Chico Rei foi um rei congolês que se tornou escravo e libertou a si mesmo e a seus súditos durante o Ciclo de Ouro em | dG1fSUVfSnJ4dG9ucWc
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00:13 Olá, eu sou a Joyce Prado, diretora do filme Chico Rei Entre Nós.
00:18 Comecei a olhar para a trajetória de Chico Rei como três grandes momentos.
00:23 O primeiro momento que é o cárcere, e entendendo isso também dentro de um contexto atual,
00:29 um momento de uma negação da identidade racial.
00:32 Você é descendente de escravo e não descendente de um povo africano.
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00:47 Um segundo momento que já é sobre uma construção de consciência racial.
00:53 E assim como o Chico Rei, um primeiro momento de liberdade pessoal, subjetiva.
00:59 Daí caminhar para o terceiro momento, que é pensar a emancipação dessa comunidade.
01:04 E além de pensar quem são os Chico Reis do presente,
01:08 o que seria de uma maneira conceitual essa trajetória de Chico Rei?
01:12 Esse Chico Rei, ele ninguém sabe. Não ficou escrito.
01:16 A palavra Chico Rei significa liberdade.
01:19 Foi um negro que conseguiu permear o sistema.
01:22 O nome é resistência.
01:24 A gente precisa pensar no apagamento também quanto a ausência de imagem.
01:28 Quando a gente trabalha com cinema, a gente está trabalhando constantemente
01:32 com a construção de imaginários e de como trazer essas outras possibilidades.
01:39 É muito sobre outras possibilidades da população negra se verem em tela.
01:43 Quando eu falo das ausências, é justamente porque eu também penso que o Chico Rei
01:48 é um caminho de continuar trazendo imagens que preenchem as nossas ausências quanto população.
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02:05 Quando eu fui convidada pela Adrobius a Laura Barzotto,
02:10 que é uma das produtoras executivas,
02:12 ela estava muito na missão de uma formação de equipe majoritariamente negra.
02:18 Como minha trajetória, as minhas parceiras de trabalho de mais longa data são mulheres,
02:22 então se tornou majoritariamente negra e feminina.
02:25 Enquanto diretora, já trabalhava com a Egrin, que é a técnica de som direto,
02:30 e com a Mariana Nunes, a Nuna, que é a diretora de fotografia,
02:34 com o interesse de cada vez aproximar mais profissionais negros
02:37 para que a gente consiga também ter um olhar crítico para essa história
02:42 e tirar desse mítico e desse romantizado.
02:46 Gosto muito de como o cartaz ficou, porque é Chico Rei entre nós,
02:50 mas a gente traz uma mulher dentro, sendo a imagem do filme.
02:55 Quando a gente vê as referências, a gente entende a importância das mulheres
02:59 dentro da construção das estratégias desses espaços.
03:02 Essa mudança vem com a formação, vem com política pública
03:06 e vem com um mercado que esteja comprometido em trazer a diversidade
03:11 para os espaços de tomada de decisão.
03:13 Às vezes a gente vê sets que estão se tornando mais diversos,
03:16 mas trazendo pessoas para serem técnicas, para serem assistentes.
03:21 E isso não é o que vai impactar dentro de processo de gestão, de criação
03:27 e de toda essa cadeia que é o mercado de cinema e de audiovisual.
03:31 E não queremos ser exclusivamente prestadores e prestadoras de serviços.
03:36 A gente precisa também ter a possibilidade de consolidar os nossos espaços criativos
03:41 e a nossa gestão de recursos e as decisões também de um outro lugar.
03:46 Além da gente resgatar a história, é um interesse muito forte de registrar a história presente,
03:52 para que a gente consiga também construir um referencial de futura.
03:56 A cultura e a memória são base para muita mudança.
04:01 É muito forte.
04:02 O Reinado é muito forte.