• há 8 anos
A Hungria comemora este domingo o aniversário da revolução de 1956, considerada por alguns historiadores como um dos principais acontecimentos que conduziram ao desmoronamento do bloco soviético em 1989, precursora da Primavera de Praga e do sindicato polaco Solidariedade.

Tudo começou em 23 de outubro de 1956, com uma concentração estudantil contra as políticas soviéticas, que exigia do governo a aprovação de 15 postulados, entre os quais o regresso ao poder do comunista reformador Imre Nagy.

Ferenc Vogyerák tinha na altura 18 anos e era estudante em Budapeste. “Eram tempos verdadeiramente revolucionários. Tínhamos aulas em situação de guerra”, recorda.

Inicialmente proibida e depois autorizada, a manifestação teve a adesão de soldados e operários, acabando por reunir 200 mil pessoas.

Uma delegação de estudantes entrou no edifício da Rádio Free Europe com a intenção de transmitir as suas reivindicações, mas foi detida. A violência e a desordem instalaram-se quando os manifestantes que exigiam a libertação dos estudantes foram alvejados pela polícia de Estado. A revolta espalhou-se rapidamente pela Hungria, e o governo caiu. Formaram-se por todo o país conselhos revolucionários que rapidamente se armaram e tomaram o poder.

O novo governo declarou a intenção de se retirar do Pacto de Varsóvia e prometeu eleições livres e tudo parecia ter voltado à normalidade quando, no dia 4 de novembro, os tanques russos entraram em Budapeste e foi desencadeada uma repressão brutal.

Ferenc Vogyerák aponta para o lugar onde viu serem fuzilados civis: “Os soviéticos viram as pessoas na fila diante da padaria e sem motivo nenhum começaram a disparar. Morreram muitas pessoas, os corpos ficaram espalhados aqui.”

A repressão soviética ao movimento de revolta conduziu à morte de 20 mil húngaros, e obrigou mais de 200 mil pessoas a fugir e pedir asilo noutros países.

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