Rokia vem da Guiné; Chimène nasceu no Togo. Ambas partilham a mesma história: fugiram dos seus países para escapar a um casamento forçado. O asilo que pediram na Europa é, garantem, uma questão de vida ou morte.
“Quando o meu pai morreu, casaram-me com um amigo dele. Venderam-me a esse senhor porque ele tinha muito dinheiro, era produtor de diamantes. Eu tornei-me na terceira mulher dele. A primeira vez que sofri uma excisão ainda era muito pequena. A segunda vez foi quando tinha doze anos. Ele disse-me para fazê-lo uma terceira vez e eu respondi-lhe que não. Já sabia bem as consequências que isso me ia provocar. Esse senhor batia-me, torturava-me para fazer amor com ele, porque eu não tinha vontade nenhuma. Eu corro risco de vida no meu país porque desobedeci à minha família“, revela Rokia.
.CNNI – Every 7 seconds, a young #girl becomes a #bride, #report says: https://t.co/7gZfoxhwCR #EveryLastGirl— Save the Children (save_children) 11 de outubro de 2016
Já Chimène conta-nos que tem “um filho de dois anos e três meses. Regressar a casa, para mim é complicado. O pai quer ficar com ele, eu não quero que isso aconteça. É o homem que me violou e que depois queria casar comigo“.
“Contem a alguém o que está a acontecer”
Chimène e Rokia mostram a cara o que, em si mesmo, comporta um grande risco. Mas salientam a importância de dar o testemunho abertamente para evitar que outras mulheres passem pelo mesmo pesadelo. Aliás, participaram numa peça de teatro em Liège, na Bélgica, sobre esta problemática.
A Bélgica foi um dos primeiros países a criminalizar o casamento forçado. No entanto, os poucos casos que vêm a público não correspondem à dimensão do fenómeno. Leila Slimani coordena uma plataforma dedicada a esta questão. “Há muito poucas vítimas que apresentam queixa ou que acreditam na Justiça. Não temos quase estatísticas nenhumas sobre casamentos forçados, nem crimes de honra. As pessoas têm medo de prejudicar a família, de mandar os pais para a prisão, de os arruinar financeiramente, de fazer dos irmãos órfãos“, considera.
The countries that still allow child marriage https://t.co/qJQWetJ5HN pic.twitter.com/H53mbxdEbJ— The Independent (@Independent) 15 de setembro de 2016
Em Bruxelas, fomos ao encontro de “Amina”, nome fictício. Há vinte anos, a sua família fez com que o imã da mesquita local organizasse o seu casamento com um desconhecido de Marrocos. Dessa forma, ele poderia vir viver para a Europa, uma vez que Amina tem a nacionalidade belga. Ela demorou oito anos para se conseguir divorciar.
“As marcas ficam. Isto não desaparece só porque ele foi embora. Ele contraiu várias dívidas. A casa estava em nome dele. Fui eu que fiquei a pagar os créditos. Acabei cercada de problemas. Não me voltei a casar. Para mim, um casamento é um casamento… Há gente que se casa duas, três vezes… Mas não é a mesma coisa“, diz-nos. E deixa um conselho: “Tenham a coragem de denunciar. Procurem ajuda… Não importa onde: pode ser uma amiga, uma v
“Quando o meu pai morreu, casaram-me com um amigo dele. Venderam-me a esse senhor porque ele tinha muito dinheiro, era produtor de diamantes. Eu tornei-me na terceira mulher dele. A primeira vez que sofri uma excisão ainda era muito pequena. A segunda vez foi quando tinha doze anos. Ele disse-me para fazê-lo uma terceira vez e eu respondi-lhe que não. Já sabia bem as consequências que isso me ia provocar. Esse senhor batia-me, torturava-me para fazer amor com ele, porque eu não tinha vontade nenhuma. Eu corro risco de vida no meu país porque desobedeci à minha família“, revela Rokia.
.CNNI – Every 7 seconds, a young #girl becomes a #bride, #report says: https://t.co/7gZfoxhwCR #EveryLastGirl— Save the Children (save_children) 11 de outubro de 2016
Já Chimène conta-nos que tem “um filho de dois anos e três meses. Regressar a casa, para mim é complicado. O pai quer ficar com ele, eu não quero que isso aconteça. É o homem que me violou e que depois queria casar comigo“.
“Contem a alguém o que está a acontecer”
Chimène e Rokia mostram a cara o que, em si mesmo, comporta um grande risco. Mas salientam a importância de dar o testemunho abertamente para evitar que outras mulheres passem pelo mesmo pesadelo. Aliás, participaram numa peça de teatro em Liège, na Bélgica, sobre esta problemática.
A Bélgica foi um dos primeiros países a criminalizar o casamento forçado. No entanto, os poucos casos que vêm a público não correspondem à dimensão do fenómeno. Leila Slimani coordena uma plataforma dedicada a esta questão. “Há muito poucas vítimas que apresentam queixa ou que acreditam na Justiça. Não temos quase estatísticas nenhumas sobre casamentos forçados, nem crimes de honra. As pessoas têm medo de prejudicar a família, de mandar os pais para a prisão, de os arruinar financeiramente, de fazer dos irmãos órfãos“, considera.
The countries that still allow child marriage https://t.co/qJQWetJ5HN pic.twitter.com/H53mbxdEbJ— The Independent (@Independent) 15 de setembro de 2016
Em Bruxelas, fomos ao encontro de “Amina”, nome fictício. Há vinte anos, a sua família fez com que o imã da mesquita local organizasse o seu casamento com um desconhecido de Marrocos. Dessa forma, ele poderia vir viver para a Europa, uma vez que Amina tem a nacionalidade belga. Ela demorou oito anos para se conseguir divorciar.
“As marcas ficam. Isto não desaparece só porque ele foi embora. Ele contraiu várias dívidas. A casa estava em nome dele. Fui eu que fiquei a pagar os créditos. Acabei cercada de problemas. Não me voltei a casar. Para mim, um casamento é um casamento… Há gente que se casa duas, três vezes… Mas não é a mesma coisa“, diz-nos. E deixa um conselho: “Tenham a coragem de denunciar. Procurem ajuda… Não importa onde: pode ser uma amiga, uma v
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