• há 6 anos
"Ter vivido aqueles dias de julgamento televisionado, detalhado e comentado a cada segundo por uma mídia cada vez mais sangrenta e parcial foi uma vivência que não desejo a ninguém, nem aos meus inimigos. Cheguei um dia a me perguntar se aqueles jornalistas, ou melhor, seus chefes, eram capazes de imaginar o que estavam fazendo (...) Eu via cada manchete, cada frase maldosa, sem entender como podiam fazer isso com uma pessoa tão honesta e não sentir um mínimo de remorso", esse é um trecho do livro Felicidade Fechada, recém publicado por Miruna, filha de José Genoíno.

Sua obra, publicada pela Editora Cosmos, reúne as cartas da família, remontando as angústias enfrentadas por eles, tanto em decorrência da prisão de Genoíno quanto pelo linchamento midiático. Sim, linchamento, palavra definida pelos dicionários Aurélio e Michaelis como "justiçar sumariamente ou sem julgamento, punir usando grande violência, justiça sumária feita por uma multidão a um criminoso".

Outro ponto bastante explorado pela pedagoga no livro foi o acampamento de jornalistas na porta de casa, enquanto aguardavam a prisão de Genoíno, chegando, inclusive, a invadir a garagem do sobrado de classe média, no bairro Butantã, em São Paulo.

"Independentemente da pessoa diretamente envolvida a gente não pode esquecer da família dela e do espaço de cada um. Mesmo hoje em dia a gente tem que tomar cuidado quando fazemos também um ato, por exemplo, na casa do atual presidente [Temer], porque independentemente do que eu penso dele, ele tem sua trajetória e a casa dele é a casa dele. A gente tem que fazer um exercício de separar as escolhas políticas de cada um do seu espaço privado".