O pintor pernambucano Cicero Dias criou uma arte inigualável para o mundo. Próximo de modernista e influenciado por ar | dG1fUUZqLUZrZXBINnc
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00:00 Eu nunca acreditei, por exemplo, que dois e dois fossem quatro.
00:04 Eu acho que a realidade da arte, do espírito, não é igual à realidade matemática.
00:10 Nós vivemos de outra realidade e não a realidade matemática.
00:13 Eu vim ao mundo em 1907.
00:19 O Engenho Jundiá foi a capital da minha infância, o meu reino.
00:25 Me conheci em Pintor a minha vida inteira.
00:28 A Pintura de Sício não era sexo vivo.
00:35 "Pintura é coisa mental", dizia Leonardo, "sexo é coisa mental".
00:39 Está tudo aqui.
00:41 Depois eu vim para o Rio de Janeiro.
00:44 As primeiras aquarelas daquele ambiente, do Rio de Janeiro, Santa Tereza.
00:48 A linha do bonde que começa lá no Pão de Açúcar e vai bater lá no telhado do Oteiro da Glória.
00:55 Nesta casa, Cícero Dias começou a célebre obra dele.
01:00 Eu vi o mundo começava em Recife.
01:04 Era a guérmica brasileira.
01:11 A década de 1920 termina com a Revolução de 1930.
01:20 Para a vida de Cícero Dias havia também atenção, digamos, existencial.
01:25 Ele foi morar em Paris porque de Cavalcanti disse "Você ficando aí não vai aprender mais nada. Vence e mora para Paris".
01:31 Ele já se integra a um núcleo de intelectuais e artistas e pintores.
01:38 O telefone do Picasso era mantido em nome de Cícero Dias.
01:47 O que o Raimundo construiu no bolso dele, ele ficou o tempo todo como um inscrito na paleta.
01:54 Era um grito de liberdade contra os nazistas.
01:57 E foi jogado pela RAF sobre a França ocupada.
02:02 E a pintura de Cícero estava assim caminhando celeri para o extraterrestre.
02:16 Fisicamente o Cícero morava aqui, mas a cabeça do Cícero estava em Recife.
02:21 Essa raiz poderosa nordestina se sentiu traída quando Cícero Dias chegou aqui com uma pintura picassiana.
02:31 Foi um escândalo em Pernambuco.
02:33 Era uma questão, não era mais intelectual, não era de saúde pública.
02:38 Foi nesse ambiente que Cícero Dias inaugurou a exposição dele.
02:43 Cícero volta, na verdade, de forma gloriosa.
02:46 Para mim, é como se fosse um árbitro de sérgio.
02:49 As cores dos quadros de Cícero continuavam fiéis às cores locais de Pernambuco.
02:56 Este azul é chamado pelos gregos, pelos egípcios, "pátria celeste", "pátria".
03:04 Isso é uma pátria.
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