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E se Giuseppe Arcimboldo (1526-1593) fosse um pintor de Arte Moderna antes do tempo?
Apesar de algo estranhas, as telas jocosas de Giuseppe Arcimboldo, mestre do maneirismo, revelam-se extraordinariamente modernas.
Giuseppe Arcimboldo pintou apenas cerca de trinta quadros, mas marcou profundamente nosso imaginário coletivo. Todos conhecem os seus espantosos retratos compostos por um conjunto de elementos díspares – flores, frutas, animais, carnes ou objetos do quotidiano… – que despertam uma sensação de estranheza ou fascínio. Formado em Milão e depois convidado como retratista para a corte de Viena, onde desenvolveu a astúcia visual que o tornou famoso, o jovem Arcimboldo encarna toda a audácia e vivacidade do maneirismo do final do Renascimento.
Considerada por muito tempo anedótica, ingénua ou frívola, a obra de Arcimboldo, embora revolucionária em vida, caiu no esquecimento após a sua morte, apenas para ser redescoberta com o advento da arte moderna. Na década de 1920, os surrealistas exaltavam-no, reapropriando-se alegremente da sua técnica da colagem e de seu gosto pelo onírico e pelo simbólico.
Enquanto algumas de suas pinturas, parecem antecipar a estética cubista, ao misturar o belo e o feio, o vivo e o morto para formar quimeras singulares, Arcimboldo também parece fazer parte de uma reflexão que não poderia ser mais atual: pensar o lugar do ser humano na ordem da natureza.

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