O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira (16) que o governo dos Estados Unidos é incoerente por estabelecer tarifas adicionais aos produtos brasileiros. Deysi Cioccari comentou.
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NotíciasTranscrição
00:00Luciana, falando ainda dessa questão de relações comerciais, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo dos Estados Unidos, o governo do Trump, é incoerente ao taxar produtos aqui do Brasil no tarifácio.
00:12Foi uma das falas dele. O que mais que disse Fernando Haddad, Luciana?
00:18Olha, o ministro lembrou, né, um discurso que está sendo muito recorrente aqui dentro da administração federal.
00:23O Brasil tem déficit na balança comercial com os Estados Unidos. O vice-presidente Geraldo Alckmin costuma dizer que o Brasil não é um problema para os norte-americanos, pode ser, inclusive, uma solução.
00:37Por isso, Fernando Haddad lembrou que não há por que os Estados Unidos imporem novas tarifas ao Brasil, levando em consideração a nossa relação histórica com os norte-americanos.
00:49Haddad lembrou que existe, sim, um momento, inclusive, histórico importante naquele país com a eleição de Donald Trump, uma radicalização, mas que isso não justifica a imposição de tarifas.
01:02Por isso, ele acredita, assim como outros integrantes aqui da administração federal, que com a base da negociação, da diplomacia, vai ser possível reverter esse cenário,
01:13levando em consideração a importância, né, dos dois países em torno aí desse comércio bilateral.
01:20O ministro da Fazenda ainda lembrou que essa questão, a lei da reciprocidade, o Brasil, o presidente Lula tem dito, que o Brasil também vai impor tarifas aos Estados Unidos
01:33se as negociações não avançarem. E o ministro da Fazenda lembra que a lei da reciprocidade foi aprovada por ampla maioria no Congresso Nacional,
01:42já foi sancionada pelo presidente Lula e está pronta para ser utilizada, caso seja uma decisão aqui da presidência da República.
01:50Antes, no entanto, as negociações do Ministério das Relações Exteriores e do ministro da Indústria e Comércio, o vice-presidente Geraldo Alckmin,
01:58estão a todo vapor, porque existe um temor do governo brasileiro de uma radicalização.
02:04Então, a ordem é negociar, tentar chegar num ponto comum para evitar aí qualquer tipo de ruptura, ruído,
02:12nas relações com os Estados Unidos, o que já está acontecendo com vários países do mundo.
02:17E a gente vai acompanhando, vai conferindo. Muito obrigado, Luciana Verdolim, com Informações em Brasília.
02:21Eu já convido aqui para conversar com a gente também a Deise Siocari, nossa comentarista hoje.
02:25Deise, essa conclusão, ou pelo menos essa avaliação do ministro Haddad,
02:30é corroborada por vários outros países ou por vários outros ministros de países
02:35que foram taxados pelo governo de Donald Trump.
02:38E, por outro lado, essa comitiva do Brasil que vai à Europa negociar,
02:42também, talvez, mais impulsionada ainda por causa do tarifaço do Trump buscando novos mercados, né, Deise?
02:49Pois é, Nonato. Esse tarifaço dos Estados Unidos, essa guerra comercial entre Estados Unidos e China,
02:54eles devem responder a uma grande pergunta para o Brasil,
02:58se o que a gente vai ver aqui é uma oportunidade ou uma ameaça à indústria nacional.
03:02E por que eu falo isso?
03:03Porque essa entrada massiva de produtos chineses que a gente vai ver acontecendo agora no Brasil,
03:08ele vai exigir do país alguma reformulação também, né?
03:12A gente vai ter uma entrada de produtos,
03:14então, isso deve prejudicar um pouco o emprego formal aqui no Brasil,
03:19deve levantar uma possível desindustrialização,
03:22a gente sabe que o país já sofre com isso,
03:24o Brasil não consegue manter um crescimento industrial acelerado,
03:27a gente não tem investimento em tecnologia para isso,
03:30isso é um problema, inclusive, saiu uma pesquisa hoje falando dessa questão,
03:33que o Brasil é um dos últimos países no mundo analisados em questão de crescimento de industrialização.
03:39A gente tem um problema que é a necessidade de políticas industriais e comerciais,
03:44então, a gente não investe nisso.
03:46A capacidade logística e de infraestrutura,
03:48então, com a entrada desses produtos chineses aqui no Brasil,
03:51a gente vai ter capacidade rodoviária,
03:53de portuária e de rodovias para transportar esses produtos,
03:58esse aumento na carga logística,
04:00será que o Brasil vai conseguir suportar?
04:02E a diversificação de mercados e de acordos internacionais,
04:05que eu espero que seja resolvido nessa viagem,
04:07porque o Brasil insiste em ter um ou dois parceiros comerciais.
04:11E isso, com essa guerra comercial, agora ficou muito claro que o Brasil precisa diversificar,
04:16precisa procurar outros parceiros comerciais e não ficar dependendo de um ou outro.
04:21Vamos ver como que o país pode reagir.
04:23Pode ser, sim, uma oportunidade,
04:25mas também pode ser um risco para a indústria brasileira.