
05:36muito obrigado pelos esclarecimentos aqui na Jovem Pan.
05:39Uma boa pássua para o senhor.
05:40Até a próxima.
05:42Igualmente, pouco ovo para não engordar muito, tá bom?
05:45Verdade.
05:46Até logo, obrigado.