Presidente italiano ouvido como testemunha em processo que investiga alegado pacto entre Estado e máfia siciliana

  • há 10 anos
O presidente italiano foi ouvido, como testemunha, no âmbito de um processo em curso para perceber se o Estado esteve ou não envolvido em alegadas negociações com a máfia siciliana na década de 90.

Giorgio Napolitano depôs esta terça-feira em Roma, à porta fechada. O Tribunal de Palermo, na Sicília, aceitou o pedido do Procurador para chamar a depor o chefe de Estado. De acordo com os advogados presentes no interrogatório, Napolitano respondeu a todas as questões colocadas e disse que não sabia de qualquer acordo entre as partes implicadas.

Na origem do pedido de testemunho está a divulgação de conversas entre Napolitano e um dos acusados, o ex-ministro do Interior Nicola Mancino, bem como com Loris D’Ambrosio, assessor jurídico, que entretanto morreu.

De acordo com a acusação, as alegadas negociações secretas entre a máfia siciliana e o Estado italiano começaram depois do assassinato do deputado Salvo Lima, em 1992. Intensificaram-se com os assassinatos dos juízes antimáfia Giovanni Falcone e Paolo Borsellino, nos meses seguintes.

Esta terça-feira, o chefe de Estado italiano respondeu também a perguntas dos advogados de defesa do ex-chefe da Cosa Nostra Salvatore “Totò” Riina, preso desde 1993, na época de vários atentados mafiosos no país.

“Riina queria liderar um ataque contra o Estado para forçar um acordo. Este é o ponto central da investigação dos juízes de Palermo, porque Riina ameaçou o Estado e de acordo com o Procurador de Palermo existiam elementos de instituições que fizeram chegar a mensagem de Riina ao Estado italiano”, explica Salvo Palazzolo, jornalista e escritor.

A justiça de Palermo investiga se, após diversos ataques à bomba, o Estado fez um acordo para a Cosa Nostra parar com o terrorismo, aliviando em troca as penas de criminosos detidos.

Sabrina Pisu, Euronews: “O Tribunal de Palermo aceitou o depoimento de Giorgio Napolitano. Um caso sem precedentes não só porque envolve o testemunho de um chefe de Estado pela primeira vez, mas também por causa da natureza do mesmo e dos alegados crimes envolvidos. Os jornalistas não entraram no Palácio Presidencial e será preciso esperar mais tempo para conhecer o conteúdo das declarações.”

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