• há 9 meses
Produção com participação de Oliver Stone mostra como a Ucrânia se dividiu entre correntes nacionalistas e pró-Rússia desde 2014, situação que levou à guerra atual.
Ucrânia em Chamas (2016), do cineasta ucraniano Igor Lopatonok, com a participação de Oliver Stone, é com certeza uma boa referência entre esses documentários. Trata das raízes históricas do nacionalismo no país para contar como se desenrolaram os embates que culminaram com o golpe que depôs o presidente Viktor Ianukovytch, em fevereiro de 2014.

Desde então, a Ucrânia vive a emergência de um poder nacionalista, que abriga setores neonazistas, e o país se encontra sob conflitos.

“A Ucrânia foi durante séculos pertencente à Rússia, 70 anos como União Soviética, e a parte sudeste da Ucrânia é dominantemente russa, de fala russa. Essa área se tornou parte da Ucrânia com o desmantelamento da União Soviética. Em acordos, se definiu autonomia para essas regiões, mas isso nunca foi respeitado”, afirma o professor da PUC-SP Ladislau Dowbor ao falar à TVT sobre o documentário.

A história mostra que na Segunda Guerra Mundial a porção oeste da Ucrânia participou ao lado dos alemães, lembra ainda o professor.

Com o fim da União Soviética, em 1991, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) se expandiu para 13 países do Leste Europeu, até a fronteira com a Rússia.

Em 2012, o governo de Ianukovytch aprovou uma lei tornando o Russo a segunda língua oficial no Sul e Leste do país, áreas em que a população russa é maioria. Desde então, surgiram protestos em massa de grupos nacionalistas contra a lei.

Em fevereiro de 2014, após a queda de Ianukovytch, o novo governo, liderando pelo presidente interino Oleksandr Turchynov, atuou pela anulação da língua russa. A população pró-Rússia saiu às ruas em protesto. E os grupos nacionalistas também se insurgiram, houve tensão social, como em Donetsk, em 13 de março de 2014. Uma morte e 50 feridos em marcha pró-Rússia foi o saldo daquele momento.

Manifestantes tomaram o prédio do governo e proclamaram uma república popular em Donetsk em 7 de abril de 2014, ao que o novo governo de Kiev respondeu com uma ação “antiterrorista” no leste da Ucrânia.

Enquanto isso, segundo o documentário de Stone e Lopatonok, a mídia ‘gritava’ que a Rússia havia invadido a Ucrânia. O documentário mostra como o conflito interno no país foi se tornando cada vez mais violento e mortal e o novo governo de inspiração nacionalista passou a receber ajuda financeira dos Estados Unidos, que não se importaram com o viés neonazista adotado por Turchynov. “Ele é o responsável por fazer um governo contra seu próprio povo”, afirmou Ianukovytch.

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