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Convidada por um amigo a escrever o roteiro de um filme, a jornalista Clara encontra-se com o velho garimpeiro Geraldo, | dG1fcE54TVRoTHdQMW8
Transcript
00:00Eu trago das mãos calos e marcas de muitas canetas, que nesses anos todos sangraram poemas,
00:10pelos papéis afora, como lunetas a sua procura.
00:18Nossas almas já haviam aprendido geografia bem antes de nossos pés, e já sabiam todos os rumos.
00:29Escura e escusa, misteriosa e brava, de amigo, amor e brasa, queimando tudo que não fosse nós.
00:40Como garrafas ao mar eu envio poemas a sua procura, milhares de palavras soltas ao vento,
00:47que cansam de todo o tempo de todos os caras de cada rima.
00:51Tudo que queres saber de ti, mesmo sendo tão tarde.
01:17Para chegar ao seu coração, nas colírias de seus filmes e muitas ilhas perdidas,
01:31espalhamei calos pelas mãos da feitura de poemas, que me serviram de bústias.
01:47Se aquilo não era ainda o paraíso, estava bem próximo disso.
02:15Eu aprendi, rimando apaixão, que o tempo é um sonho que talvez,
02:29o que se foi, será amanhã, a flor que sai do chão.
02:42Ou não será, quem sabe dizer, pra onde vai o vento que for,
02:55levando os versos todos que eu fiz, vento é uma canção.
03:08Parte daqui que foi um dia, ao sul de setembro,
03:22mistério e amor.
03:30E de esperar fez-se a vida, a poesia, o poeta e a soledade.

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