O jovem Luigi Mangione, de 26 anos, foi indiciado pela morte do CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, em Nova York, em um caso que gerou comoção e críticas ao sistema de saúde dos EUA. Ele enfrenta acusações estaduais e federais, incluindo assassinato com uso de arma de fogo — crime que pode resultar em pena de morte.
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NotíciasTranscrição
00:00Um júri no Tribunal de Manhattan, em Nova Iorque, indicou na última quinta-feira, no norte-americano,
00:06Luigi Mangione por homicídio federal pelo assassinato de Brian Thompson,
00:11CEO da maior seguradora de saúde dos Estados Unidos.
00:14Quem traz os detalhes é o nosso correspondente internacional, Luca Bassani,
00:18que está ao vivo aqui com a gente e vai poder contextualizar tudo isso pra gente.
00:22Luca, muito boa tarde. Vejo que é a noite aí, né?
00:25Boa tarde a você, David Dittar, só todos que nos acompanham nessa Sexta-feira Santa.
00:32Trazemos notícias diretamente do que se refere aos Estados Unidos,
00:36aquilo que aconteceu no final do ano passado, em dezembro de 2024,
00:40quando um crime dividiu a sociedade e também ganhou todos os holofotes.
00:44O CEO da maior empresa de seguradora de saúde dos Estados Unidos, a United Healthcare,
00:50Brian Thompson, foi assassinado, levando um tiro nas costas.
00:55E o maior suspeito é Luigi Mangione, que foi encontrado pela polícia cinco dias mais tarde no estado da Pensilvânia.
01:02Depois de ter sido colocado sob a custódia da polícia e também uma série de processos criminais
01:08terem sido iniciados também na esfera federal,
01:11ele teve o seu indiciamento hoje pela procuradoria no estado de Nova York.
01:18Isso acontece num júri federal de Manhattan, portanto não diz respeito ao estado de Nova York,
01:24mas sim a todos os Estados Unidos como uma república, como uma federação,
01:29inclusive a procuradora-chefe dos Estados Unidos, Pam Bond, pedindo a pena de morte.
01:36A gente vê que talvez a procuradoria escolherá esse caminho, não só a prisão perpétua
01:42ou qualquer tipo de pena que seja mais severa, mas sim a pena de morte, algo que poderá ser aplicado.
01:48A defesa diz que esse caso ganhou muita notoriedade política
01:52e que o presidente Donald Trump estaria por trás desse pedido da procuradora-geral
01:58para que Luigi Mangione seja então morto durante o final do julgamento,
02:04com a pena de morte sendo escolhida como uma das possibilidades do júri.
02:10Vale dizer que durante todo esse processo, muitas pessoas que estão insatisfeitas
02:15com a situação relacionada aos seguros de saúde nos Estados Unidos
02:20tomaram o lado do assassino, tomaram o lado do suspeito,
02:24dizendo que foi legítimo, considerando todas as famílias que sofreram
02:28por conta de não ter atendimento condizente com as suas necessidades.
02:32Obviamente, um tema muito polêmico e que não justificaria um assassinato mais
02:37que tem ganhado a imprensa norte-americana.
02:39Nós vamos acompanhar também quais serão os próximos passos
02:42em relação a Luigi Mangione e a sua própria defesa.
02:46Pois é, um caso bastante polêmico.
02:48Muito obrigado, Luca Bassani.
02:50E a gente vai percutir, claro, aqui na mesa.
02:51Agora, chamando Fabrizio Naitz, que entende tudo do contexto internacional
02:55sobre esse episódio, até mesmo com a possibilidade de pena de morte.
03:01É um caminho um pouco difícil da gente explicar, David.
03:05Boa tarde para você, pessoal que está aqui na bancária,
03:07todo mundo que acompanha de frente.
03:09Porque essa é a grande discussão envolvendo Luigi Mangione.
03:12Se a pena de morte é pesada demais nesse caso.
03:16Luigi Mangione assassinou o Brian Thompson no final do ano passado.
03:20Um crime que está, como o Luca descreveu aqui para a gente, relacionado à questão do plano de saúde.
03:26Os Estados Unidos não têm um sistema universal de saúde, como a maioria dos países europeus possuem,
03:32como o Canadá possui, como o Brasil possui, com o SUS.
03:35Então, os americanos dependem de planos de saúde.
03:38Na sua grande maioria, caros, inoperantes, planos de saúde que não atendem as necessidades da população.
03:44Muita gente, por exemplo, a pessoa tem um infarto em casa, ao invés de ela ligar para uma ambulância e ir para um pronto-socorro,
03:51ela não liga para a ambulância.
03:52Ela fica infartando em casa porque ela não tem dinheiro para pagar a ambulância para ir ao pronto-socorro.
03:58Essa é a situação envolvendo a saúde pública dos Estados Unidos.
04:01E daí que veio a revolta do Luigi Mangione, a ponto dele assassinar um homem a sangue frio no centro de Nova York.
04:08Quando a gente fala que a pena de morte pode ser um pouco pesada para ele, não quer dizer que não é uma defesa ao que ele fez.
04:17Mas é comparar esse caso com outros exemplos que envolvem os Estados Unidos.
04:22Por exemplo, desde 1993, os Estados Unidos tiveram 23 ataques a tiro em massa em escolas.
04:29Quando eu digo em massa, são ataques a tiros que deixaram pelo menos 4 mortos em escolas.
04:34Por que eu falei de 1993?
04:36Porque foi a última vez que um atirador em uma escola recebeu a pena de morte nos Estados Unidos.
04:42De lá para cá foram 23 casos e nenhum deles foi condenado à pena de morte.
04:47A bem da verdade, desses 23 casos, 16 atiradores morreram durante o ato.
04:53Ou seja, sobram aí pouco mais de 23 para 16.
04:58Sobram 7 atiradores que foram condenados depois, no máximo, à prisão perpétua.
05:04Mas jamais a pena de morte.
05:06A gente tem um caso muito famoso que voltou à tona nesses últimos anos por causa de uma série de TV, que é do Jeffrey Dahmer.
05:12O Jeffrey Dahmer matou 17 pessoas nos Estados Unidos, lá no estado de Milwaukee.
05:17Os casos dele envolviam canibalismo, necrofilia.
05:21Ele foi condenado à prisão perpétua.
05:23Isso em 1992.
05:24Acabou morrendo dois anos depois, porque foi morto, espancado, por uma outra pessoa que também estava presa lá em Milwaukee.
05:32Ou seja, a questão aqui é que tudo indica que esse julgamento do Luigi Mangione tem um caráter midiático.
05:40Ele está sendo acusado, inclusive, de terrorismo.
05:44Não apenas de homicídio, mas de terrorismo, entre tantas acusações que ele está recebendo.
05:48Em todas, ele diz ser inocente.
05:51Mas um julgamento que aparenta ser midiático, tem todas as características de um julgamento midiático,
05:58e que a imagem que a defesa do Luigi Mangione tem tentado passar, e que não é de todo absurda,
06:05é de que a justiça americana está passando um recado que é o seguinte.
06:08Você pode mexer com quem você quiser, contanto que não seja um poderoso.
06:12O Brian Thompson era um bilionário americano, dono de uma empresa de planos de saúde, e que acabou sendo morto.
06:18Portanto, para Luigi Mangione, a pena é capital, é a morte.
06:22Se fosse um outro cidadão comum que tivesse sido assassinado,
06:26muito dificilmente a gente estaria vendo essa mesma comoção lá nos Estados Unidos.
06:31Pois é, tem todo esse contexto muito bem explicado aqui pelo Fabrício Knights,
06:35que gostaria de saber também a avaliação do Belut.
06:37Pois é, e você vê que nesse caso do Luigi, ele causou essa comoção,
06:41muita gente ficou a favor dele, porque é evidente que se todos em união pensarmos,
06:48as seguradoras de saúde atendem os propósitos da população mundialmente,
06:52me parece que não elas visam lucro, são empresas que visam ao lucro,
06:55e as populações cada vez vivendo mais anos, a tendência é que elas precisem cada vez mais dessas assistências.
07:01E nessa cultura de sempre o criminoso ser celebridade,
07:05e ele, no caso do Luigi, ele estudou em escola de elite lá nos Estados Unidos,
07:11também cursou universidade, é tido como sempre excelente aluno,
07:15e até está sendo tido como galã também para muita gente que idolatra criminosos.
07:20Agora, todo esse contexto é possível de se explicar.
07:24Enfim, agora, o que está sendo julgado é o ato em si,
07:27do assassinato covarde sem chance de defesa, é esse ato que está sendo julgado.
07:30Pode-se discutir todas as outras questões paralelas, contextualizá-las,
07:34agora, o ato não tem como fugir do ato.
07:36Ele assassinou, agora, me parece que a pena de morte vem diminuindo nos Estados Unidos também o uso.
07:42É muito complicado a gente atribuir, dar ao Estado o poder de ceifar a vida de pessoas.
07:48O mal que o Estado pode nos fazer é muito maior do que o mal que a gente pode fazer ao Estado.
07:51Então, é muito complicado essa questão, eu também sou tendo a ser muito mais favorável
07:55à pena de prisão perpétua, me parece muito mais o ideal nesse caso, do que atribuir ao Estado.
08:01Agora, a imagem é claríssima dele atirando no CEO, depois ele fugiu, usou identidade falsa, enfim,
08:05o que está sendo julgado é isso, há todo um contexto histórico por trás,
08:09contra essas seguradoras de plano de saúde no Brasil, ou seja, nos Estados Unidos,
08:12são muito criticadas pela forma que atuam, questão de reembolso, assim,
08:16todo mundo que se perguntar vai ter um problema com seguradora de saúde.
08:18Agora, o ato em si do assassinato deve ser punido sim, David.
08:22É claro que causa indignação em relação às operadoras de saúde, não só nos Estados Unidos,
08:26aqui no Brasil a gente vive isso, com aumentos cada vez mais expressivos,
08:31falta de cobertura em muitas das ações, então realmente causa indignação,
08:36mas daí você tirar a vida da pessoa que administra alguma empresa dessa,
08:41é realmente uma medida muito, que não tem nem como a gente aceitar e compactuar com isso.
08:47E por isso de toda essa discussão, de que, ah, foi um ato heróico dele,
08:52como algumas pessoas colocam, mas qual a sua avaliação, Raquel?
08:55É, independentemente da motivação, foi um ato criminoso.
09:00Luiz de Mangione, ele sustentou, inclusive, a não cobertura do plano,
09:07e que causou grave mal, até mesmo a morte de seus parentes,
09:12e isso foi uma justificativa ali colocada, se não me engano, a própria avó, ele alega.
09:17Claro que a dor profunda de perder um ente querido por falta de escrúpulos de grandes multinacionais
09:23e que deixa aquele consumidor numa insuficiência nessa relação,
09:29não pode ser solucionada com as próprias mãos.
09:33E isso é retornar a uma época, a uma era de bárbaros.
09:38Então, é um ato criminoso, é um ato, sim, que estirpou sem a menor defesa,
09:43e aí a gente pode falar em homicídio tripulamente qualificado, motivo torpe, fútil,
09:49a ausência de qualquer reação da vítima, premeditação nesse homicídio.
09:55Claro que a situação dele, criminalmente, é uma situação que não cabe como negar que houve uma prática criminosa.
10:03Agora, a ponderação e a condenação, ela deve ser proporcional ali à prática.
10:09A gente sabe que em alguns estados dos Estados Unidos, cabe a prisão perpétua, a pena de morte, a pena capital.
10:16E aí, deve ser avaliado se essa...
10:19Eu vi que agora, cada vez menos tem se utilizado a pena capital.
10:23Então, a gente não pode também permitir que o próprio Estado utilize como uma retaliação e uma resposta
10:30algo que não vem utilizando.
10:32Então, o país, ele também tem que estar acima, a instituição do Estado tem que estar acima de qualquer tipo de retaliação.
10:39Agora, é importante frisar, porque muito se fala em pena de morte, pena de prisão perpétua aqui no nosso país.
10:46Claro, quando a gente é um país que é signatário de pactos e convenções internacionais,
10:52como o Pacto de São José da Costa Rica, que não admite o retrocesso,
10:56quando a gente fala em garantias de direitos humanos como um completo,
11:00penas capitais ou penas de prisão perpétua são, no atual contexto do nosso país, impossíveis de serem implementadas.
11:08Rodolfo?
11:10Eu vou mais fazer uma explanação aqui e perguntar para os meus amigos de mesa,
11:14já que eu tenho uma delegada, um advogado formado e um cientista político aqui,
11:18sobre essa questão nos Estados Unidos.
11:20Por exemplo, em Nova York, atualmente, não há uma lei estadual que possa ser aplicada para essa finalidade punitiva.
11:27Ok?
11:28Então, se eles mudam colocando essa pessoa no corredor da morte e, possivelmente, morte letal,
11:33que é por injeção ou algo do tipo, eles podem mudar uma jurisprudência.
11:38Porque se todas as pessoas cometerem crime dessa natureza nos Estados Unidos,
11:41vão parar no corredor da morte e vão ter pena de morte.
11:44Beleza?
11:45Então, param no corredor da morte e, de alguma forma, eles têm até oito anos para se far a vida desse bandido ou desse criminoso.
11:50Como é que fica no âmbito internacional para você?
11:54E como é que fica a jurisprudência internacional para você?
11:56Eu coloquei duas perguntas aqui porque eu realmente gostaria de saber como é que fica.
11:59Porque podem estar mudando o cenário punitivo nos Estados Unidos.
12:03E isso é muito complicado.
12:05Fazer justiça com as próprias mãos vai ser visto de que forma nos Estados Unidos?
12:10Porque se o Brasil e outros países copiam, principalmente, esse centro punitivista,
12:14a gente pode estar trazendo um preceito que pode ser aplicado num país a longo prazo.
12:19O que vocês acham?
12:20Desculpa.
12:20Fabrício.
12:22Justamente, Rodolfo, essa questão.
12:24Por isso que a pena está sendo levada agora para um júri federal, né?
12:27Porque o estado de Nova York não permite a pena de morte.
12:30É por isso que esse caso está sendo federalizado lá nos Estados Unidos.
12:33Ele foi, inclusive, o Luiz de Mangione, ele comete o crime em Manhattan,
12:37mas depois ele vai para o estado da Pensilvânia,
12:39que é o estado vizinho, é lá onde ele acaba sendo encontrado.
12:42E aí há uma questão até de extradição.
12:44Não sabiam se ele ia ser julgado na Pensilvânia por ter sido encontrado lá,
12:49ou se ele seria julgado em Nova York.
12:51Enfim, no fim das contas, a questão está sendo federalizada.
12:54Me parece que a reação internacional, a princípio, é o seguinte, se respeitam as leis locais,
13:02independentemente de concordar ou não, mas as leis locais devem ser respeitadas.
13:08Agora, acho que abre aqui uma discussão muito ampla internacionalmente sobre a pena capital,
13:15porque o estado não tem o direito de errar quando se trata de pena capital.
13:20É o mesmo caso, por exemplo, é uma discussão polêmica,
13:24mas quando se fala de castração química para um estuprador.
13:28Aí você condena o cara à castração química e daqui a alguns anos aparece uma prova nova dizendo
13:34que ele não cometeu aquele crime lá de estupro.
13:35Mas e aí, como é que você vai voltar atrás na condenação que foi aplicada?
13:41Vai descastrar o cara? É impossível.
13:43Vai fazer o quê? Vai reviver o cidadão que foi morto pelas mãos do estado?
13:48Então isso abre aqui uma questão bastante polêmica,
13:52porque as leis locais têm que ser respeitadas.
13:54A lei americana é a lei americana, ninguém tem o poder internacionalmente falando
13:58de interferir nesse aspecto.
14:00Se é antiquado ou não, se é atrasado, se é demais, muito forte,
14:06aí já é uma outra discussão que pode ser refletida aqui.
14:12Mas a intenção parece muito clara do governo federal,
14:15hoje a procuradora-geral Pam Bondi,
14:19deixa muito claro que a Casa Branca tem interesse sim na pena capital.
14:23Até por isso que aumenta, suscita essa ideia de que é um julgamento midiático
14:28e de que protege uma classe da sociedade que tende a ser mais favorecida,
14:34que são aqueles mais abastados, justamente.
14:37Mas é uma discussão muito longa e que dá muita polêmica, né, Rodolfo?
14:41Não à toa a gente está aqui nesse debate.
14:44É, a gente tem que olhar de várias formas, né?
14:46Mas a Raquel ergueu o dedinho, Belotti também foi citado.
14:49Vamos começar pela Raquel, depois Belotti.
14:50Eu achei perfeito tudo que foi abordado aqui pelo Fabrício,
14:54mas eu só queria entrar numa polêmica em relação à castração química.
14:57A castração química, em diversos países que é aplicada,
15:02hoje, ela não é de forma permanente,
15:05é uma manipulação hormonal para tirar o desejo daquele que foi condenado
15:09por violência, por estupro, por crimes sexuais.
15:13E a castração química, ela pode ser de várias modalidades
15:18ou uma opção do próprio condenado
15:21para ele poder ter uma comutação da pena,
15:24uma diminuição da sua própria pena,
15:25ou pode ser a espécie da própria pena.
15:28Então, depende do país.
15:29Nesse sentido, eu não vejo o paralelo, Fabrício,
15:33com todo respeito, com uma pena de morte
15:35ou uma...
15:36Eu vejo mais um paralelo com uma pena de prisão perpétua
15:38do que uma pena de morte.
15:39Porque é reversível a castração química.
15:43Quando a gente fala castração, parece que é uma...
15:45Você vai tirar...
15:47É, parece do...
15:47Vai tirar o gajinho de tal.
15:49Realmente, é algo físico em relação a uma oblação,
15:52digamos, do órgão sexual.
15:54Perfeito.
15:55É, mas é justamente assim,
15:57acho que a questão é que o Estado, de fato,
15:59não tem o direito de errar.
16:01E aí, a gente falando de pena de morte, isso é absoluto.
16:03O Estado não tem o direito de errar em relação à pena de morte.
16:06A imagem é muito clara.
16:08Não tem ninguém aqui questionando
16:09se o Luigi Mangione puxou ou não o gatilho.
16:12Isso é definitivo.
16:14Ele puxou o gatilho.
16:15Qual que é a questão por trás disso?
16:18A motivação?
16:19Se isso é capaz de ser interpretado ou não
16:21como terrorismo, por exemplo?
16:23Aí é um outro debate.
16:25Agora, voltando ainda na questão do Rodolfo,
16:27como que a comunidade internacional vê uma coisa dessas?
16:30A pena de morte já não é mais aplicada
16:32em muitos países desenvolvidos, ocidentais,
16:34democracias aqui do Ocidente
16:37já não aplicam mais à pena de morte.
16:39Isso é algo que ficou no passado
16:41e que a gente não consegue imaginar
16:42os países voltando a esse tipo de punição.
16:47Mas a sociedade norte-americana,
16:49ela é uma sociedade bastante conservadora
16:51em muitos aspectos,
16:53principalmente no aspecto legal.
16:54É uma sociedade bastante punitivista.
16:56Não à toa, vários Estados,
16:58porque os Estados têm essa independência
17:00de decidir a sua legislação criminal,
17:02tem leis muito severas contra esse tipo de casos
17:07e outros casos também,
17:09não apenas para homicídios.
17:11Só para corrigir o que eu falei,
17:12a castração química não é uma ablação peniana.
17:15Eu falei ablação e tem algo bíblico, né?
17:19A castração química não é uma ablação peniana.
17:23Belote?
17:24E o que, como o Rodolfo colocou de forma bastante correta,
17:27mudaria a jurisprudência,
17:28criaria uma repercussão internacional muito ruim
17:30para os Estados Unidos, como o Fabrício mencionou,
17:32não se aplica mais nos países ocidentais desenvolvidos.
17:35É uma prática que vem caindo em desuso,
17:37o que é ótimo,
17:37porque o Estado tem muito mais possibilidades
17:40de errar contra nós do que o oposto.
17:42Então, não se deve dar esse exemplo.
17:44O Trump mencionou muito na campanha eleitoral
17:47a questão de impor a pena de morte
17:49para quem assassinasse policiais nos Estados Unidos.
17:51Está em discussão.
17:52Nesse caso, eu acho que seria até mais discutível,
17:54mais palatável de se aceitar.
17:56Agora, erraria muito os Estados Unidos
18:00se aplicar a pena de morte no Luíde,
18:02porque ele já é um herói da cultura americana dos dias de hoje.
18:05Se o matar, se vierem a matá-lo,
18:07então ele vai virar um herói ao quadrado.
18:09Já vai ter filme sobre ele, já vai ter toda a história.
18:11E se o final do filme for ele morrendo,
18:13aí que ele vai virar muito mais herói, David.
18:15É um mártir, né?
18:16É um mártir.
18:17Justamente isso que pode acabar acontecendo.
18:19Esse que é o grande temor, parece, do governo.
18:24Transformar o Luíde em um herói da mudança,
18:26uma grande inspiração.
18:29E aí você tocou no ponto que eu acabei esquecendo, João.
18:31Vou deixar passar, infelizmente.
18:33Mas justamente...
18:34O filme dele já está sendo escrito.
18:37Se ele for condenado à pena de morte,
18:38a última cena vai ser ele morrendo e vai ser mais triste.
18:41Ele vai virar muito mais herói do que já está sendo.
18:43É, porque essa questão da jurisprudência é muito interessante.
18:46Porque, por exemplo, aqui no Brasil a gente tem um debate sobre as penas.
18:50As penas, se elas forem aplicadas de uma maneira mais severa,
18:54automaticamente você teria menos indicadores criminais acontecendo.
18:59Porque o bandido teria realmente receio de ficar preso por muito tempo,
19:02de que ele fosse ficar punido de uma forma exemplar.
19:07Porque hoje o que acontece, por exemplo, com determinados crimes?
19:10Vai lá, preenche reconhecendo que cometeu o crime
19:14e automaticamente já é liberado.
19:16Então é uma questão que a gente precisa debater também, né?
19:20Não, justamente.
19:21Porque se você...
19:22No Brasil, muito se diz e na minha visão é verdade isso.
19:25O criminoso não tem medo da punição no Brasil.
19:28Até crimes violentíssimos.
19:30A gente tem famosos criminosos no Brasil
19:33que estão todos soltos.
19:34Todos soltos.
19:35E as vítimas que eles ceifaram as vidas e suas famílias
19:37certamente não estão satisfeitas com essa situação.
19:41Até a própria prisão perpétua nos Estados Unidos,
19:43como o Fabrício colocou,
19:45está me parecendo um pedido muito além do crime em si,
19:48que é um crime bárbaro, sem chance de defesa,
19:50com premeditação, como a doutora Raquel mencionou.
19:53Mas terrorismo já começa a misturar outras coisas
19:55nessa questão, pelo caso midiático.
19:59E a gente sabe que quando há mídia, infelizmente,
20:01acabam se cometendo muitos atropelos no processo,
20:04no devido processo legal,
20:05porque aí você passa a ter as torcidas, né?
20:07Um para condenar a morte, o outro para não condenar,
20:10para virar herói, para absolver.
20:11Então, ele já é parte da cultura americana,
20:14assim como foi o O.J. Simpson e outros casos.
20:17Esse é mais um caso emblemático dos Estados Unidos
20:19que tomou repercussão mundial.
20:20Eu lembrei agora do ponto que o João falou
20:22que eu queria trazer aqui.
20:23E agora, queria até fazer uma conexão
20:25que ele disse sobre briga distorcida,
20:27porque é justamente isso que acaba acontecendo.
20:29O pessoal mais à direita
20:31acaba defendendo a pena de morte.
20:34O pessoal que é mais Trump,
20:35lá nos Estados Unidos,
20:36acaba defendendo a pena de morte para Luigi Mangione.
20:38E o pessoal mais à esquerda, mais liberal,
20:41diz que não, que não é por aí.
20:43E aí, o João tinha trazido um ponto aqui interessante,
20:47que é o seguinte,
20:47o Trump propôs a pena de morte
20:50para quem matar policiais nos Estados Unidos.
20:53É interessante,
20:54é uma lei interessante a gente discutir,
20:57porém, ela vai de encontro
21:00com o perdão da pena que o Trump deu
21:04para os condenados pela invasão ao Capitólio,
21:07lá nos Estados Unidos,
21:08em 2021,
21:09quando policiais morreram naquela invasão.
21:12E todas as pessoas envolvidas
21:14à invasão do Capitólio
21:15acabaram sendo condenadas pelo Trump.
21:18Ou seja,
21:19isso embasa um pouco mais
21:21essa ideia de briga de torcida.
21:23Quer dizer,
21:24a ideologia acaba vindo por cima
21:25do que diz a lei,
21:27não se cumpre a lei,
21:28ou se cumpre a lei
21:29ainda mais em dobro
21:31a depender do que o outro pensa
21:33ou deixa de pensar.
21:35Isso é uma coisa perigosa.
21:36A lei deveria,
21:37em teoria,
21:38ser cumprida
21:38tal qual ela está ali na pedra,
21:41sem que haja
21:42uma visão ideológica
21:43por cima disso.
21:45Acho que é aí
21:45que entra um problema
21:46muito grande
21:47para a democracia
21:49de maneira geral.
21:50Você acha que a governadora
21:51de Nova Iorque,
21:52por exemplo,
21:52que é a Kate Herschel,
21:54ela sendo democrata,
21:55isso tem mais força?
21:57É uma possibilidade,
21:59mas não deveria,
22:01pelo menos a gente imagina
22:02que não há
22:02uma certa interferência
22:04hoje do governo estadual
22:06nesse tipo de caso.
22:07Até porque
22:08quando o Luiz de Mangione
22:08chega em Nova Iorque,
22:10Rodolfo,
22:10isso na virada do ano,
22:12que ele é levado
22:13da Pensilvânia
22:13para Nova Iorque,
22:14ele é recebido,
22:15inclusive,
22:16pelo prefeito,
22:16recebido entre aspas,
22:18mas o prefeito de Nova Iorque
22:19foi buscar o Luiz de Mangione
22:21no aeroporto
22:22com toda uma comitiva.
22:24Tinha,
22:24se não me engano,
22:25era coisa assim
22:26de 50 ou 100 policiais
22:27para levar um homem
22:29que estava algemado
22:30nas mãos
22:31e nos pés.
22:32Ou seja,
22:33é uma coisa
22:34desproporcional.
22:35A parte midiática
22:36é do Estado também.
22:37Exatamente,
22:38a própria cidade
22:39e o Estado
22:40promoveram
22:41e aceitaram promover
22:43essa mídia toda
22:43também sobre o caso.
22:45Então,
22:45eu não imagino
22:46que vá ter
22:46nenhum tipo de influência
22:48nesse momento, não.
22:49que vá ter